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GRAMPOS
04.10.2017 | 10h32 Tamanho do texto A- A+

PM que denunciou esquema pede benefício da delação premiada

Ideia é conseguir atenuação da pena ou absolvição, caso o MPE o acuse por algum delito

MidiaNews/Reprodução

O tenente-coronel Soares, que requereu benefícios de delação premiada

O tenente-coronel Soares, que requereu benefícios de delação premiada

CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO

A defesa do tenente-coronel José Henrique Costa Soares requereu à Polícia Civil a elaboração de um acordo de delação premiada em razão de ele ter revelado o esquema desbaratado na Operação Esdras, deflagrada na última semana.

 

O coronel deu detalhes de uma tratativa que tinha, inclusive, a suposta participação de secretários de Governo, para conseguir o afastamento do desembargador Orlando Perri das investigações relativas ao esquema dos grampos ilegais. Soares chegou a entregar à polícia sua farda na qual foi acoplada uma câmera para gravar uma conversa com Perri.

 

O documento, assinado pelo advogado Domingos Sávio Ferreira da Costa, foi encaminhado aos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Henrique Stringueta, no último dia 16.

 

Na prática, a intenção da defesa é atenuar uma eventual pena ou mesmo conseguir a absolvição do coronel, caso ele venha a ser denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) pela prática de algum delito.

 

Para que o Requerente possa colaborar amplamente com a elucidação dos fatos aqui narrados, ele requer a Vossa Senhoria, à realização de acordo de colaboração premiada

No pedido, o advogado Domingos Sávio lembra que Soares era o escrivão responsável pelo inquérito policial militar (IPM), realizado no âmbito da Corregedoria da PM-MT, e que visa à apuração da chamada “grampolândia”.

 

Segundo a defesa, em razão de estar exercendo tal função, Soares passou a sofrer ameaças que o obrigaram a praticar, em tese, ilícitos que objetivavam beneficiar as pessoas envolvidas no esquema.

 

“Diante disso, o Requerente deseja revelar perante a autoridade policial, a identificação das pessoas que praticaram a extorsão contra si, as infrações penais por eles perpetradas, todos os atos a que foi compelido fazer, enfim, colaborar eficazmente na identificação dos autores, dos crimes que fizeram e dos objetivos ilícitos que almejavam, de sorte a coibir os delitos praticados e prevenir que outras infrações penais possam vir a ocorrer”, diz trecho do pedido.

 

“Para que o Requerente possa colaborar amplamente com a elucidação dos fatos aqui narrados, ele requer a Vossa Senhoria, nos termos do art. 4º, § 2º, da Lei nº 12850/2013, à realização de acordo de colaboração premiada”, completa o requerimento.

 

Segundo a defesa, os delegados que investigam o esquema remeteram o pedido ao Tribunal de Justiça, para apreciação.

 

Veja fac-símile de trecho do documento:

 

 

Câmera espiã

 

Na farda que foi entregue por Soares à Polícia Civil, estava acoplada uma pequena câmera de vídeo, também conhecida com câmera espiã. A ideia era capturar imagens de Perri para usá-las, ainda que fora do contexto, como forma de conseguir o afastamento do desembargador das investigações. 

 

Segundo Soares afirmou à delegada Ana Cristina Feldner, responsável pelas investigações, o coronel Evandro Lesco e a sua esposa, a personal Helem Cristy, o orientaram a fazer as gravações.

  

"Lesco e a esposa diziam claramente que queriam que eu gravasse qualquer parte de uma conversa, que pudesse comprometer o desembargador. Diziam que Perri estava atrapalhando o grupo. Eles insistiam que queriam desacreditar a pessoa do desembargador, que queriam qualquer tipo de expressão que eventualmente Perri falasse", revelou Soares.

 

Leia mais sobre o assunto:

 

Vídeo mostra câmera instalada em farda para gravar Perri; veja

 

 

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