A Câmara Municipal de Sorriso (420 km ao Norte de Cuiabá) aprovou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a suspeita de pagamento de propina pelo Executivo. Em áudio divulgado no site YouTube, o vereador Gerson Frâncio (PSB), o Jaburu, reivindica R$ 400 mil para aprovar as contas do prefeito Chicão Bedin (PMDB), referentes a 2009.
O parlamentar ainda sugere R$ 20 mil em propina para cada vereador manter um final de ano "mais gordo". Do diálogo, ainda participam o vereador Chagas Abrantes (PR) e o secretário de Esportes, Santinho Salerno.
Apesar da disposição do Legislativo em investigar, ainda pesa a suspeita do envolvimento de mais três vereadores, o que pode atrapalhar o andamento das investigações. Isso porque qualquer entidade poderia protocolar, na Mesa Diretora, um requerimento para arquivar as investigações, pela falta de imparcialidade.
Por conta disso, a escolha do presidente, vice-presidente e relator da CPI foi adiada. Dos 10 parlamentares do município, oito são oposicionistas à gestão do prefeito Chicão Bedin (PMDB).
Nos bastidores, se comenta até sobre a possibilidade de o relatório pedir a cassação do prefeito, que tem dito ser o responsável em encaminhar as denúncias ao Ministério Público Estadual (MPE), após ser alvo de supostas chantagens.
Porém, o presidente da Câmara Municipal, vereador Luiz Fábio Marchioro (PDT), assegurou que a investigação irá ocorrer, alegando que só há suspeitas e nada confirmado em relação à participação de outros parlamentares.
"Nós temos uma denúncia envolvendo dois vereadores e um secretário, numa conversa que aparenta ser comprometedora. Não há confirmação em relação a outros vereadores. Até o momento, tudo não passa de especulação, mas não será impeditivo para iniciar os trabalhos da CPI", afirmou Marchioro, em entrevista ao Midianews.
A suspeita de corrupção é investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE). Um inquérito é conduzido pelo promotor Carlos Roberto Zarour Cesar, que adotou tal procedimento após receber as gravações.
O conteúdo de áudio e vídeo revelando corrupção tem travado uma forte queda-de-braço e troca de acusações envolvendo vereadores, secretários e o próprio prefeito.
Enquanto aliados de Chicão Bedin insistem em dizer que foram chantageados pelos parlamentares, pelo montante que atingiria até R$ 1 milhão, os vereadores afirmam que o suborno partiu do Executivo.