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TRANSPORTE
20.12.2019 | 11h55 Tamanho do texto A- A+

MPE pede que empresários e empresas devolvam R$ 322 milhões

Promotores argumentam que decreto que beneficiou setor foi editado mediante pagamento de propina

Arquivo/MidiaNews

O empresário Éder Augusto Pinheiro, um dos alvos da ação

O empresário Éder Augusto Pinheiro, um dos alvos da ação

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

O Ministério Público Estadual ingressou com uma ação por ato de improbidade administrativa contra 22 pessoas físicas e jurídicas pelos danos causados ao Estado em razão do atraso na licitação do transporte intermunicipal, mediante pagamento de propina, durante o governo Silval Barbosa.

 

Ao todo o MPE pede a devolução de cerca de R$ 322 milhões.

 

Entre os alvos estão Silval, os empresários do ramo de transporte Éder Augusto Pinheiro e Júlio César Sales Lima, além de 13 empresas de transporte intermunicipal e o sindicato que as representa.

Com efeito, os empresários que atuavam precariamente, para se manter na exploração irregular dos serviços, sob a coordenação do Setromat e mediante elevada quantia financeira, subornaram o chefe do Executivo

 

Em relação a Éder Augusto Pinheiro, Júlio Cesar Sales Lima, o ex-procurador do Estado Francisco de Lima Andrade Filho e o Setromat (Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros do Estado de Mato Grosso), o MPE pediu que eles devolvam aos cofres públicos o total de R$ 161.294.235,35.

 

O mesmo valor é pedido em relação às empresas Verde Transporte (R$ 75.144.009,60), Viação Sol Nascente (R$ 1.397.725,46), Viação Eldorado (R$ 28.738.955), Empresa de Transportes Andorinha (R$ 8.862.855,15), Expresso Rubi (R$ 18.308.623,73), Transportes Jaó (R$ 7.087.250,87), Viação São Luiz (R$ 597.075,83), Viação Xavante (R$ 13.986.227,57), Rápido Chapadense (R$ 2.435.993) e Orion Turismo (R$ 4.735.518,51).

 

O valor foi calculado pelo que as empresas - que atuavam com contrato precário - deixaram de arrecadar em impostos estaduais e taxas no período em que atuaram mesmo sem licitação.

 

O esquema começou a ser desvendado com a Operação Rota Final, desencadeada em junho do ano passado para investigar a ação de empresários do setor para atrapalhar a licitação no transporte intermunicipal.

 

Segundo os promotores Ezequiel Borges e Arnaldo Justino da Silva - que assinam a ação -, a organização era integrada por empresários do segmento e agentes públicos lotados em diversos órgãos e setores da administração pública, estrategicamente posicionados para garantir a obtenção dos interesses do grupo.

 

Em um dos anexos de sua delação premiada, o ex-governador Silval Barbosa confessou que recebeu propina para editar um decreto, em 2014, que na prática inviabilizava a licitação do setor, que o Governo do Estado havia se comprometido a realizar ao assinar termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual.

 

Segundo o MPE, o decreto “era espúrio, gestado nas entranhas do Poder Executivo e que na prática invalidaria todo procedimento licitatório que havia sido realizado para regularizar o sistema de transporte coletivo intermunicipal de passageiros no território mato-grossense”.

 

“Com efeito, os empresários que atuavam precariamente, para se manter na exploração irregular dos serviços, sob a coordenação do Setromat e mediante elevada quantia financeira, subornaram o chefe do Executivo Estadual para que o referido ato normativo fosse editado”, consta na ação.

 

Ainda conforme o MPE, o decreto 2.499/2014,  embora tivesse como justificativa autorizar a delegação dos serviços por licitação, na prática prorrogava dezenas de contratos antigos até o dia 31 de dezembro de 2031.

Arquivo

Arnaldo Justino Promotor MPE-MT

O promotor de Justiça Arnaldo Justino da Silva

 

“Dessa forma, ressai evidente que ao invés de dar continuidade à implementação do TAC firmado em 2007, às decisões judiciais proferidas nas ações civis públicas propostas em 1999 e concluir a Concorrência Pública nº 01/2013, o então Chefe do Poder Executivo, esmerando-se no desvio e abuso de poder, editou o Decreto nº 2.499/2014 com cognoscível propósito de favorecer as empresas precárias atuantes no segmento, prorrogando concessões da antiga divisão do sistema de transporte por linhas e ignorando solenemente tudo o que já havia sido realizado”, diz trecho da ação.

 

Ainda conforme as investigações, o empresário Éder Augusto Pinheiro, que é proprietário de empresas que integram o Grupo Verde e que sempre se apôs à licitação, teria ficado responsável pelo pagamento de R$ 6 milhões de propina em troca do decreto. Essa negociação teria envolvido Júlio Cesar de Lima, que era presidente do Setromat, e o ex-procurador Francisco Gomes de Andrade Lima Filho.

 

Parte deste dinheiro - R$ 992.961,43 – teria sido transferida para a esposa de Chico Lima e o filho de Chico Lima, que também são alvos da ação.

 

Veja abaixo tabela de quanto cada empresa poderá ter que devolver aos cofres públicos:

 

EMPRESA

PGE/SEFAZ

(até março de 2018)

AGER

AGER

(após março de 2018)

CERTIDÃO NEGATIVA

Verde Transportes Ltda

R$ 74.484.153,55

R$ 4.724.457,59

R$ 659.856,62

Indisponível

Empresa Colibri de Transportes

-

-

-

Indisponível

Viação Sol Nascente Ltda

R$ 1.282.591,30

R$ 612.238,87

R$ 115.134,16

Indisponível

Viação Eldorado Ltda

R$ 28.651.190,74

R$ 2.914.075,21

R$ 87.764,32

Indisponível

Empresa de Transportes Andorinha

R$ 8.862.855,15

-

-

Certidão positiva com efeitos negativos

Expresso Rubi Ltda

R$ 18.308.623,73

-

-

Indisponível

Barratur Transporte e Turismo Ltda

-

-

-

Indisponível

Viação São Luiz Ltda

R$ 597.075,83

-

-

Indisponível

Viação Xavante Ltda

R$ 13.838.792,69

R$ 778.037,06

R$ 147.434,88

Indisponível

Rápido Chapadense Viação Ltda

R$ 2.330.143,69

R$ 1.762.411,41

R$ 105.849,31

Indisponível

Viação Nagib Saad Ltda

-

-

-

Indisponível

Orion Turismo Ltda

R$ 4.735.518,51

R$ 693.915,32

-

Indisponível

Transportes Jaó Ltda

R$ 7.087.250,87

-

-

Indisponível

 

 

 

 

Total do Débito

TOTAIS (geral)

R$ 160.178.196,06

R$ 11.485.135,46

 

R$ 171.663.331,52

TOTAL (PGE/SEFAZ até 03/2018 + AGER após 03/2018)

R$ 160.178.196,06

 

R$ 1.116.039,29

R$ 161.294.235,35

 

 

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Air Francisco Costa  20.12.19 13h58
O MPE precisa investigar o transporte público municipal de Cuiabá, o preço da passagem é alto e os carros são velhos, maquiados como novos. Tem carro de 2007, trafegando, sem as condições de segurança. Vão esperar acontecer um acidente para tomar providências?
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