Cuiabá, Domingo, 14 de Dezembro de 2025
FALSIFICAÇÃO DE OBRAS; VÍDEOS
14.12.2025 | 11h12 Tamanho do texto A- A+

Caso Irigaray acende alerta: “É imprescindível saber a origem”

Perita Viviene Lozi fala sobre cuidados na compra de acervo e métodos de autenticação

Victor Ostetti/MidiaNews

Museóloga e perita, Vivien Lozi, que abordou mercado da arte em MT

Museóloga e perita, Vivien Lozi, que abordou mercado da arte em MT

ANDRELINA BRAZ
DA REDAÇÃO

De Salvador Dalí a Tarsila do Amaral, de Pablo Picasso a Anita Malfatti, a falsificação de obras de arte atinge artistas de diferentes movimentos e regiões do mundo.

 

Hoje, a maior demanda por laudos em Mato Grosso está relacionada à autenticação

Em entrevista ao MidiaNews, a museóloga, pesquisadora e especialista em perícia e análise de obras de arte Viviene Lozi, afirmou que a autenticação profissional é essencial para proteger tanto as obras quanto o próprio mercado artístico.

 

“No mercado de arte, temos observado com frequência esse problema, não apenas no Brasil, mas também internacionalmente, com diversos casos de falsificação”, afirmou a especialista.

 

Um exemplo recente envolve o artista mato-grossense Clóvis Irigaray, que teve obras falsificadas, episódio que acendeu um alerta entre colecionadores e apreciadores de arte.

 

Referência de Irigaray

 

Reconhecido como embaixador das artes pela Academia Francesa de Artes, Letras e Cultura em 2013, Irigaray revolucionou a produção artística em Mato Grosso e ganhou projeção internacional ao abordar temas como religiosidade e causas indígenas em suas obras.

 

Com o reconhecimento fora do país, ele e outros artistas mato-grossenses, como Adir Sodré e Humberto Espíndola, têm suas obras frequentemente submetidas a análises técnicas e laudos elaborados por peritos especializados. 

 

 

 

Segundo Viviene Lozi, a maior parte das solicitações envolve a autenticação das obras e a precificação para revenda no mercado de arte.

 

“Hoje, a maior demanda por laudos em Mato Grosso está relacionada à autenticação, para confirmar se a obra é verdadeira ou falsa. O outro tipo é o laudo de valoração, que é mais simples, mas igualmente importante, pois estima o valor de mercado da obra”, explicou. 

 

Outro aspecto fundamental do trabalho pericial é a pesquisa grafotécnica, que analisa assinaturas e datação. “Realizamos essas análises para verificar se a assinatura pertence, de fato, ao artista em questão”, relatou Lozi.

 

Devido à complexidade do processo, cujo custo pode variar entre R$ 18 mil e R$ 25 mil, apenas profissionais especializados estão habilitados a realizar perícias e emitir laudos de conservação e autenticidade de obras de arte.

 

Cuidados ao adquirir uma obra

 

 

 

Ao adquirir uma obra de arte, é fundamental saber de onde ela veio

Com cerca de 20 anos de experiência e acesso a um banco de dados com mais de 50 mil artistas, Lozi já se deparou diversas vezes com obras falsas que confirmam a prática da falsificação artística.

 

Para evitar a aquisição de obras falsas, ela alertou sobre a importância de conhecer a procedência da obra.

 

“Ao adquirir uma obra de arte, é fundamental saber de onde ela veio. Se é antiga, do século XVIII ou XIX, geralmente deve ser comprada de uma galeria certificada. Se veio de um colecionador, é preciso entender como ele a adquiriu". 

 

“No caso dos nossos artistas mato-grossenses contemporâneos, a atenção principal deve ser à datação da obra. Se o artista ainda produz ou já faleceu, é importante saber até quando ele produziu, qual foi o ano de falecimento e a cronologia das obras. Isso ajuda a determinar a autenticidade”, acrescentou a especialista.

 

 

 

Casas e galerias

 

É imprescindível verificar toda a trajetória da obra, desde sua origem até quem está comercializando

Além dos cuidados na hora de adquirir uma obra de arte, Viviene Lozi alertou para a importância de espaços especializados, como galerias de arte e casas de leilões. Esses locais promovem a segurança das obras e contribuem para a movimentação econômica, gerando empregos e incentivando o mercado artístico.

 

“Esses espaços são extremamente importantes, porque fazem a oxigenação da comercialização e da venda de obras de arte. Automaticamente, geram toda uma cadeia produtiva das artes visuais”, explicou Lozi.

 

Para além dos espaços físicos, a modernização das formas de comercialização por meio das redes sociais exige atenção. O contato e a transparência nas negociações são fundamentais no momento de adquirir uma obra.

 

Com o contato direto com os artistas por plataformas como Instagram, WhatsApp ou sites de exposição e comercialização, Lozi orientou atenção redobrada.

 

“As obras podem ser negociadas de forma correta, seja por leilões, galerias ou pelas redes sociais dos próprios artistas. No entanto, quando se trata de artistas conhecidos e renomados, é imprescindível verificar toda a trajetória da obra, desde sua origem até quem está comercializando”, conclui.

 

 

 

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