Há uma lenda que diz que um elefante, quando fica velho demais, se afasta da manada para morrer, evitando prejudicar os outros. Isto não é verdade. Os elefantes são nômades e vivem mudando de local para buscar alimento. Quando um elefante não consegue mais acompanhar a manada, é deixado para trás, e, consequentemente, acaba morrendo. (http://www.obomprogramador.com/2012/01/elefantes-custam-morrer.html?m=1).
O certo é que a lenda tem um fundo de verdade, pois os elefantes velhos acabam abandonados. Estudos recentes têm demonstrado que os elefantes têm um comportamento parecido com a espécie humana na concepção, criação e encaminhamento dos filhos. E um traço comum é, com as devidas ressalvas: o abandono dos velhos.
Um dos meus leitores, a propósito de um artigo recente sobre os percalços da aposentadoria, afirmou que eu deveria escrever um livro sobre o assunto. Não me vejo qualificado para tanto. Até por que se lê muito pouco e quando se trata de livros este fosso aumenta. Descobri que o alcance dos meus artigos semanais tem mais utilidade, por que atinge o maior número de pessoas.
Depois do aludido artigo passei a observar mais as pessoas mais velhas. Nas caminhadas que faço encontro sempre pessoas. Uma delas me afirmou que estava isolada por 03 longos meses sem sair de casa.
Outro me disse que estava há 03 dias sem pôr a cara fora casa. E que sentia falta dos amigos com os quais se reunia sempre, mas alguns morreram e outros tinham desaparecido.
Encontrei também, com uma viúva – cuja face denunciava o seu estado - que não aguentava mais a solidão depois que o seu marido tinha morrido e os seus filhos tinham a vida deles independente da sua. Um famoso articulista encerrou o ofício e encontra-se preso em casa, sob os auspícios de uma depressão que vai e volta sem avisar. Um outro me reclamou da forma grosseira de uma sobrinha com quem mora.
Estes são apenas alguns casos de uma infinidade de órfãos de uma sociedade que não tem um lugar para os velhos. Isolados e abandonados estão eles com os elefantes velhos que a manada deixou para trás.
Seria esta uma contingência inafastável da espécie ou fruto de uma sociedade que abandonou o que há nela melhor: a experiência?
Se lhe dá prazer
A vida segue em frente
O que se há de fazer
Só peço a você
Um favor, se puder
Não me esqueça
Num canto qualquer
( O Caderno – Toquinho).
Renato Gomes Nery é advogado.
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Meu Pai Roberto Flávio Abbott de Castro Pinto estava tratando de um câncer terminal, então parei quase todas minhas atividades para cuidar do meu Pai,pois o mesmo cuidou de toda minha vida. Foram momentos difíceis pela doença,mas reconfortantes pelo convívio diário com meu Pai. Segundo Cecilia Sfalsín"Passam-se os anos e o que fica são as marcas de um tempo vivido,sentido e vencido". Tenho muitas saudades do meu Pai,mas a felicidade que lutamos juntos.
enviada por: Marco Antônio de Castro Pinto Data: 03/12/2020 14:02:14