O ex-secretário de Estado de Infraestrutura, Luiz Antônio Pagot, admitiu ter sido procurado por executivos da Odebrecht, em 2004, para tratar de pagamentos de valores devidos pelo Estado à construtora.
No entanto, ele negou ter sido interlocutor de qualquer tipo de negociata envolvendo suposto pagamento de propina de R$ 12 milhões ao então governador Blairo Maggi (PP).
Pagot foi citado na acusação do Ministério Público Federal (MPF), assinada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como intermediador da negociação que teria resultado no pagamento de propina para a campanha de reeleição de Maggi ao Governo.
No pedido de abertura de inquérito, Janot afirmou que as acusações contra Blairo, Pagot e contra o também ex-secretário Eder Moraes foram reveladas em termos de delação premiada de dois investigados na operação Lava Jato: João Antônio Pacífico Ferreira, diretor superintendente para as Áreas Norte, Nordeste e Centro Oeste da Odebrecht, e Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, diretor de contratos da construtora.

“Tenho muitas dívidas em relação a essas declarações (delatores da Odebrecht), mas recebi um áudio que foi até veiculado na Rede Globo, na Revista Veja, um áudio completo com as declarações dos dois delatores e eles mesmo em suas delações dizem que não trataram esse assunto comigo, muito menos com o governador”, afirmou Pagot.
“Fui citado como interlocutor pelo procurador Rodrigo Janot num assunto que não me diz respeito. A única vez que esse pessoal (da Odebrecht) esteve reunido comigo foi em 2004. Eles vieram cobrar um valor que o Estado devia a eles”, disse o ex-secretário.
As declarações foram dadas em entrevista à Rádio Capital, na manhã desta segunda-feira (17).
Na ocasião, Pagot lembrou que a Odebrecht detinha créditos a receber do governo de Mato Grosso, mas afirmou que o Executivo não concordava com os valores cobrados pela empreiteira.
Ele, no entanto, disse não se recordar do montante cobrado pela empreiteira.
“Em 2003 assumi a Secretaria de Infraestrutura, fizemos uma rigorosa auditoria na pasta para ver o que era passivo não contabilizado, o que era conta já contabilizada de maneira irregular. Uma dessas contas irregulares estava exatamente a conta da Odebrecht”, afirmou.
“Tudo isso foi encaminhado a Procuradoria-Geral do Estado, o corregedor à época que era o Ciro Pinheiro, junto com os técnicos da secretaria preencheram os relatórios e tudo foi encaminhado a PGE, posteriormente, ao Ministério Público do Estado. Então, quando em 2004, os representantes da Odebrecht vieram me procurar com interesse de cobrar essa conta eu disse: olha, esse assunto não pertence mais a secretaria de Infraestrutura, vocês tem que procurar a PGE e nunca mais tratei desse assunto”, disse o ex-secretário.
Propina para campanha
Ainda durante a entrevista, Pagot afirmou que foi coordenador das duas campanhas de Blairo Maggi ao Governo e negou qualquer recebimento de valores da Odebrecht via “Caixa 2”.

Conforme declaração dos delatores, o montante de R$ 12 milhões teria sido cobrado por Eder Moraes. Aos delatores, Eder teria dito que Blairo tinha conhecimento do pedido.
Pagot, por sua vez, disse que Eder sequer atuava na coordenação de campanha de Maggi.
“Esse dinheiro não veio pra campanha. Nas contas de campanha não apareceu nenhum desses valores. Nossa prestação de contas foi aprovada. Não me recordo de nada disso. Eu particularmente não tratei absolutamente nada deste assunto”, afirmou.
“Esse cidadão que você esta citando [Eder Moraes] nunca fez parte da campanha do Blairo, em momento nenhum. Tínhamos um comitê, eram várias pessoas e exatamente essa pessoa que você citou nunca fez parte do nosso comitê de campanha e também não era interlocutor da campanha. Tudo vai se esclarecer devidamente nos próximos dois, três meses, assim que a investigação for aberta. Isso eu tenho confiança”, concluiu o ex-secretário.
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