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29.10.2025 | 10h30 Tamanho do texto A- A+

Castro diz que Governo Federal recusou ajuda: "Tivemos 3 pedidos negados"

Operação no Alemão e na Penha é a maior já feita no Rio desde 2010; 128 pessoas foram mortas

Rafael Wallace/SecomRJ

O governador Cláudio Castro, que criticou o Governo Federal

O governador Cláudio Castro, que criticou o Governo Federal

HENRIQUE COELHO E CRISTINA BOECKEL
DO G1 RIO

O governador Cláudio Castro (PL) afirmou nesta terça-feira (28) que, anteriormente, o governo federal negou ajuda para operações policiais no RJ e que, por isso, o estado “estava sozinho” na ação desta manhã nos complexos do Alemão e da Penha. Ao menos 128 pessoas foram mortas em violentos tiroteios.

 

Tivemos pedidos negados 3 vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando

“Tivemos pedidos negados 3 vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”, reclamou Castro.

 

A Garantia da Lei e da Ordem (GLO) é uma operação prevista na Constituição que autoriza o uso das Forças Armadas em ações de segurança pública em situações excepcionais, quando há esgotamento das forças policiais estaduais. Nesses casos, Exército, Marinha e Aeronáutica passam a atuar com poder de polícia, de forma temporária e sob comando do presidente da República, para restabelecer a ordem e proteger pessoas e patrimônios.

 

A TV Globo teve acesso a ofícios enviados pelo governo estadual ao federal, em 28 de janeiro e que não foram atendidos (veja na imagem abaixo). Nos documentos, o governador e o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, pedem veículos blindados à Marinha e ao Exército.

 

O governador afirmou ainda que a operação desta terça “tem muito pouco a ver com segurança pública”, que a "guerra que está passando dos limites" e cobrou apoio do governo Lula.

 

"É uma operação de defesa. É um estado de defesa [...] não é mais só responsabilidade do estado. O estado está fazendo a sua parte, sim, mas quando se fala em exceder, exceder inclusive as nossas competências, já era para estar tendo um trabalho de integração muito maior com as Forças Federais, o que nesse momento não está acontecendo”.

 

No fim da tarde, o governador voltou a se pronunciar e disse que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, telefonou para ele e se colocou à disposição para ajudar.

 

 

"Ficamos de nos falar ao fim da noite para entender os passos de amanhã. Eu não acredito que segurança se faz politizando. Então, qualquer ajuda que o Governo Federal quiser dar dentro do que a gente necessita será bem-vinda. Hoje, a noite não tem fim aqui no Palácio Guanabara", afirmou Claudio Castro.

 

O que diz o governo federal

 

 

O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que mantém atuação no Rio de Janeiro desde outubro de 2023, por meio da Operação Nacional de Segurança Pública, que segue vigente até 16 de dezembro de 2025, com possibilidade de renovação.

 

 

Em nota, o ministério afirmou que tem atendido prontamente a todos os pedidos do governo do estado para o emprego da Força Nacional. Disse ainda que a Polícia Federal realizou 178 operações no Rio neste ano, sendo 24 delas voltadas ao combate ao tráfico de drogas e armas.

 

O texto destaca também que a Polícia Rodoviária Federal tem promovido ações contra roubos de cargas e de veículos nas rodovias federais. Segundo o ministério, o estado do Rio tem recebido recursos federais para investimento no sistema penitenciário e na segurança pública, além de doações de equipamentos.

 

A pasta listou uma série de acordos e parcerias de cooperação com o governo fluminense voltados ao enfrentamento do crime organizado, e reafirmou o compromisso do governo federal com o Rio de Janeiro na promoção da segurança pública por meio de apoio integrado (veja a íntegra no fim da reportagem).

 

'Maior da história'

 

 

Segundo Castro, a operação desta terça é “a maior da história do Rio de Janeiro”.

 

“Estamos sozinhos nessa luta hoje. É uma operação maior que a de 2010 e, infelizmente, desta vez, como ao longo deste mandato inteiro, não temos o auxílio de blindados nem agentes das forças federais de segurança e defesa.”

 

Por isso, segundo o governador, “não foram pedidas forças federais desta vez”. Castro negou que a cobrança seja pautada por uma briga política e afirma que é um pedido de ajuda.

 

“O Rio de Janeiro não produz essas armas, essas drogas, esse poder bélico está sendo financiado com lavagem de dinheiro. Tudo que o estado pode fazer está sendo feito”, destacou.

 

‘ADPF foi observada’

 

 

Castro afirmou que a ação cumpriu as regras da ADPF 635, que define regras para as ações em comunidades, e destacou que o Ministério Público acompanha o avanço das tropas.

 

“Todas as regras da ADPF foram cumpridas, inclusive com a participação do Ministério Público. Acabei de falar com o procurador-geral de Justiça, que está em Brasília, mas está acompanhando tudo”, afirmou o governador, referindo-se a Antonio José Campos Moreira.

 

Castro disse que os confrontos desta terça ocorreram, principalmente, em áreas de mata.

 

“Os confrontos estão acontecendo, e não vou dizer 100% porque pode ter acontecido um ou outro, mas majoritariamente em área de mata. Foi pensado para encurralá-los lá para que a população sentisse o mínimo possível”, disse o governador em coletiva de imprensa.

 

Segundo Castro, nos locais onde há vegetação a população sente menos os “efeitos colaterais” dos confrontos.

 

"As nossas forças de segurança que planejaram isso e, rapidamente, foram para áreas de mata onde a população não teria os efeitos colaterais, que apesar do nome, são as vidas das pessoas", afirmou.

 

Uma quantidade de drogas ainda não contabilizada também foi apreendida.

 

 

 

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