Deputado diz que secretário "encareceu" VLT em R$ 200 milhões

O deputado estadual Emanuel Pinheiro (PSDB) classificou como “patética” a apresentação feita na última terça-feira (26), pelo secretário Eduardo Chiletto, para apresentar à imprensa a primeira parte da consultoria realizada pela empresa KPMG sobre a obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Na ocasião, Chiletto afirmou que o Estado fez uma economia de mais de R$ 500 milhões ao não dar continuidade à obra do modal de transporte. Na visão de Pinheiro, no entanto, os números foram maquiados pelo secretário.

O deputado citou números apresentados pelo próprio Chiletto demonstrando que o custo contratado da obra é de R$ 1,4 bilhão, dos quais R$ 1,066 bilhão já foram pagos ao consórcio VLT Cuiabá – Várzea Grande.

Pinheiro lembrou ainda que, conforme a consultoria da KPMG, o valor a ser pago pelo Estado para a conclusão do modal é de R$ 602 milhões, totalizando R$ 1,6 bilhão.

Nas mãos dele, a obra ficou R$ 200 milhões mais cara. Acho que ele nem se deu conta disso, de tão desinformado, tão atrapalhado que é

“Ou seja: se subtrairmos o valor total para conclusão, menos o custo total, temos a diferença real de quase R$ 200 milhões. Isso o Chiletto não falou. Nas mãos dele, a obra ficou R$ 200 milhões mais cara. Acho que ele nem se deu conta disso, de tão desinformado e tão atrapalhado que é”, disse Pinheiro, durante coletiva realizada na tarde desta quarta-feira (27).

“Ontem, pelo que vi na imprensa, a apresentação dele foi hilária, para não dizer tragicômica. A apresentação do secretário Chiletto foi patética, tentando dar um golpe publicitário para induzir ao erro o governador Pedro Taques e a sociedade” completou o deputado.

Para Pinheiro, o secretário de Cidades mentiu ao afirmar que o Estado economizará mais de R$ 500 milhões, já que os valores requeridos pelo consórcio VLT sequer foram pagos.

“O que acho mais tragicômico é que, no passado, o Chiletto dizia que era um absurdo o custo do VLT, que era uma roubalheira. Agora, ele não só confirmou que o valor está certo, como ainda disse que vai colocar mais R$ 200 milhões”, disse.

“Ele encareceu a obra e ainda vem com essa falácia para iludir a sociedade, dizendo que economizou. Economizou em que, se nunca pagou? Há um pedido da empresa, o Estado paga se quiser”, afirmou Pinheiro.

Culpabilidade

Ainda durante a coletiva, Pinheiro ironizou um gráfico apresentado pela equipe do Governo e que aponta a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) como responsável por 68% dos motivos que resultaram no atraso das obras do VLT, enquanto que o Consórcio teria 32% da culpa.

Ele encareceu a obra e ainda vem com essa falácia para iludir a sociedade, dizendo que economizou. Economizou em que, se nunca pagou?

Segundo Pinheiro, 60% da culpa é do ex-governador Silval, 30% do consórcio e 10% do secretário Eduardo Chiletto.

“Esses são meus percentuais. O Silval, de fato, não planejou. Não tiro a razão de que ele é o maior responsável. Acredito que 30% é culpa do consórcio e 10% do Chiletto, pois foi nas mãos dele que a obra encareceu”.

“O Chiletto tem que entrar nessa conta. Durante o período em que ele ficou com esse abacaxi na mão, não só não fez nada como falou bobagem o tempo todo e encareceu a obra”, completou.

Pinheiro disse também que a obra do VLT deveria ser assumida pelo Gabinete do Governador, já que, segundo ele, a Secretaria de Cidades, tampouco Eduardo Chiletto, não dá conta de tocar o projeto.

Pressão

O deputado admitiu que faça pressão sobre o Governo do Estado no sentido de que a construção do modal seja retomada imediatamente, já que, segundo ele, a cada parada, a oba encarece cada vez mais.

“Não é retomada a qualquer custo. Custo é problema de governo, para isso ele foi eleito. Confiamos que o governador é honesto e vai zelar pelo patrimônio público, mas queremos a retomada. A cada dia que o Chiletto, fala, fala, fala, a obra fica mais cara. Até a próxima coletiva que ele der, quem sabe daqui um mês, estará ainda mais cara”.

“Não acho justo, um ano após a obra paralisada, ele não ter feito nada, a não ser dar entrevistas atrapalhadas e ter posturas patéticas a respeito de um assunto tão sério. Além de encarecer a obra, o secretário Chiletto quer aparecer, se passar por salvador da pátria”, disse Pinheiro.

“Secretários têm que trabalhar"

Emanuel Pinheiro afirmou ainda que a forma com que o secretário Chiletto age não deixa dúvidas de que tem “birra” com a gestão passada.

“A forma como o secretário se manifesta é de muito teatro, de show pirotécnico. Pelo que vi da entrevista, da postura, ele tem birra com governo passado. Trata um assunto tão importante de forma pejorativa, de forma mesquinha”.

Por fim, ele ainda “sugeriu” que Chiletto e o procurador-geral do Estado, Patryck Ayala, trabalhem para solucionar o impasse em torno da obra do VLT.

“Vá trabalhar Patrick, resolver a questão das desapropriações. ‘Bora’ colocar o Chiletto para trabalhar. Será que não estão vendo que, a cada mês, se encarece essa obra”, finalizou Pinheiro.

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