Cuiabá, Sábado, 16 de Agosto de 2025
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16.08.2025 | 15h56 Tamanho do texto A- A+

Para 35%, culpa do tarifaço é de Lula; 22%, de Bolsonaro

O Datafolha realizou 2.002 entrevistas em 113 municípios entre os dias 11 e 12 de agosto

Divulgação

O presidente Lula

O presidente Lula

RICARDO DELLA COLETTA
DA FOLHAPRESS

Apesar dos esforços do governo para associar o tarifaço de Donald Trump à atuação da família Bolsonaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é visto como o principal culpado pela sobretaxa aplicada ao Brasil por 35% dos entrevistados na última pesquisa Datafolha.

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (22%) e seu filho Eduardo Bolsonaro (17%), que está nos EUA e faz lobby no governo Trump pelo endurecimento das medidas punitivas contra o Brasil, são o segundo e terceiro mais citados como principais responsáveis, respectivamente. Juntos, somam 39%.

 

Na pesquisa Datafolha, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes é visto como principal culpado pelo tarifaço por 15% dos entrevistados.

 

Não sabem responder 7%, enquanto para 3% nenhuma das figuras listadas é responsável. Já 1% diz que todos --Lula, Bolsonaro, Eduardo e Moraes-- são culpados.

 

O Datafolha realizou 2.002 entrevistas em 113 municípios entre os dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, num nível de confiança de 95%.

 

O Brasil entrou na mira de Trump com a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre uma gama de produtos e por meio de sanções diretas a autoridades, entre elas o ministro do Supremo e, mais recentemente, técnicos que trabalharam na formulação do programa Mais Médicos.

 

A lista de queixas do republicano vai de uma suposta "caça às bruxas" contra Bolsonaro no julgamento por tentativa de golpe de Estado, passa pelos esforços de regulamentação das plataformas digitais e alcança um alegado tratamento injusto dado pelo Brasil a exportadores americanos.

 

Desde que Trump começou sua ofensiva contra o Brasil, Lula e outras autoridades no governo atribuem o tarifaço à ação, junto às autoridades americanas, de Eduardo e à defesa que Bolsonaro faz do republicano.

 

Ministros e o presidente também trabalham para associar a família Bolsonaro e a oposição aos danos econômicos decorrentes do bloqueio do mercado americano.

Em julho, Lula realizou um discurso no qual tratou Bolsonaro e Eduardo como "traidores da pátria".

 

"Ele [Bolsonaro] agora tem que ser tratado por nós como os traidores do século 20 e do século 21 da história desse país", disse na ocasião.

 

"Ele que tenha vergonha, se esconda da sua covardia e deixe esse país viver em paz. Porque eles não tiveram nenhuma preocupação com os prejuízos que essa taxação vai trazer ao povo brasileiro, que vai trazer à indústria, a agricultura, aos serviços, ao salário do povo, nenhuma preocupação".

 

Quando Trump incluiu Moraes na Lei Magnitsky, Lula declarou que as sanções contra o magistrado eram motivadas pela "ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses" --em outra referência a Bolsonaro e Eduardo.

 

Por outro lado, a oposição tem colocado o tarifaço na conta do que consideram falhas diplomáticas de Lula --que na campanha americana apoiou a adversária de Trump, Kamala Harris-- e nas decisões de Moraes contra bolsonaristas.

 

O Datafolha também mostrou que, na hora de apontar o culpado, a resposta sofre forte variação de acordo com o voto dado pelo entrevistado na eleição de 2022.

 

Entre os que votaram em Lula, o índice dos que veem o petista como principal responsável cai para 11%. Dentro desse público, 38% indicam Bolsonaro como culpado e 35%, Eduardo.

 

A pesquisa revela ainda que 40% dos consultados opinam que, após a decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro, Trump irá tomar novas medidas que prejudicarão mais ainda a economia brasileira.

 

Já 28% apostam que o republicano não se importará com a prisão de Bolsonaro e aceitará negociar medidas que prejudiquem menos a economia. Um quinto dos entrevistados avalia que as medidas serão mantidas, sem modificações que ampliem ou reduzam os impactos econômicos. Por fim, 12% não sabem responder.

 

Os EUA deram prosseguimento a críticas e a medidas punitivas contra o Brasil após a decretação da prisão. A suspensão dos vistos dos funcionários que atuaram no Mais Médicos, por exemplo, ocorreu na quarta-feira (13).

 

Dias depois da ordem de detenção domiciliar, o vice-secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, disse que Moraes era responsável por destruir a relação dos EUA com o Brasil.

 

E, no exemplo mais recente, o próprio Trump afirmou que o Brasil promove uma execução política de Bolsonaro.

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