Cuiabá, Quarta-Feira, 17 de Dezembro de 2025
Reprodução/TVGLOBO
A Justiça do Trabalho condenou a Rede Globo a pagar uma indenização de R$ 220 mil por danos morais ao produtor Renato Moreira de Lima, que atuou no "Domingão do Faustão".
Na ação, o produtor reclamou que, durante anos, foi alvo de "chacotas" feitas ao vivo pelo apresentador Fausto Silva. A Globo ainda pode recorrer.
Na ação, o advogado Vitor Kupper, que representa Lima, disse que "o apresentador, por anos a fio, praticou incontáveis e diuturnas chacotas com o reclamante [o produtor], em rede nacional, fazendo piadas absolutamente impertinentes". Segundo Kupper, Renato foi "exposto ao ridículo e teve de aguentar comentários desrespeitosos".
Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).
Ele afirmou à Justiça que o produtor nunca autorizou o uso de sua imagem no programa.
O produtor declarou no processo que Faustão fazia insinuações quanto ao seu físico, comportamento, profissionalismo e até mesmo sobre a sua vida pessoal.
Ele citou uma ocasião em que, durante uma participação do cantor Gabriel, O Pensador, o apresentador disse que a música "Rap do Feio" havia sido feita em sua homenagem.
"Ele [Renato] pensava em ser galã de Malhação, não conseguiu e acabou no Domingão", disse Fausto Silva à época.
Em outro programa, de acordo com a ação judicial, o produtor teria sido obrigado a colocar uma bexiga em sua região genital para ser estourada por um malabarista com uma bicicleta.
"Uma situação, no mínimo, constrangedora", afirmou.
A Globo se defendeu no processo declarando que o produtor nunca fez qualquer queixa contra Fausto Silva.
"Pelo contrário, além de frequentar a casa do apresentador e com ele manter laços de amizade, sempre fez questão de destacar que gostava do clima divertido e descontraído existente durante a produção do programa", falou à Justiça.
A emissora disse que não houve assédio moral, ressaltando que Renato pediu demissão para trabalhar com Fausto Silva na rede Bandeirantes, no "Faustão na Band".
"Ele sempre foi considerado como um dos 'fiéis guardiões' e até mesmo como 'queridinho' do sr. Fausto Silva, como já declarado publicamente pelo apresentador."
Segundo a Globo, o produtor alterou a verdade dos fatos na ação judicial. Disse que sua imagem nunca foi explorada comercialmente e que suas participações sempre foram espontâneas em diversas brincadeiras e quadros exibidos no "Domingão do Faustão".
A emissora afirmou que ação foi aberta com "má-fé" pelo produtor com o objetivo de se "locupletar ilicitamente".
A juíza Tarsila Dantas, da 63ª Vara do Rio de Janeiro, não concordou com a argumentação da Globo.
Ao condenar a emissora, disse que ficou provada a conduta abusiva, uma vez que Renato era "frequentemente alvo de interações e brincadeiras por parte do apresentador".
"O fato de haver proximidade ou amizade fora do ambiente laboral não concede salvo-conduto para que, no exercício da função, o superior hierárquico ou o apresentador principal do programa exponha o subordinado, tecendo comentários sobre a aparência física ("Rap do Feio"), vida pessoal ou com piadas de cunho depreciativo", disse na sentença.
Além da indenização por dano moral de R$ 220 mil, a Globo terá de pagar valores referentes a horas extras e outros direitos trabalhistas.
|
0 Comentário(s).
|
  |
