Um ano após o primeiro desabamento, a Casa de Bem Bem, localizada na Rua Barão de Melgaço, no Centro de Cuiabá, sofre mais uma vez com as fortes chuvas que atingem a Capital.
Neste mês, a estrutura sofreu um novo desmoronamento em um dos anexos da casa. Uma nota técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) encaminhada para o Ministério Público Estadual apontou o desmoronamento.
Diante desse novo fato, a Prefeitura de Cuiabá emitiu uma nota na quarta-feira (5) afirmando que vai contratar, em caráter emergencial, uma empresa para fazer a restauração.
A reportagem foi até o local e verificou que a situação da fachada é a mesma de um ano atrás, quando pelo menos dois cômodos da casa vieram abaixo. A placa de identificação de obra pública também foi ao chão.
O muro do lado direito que faz divisa com um estacionamento está completamente tombado e a única coisa que o segura são os escombros das outras paredes. Em alguns locais, apenas o tapume de madeira separa os terrenos.
Nos fundos, o mato toma conta do quintal. Até uma antena de TV por satélite foi encontrada jogada no terreno. Ao fundo, um contêiner e um banheiro químico dão suporte aos vigilantes que fazem a segurança do imóvel na parte da noite.
Casa de Bem Bem
A residência, que tem construção datada de meados de 1850, foi o lar de Constança Figueiredo Palma, conhecida como Dona Bem Bem. Figura ilustre da sociedade cuiabana, ela foi anfitriã de diversas festas nas décadas de 60 e 70, incluindo as festividades de São Benedito.
Cedida pela família Palma em 2012 ao Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), a casa seria transformada no Centro Cultural Nho Nho de Manduca – Casa de Bem Bem.
Em 2016, a revitalização entrou na lista de obras do PAC Cidades Históricas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A obra seria feita em parceria com a Prefeitura de Cuiabá. O custo estimado era de R$ 2.150.648,25 e seria executada pela empresa X Nova Fronteira Construções.
Logo depois do primeiro desabamento, quando foi procurada pela reportagem do MidiaNews, a SEC informou que não possuía mais responsabilidade sobre o imóvel pois o contrato de comodato tinha validade de 5 anos.
A “batata quente” da responsabilidade da obra transitou em diversos órgãos. A SEC comunicou que a revitalização ficou sob os cuidados do Iphan. Já o Instituto passou os encargos para a Prefeitura de Cuiabá.
Reprodução
Casa de Bem Bem desabou pela primeira vez em dezembro do ano passado
Abandono
Conforme já noticiado pelo site, quando o primeiro desabamento ocorreu, a casa estava abandonada e sofria com a ação do tempo. Em novembro de 2017, o telhado já não tinha boa parte da cobertura original e o lugar estava sujo e com muito mato.
Na época, a Prefeitura de Cuiabá emitiu uma nota informando que as obras no casarão histórico seriam retomadas.
Por conta de sua construção ser feita de adobe – principal material utilizado em casarões coloniais – as paredes absorvem muita água se não forem protegidas adequadamente.
A falta de cobertura no telhado e o período chuvoso característico dos meses de primavera na Capital fez com que o primeiro desabamento ocorresse em dezembro de 2017.
Naquele mesmo mês, Justiça Federal determinou a intervenção técnica da obra depois do pedido de Constança Palma Farias, uma das filhas de Dona Bem Bem e uma das integrantes da família que assinou o contrato de concessão do imóvel há seis anos.
As únicas ações que foram feitas na época foram a colocação de uma lona preta acima do telhado – que não foi eficiente para proteger a estrutura da água da chuva – e uma estrutura de madeira para escorar as paredes que ainda estavam de pé, depois que as primeiras caíram.
TAC
Em março de 2018 o Ministério Público Estadual (MPE) instaurou uma investigação que apurou problemas no processo de restauração da casa, que é tombada como patrimônio histórico nacional.
Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado pelo Iphan e pela Prefeitura e, neste meio tempo, uma cobertura metálica temporária foi colocada para evitar que as chuvas atingissem a casa.
Entre os itens do TAC está a recuperação do Beco do Candeeiro pela Prefeitura de Cuiabá. O trabalho será feito como forma de compensação pelos danos ambientais causados pelo desabamento e deverá ser executado em um prazo de seis meses.
Durante uma investigação feita em setembro deste ano pelos técnicos do Águas para o Futuro, projeto realizado pelo MPE, foram encontrados indícios de uma nascente no quintal da Casa de Bem Bem. A nova descoberta acarretaria mudanças no projeto de restauração.
No TAC assinado pela Prefeitura junto ao MPE, foi estabelecido o prazo de 30 dias para que um projeto com medidas emergenciais fosse elaborado para evitar novos danos à estrutura da casa. O prazo expirou em 22 de novembro.
Em outubro, a Prefeitura contratou uma empresa terceirizada de segurança para realizar vigilância armada no local. O contrato tem duração de três meses e custou aproximadamente R$ 42 mil.
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3 Comentário(s).
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José 10.12.18 08h01 | ||||
Todo mundo está 'careca' de saber que o culpado disso tudo é a própria legislação, que impõe uma série de restrições a esses imóveis "tombados", entre elas o impedimento da sua demolição, mas não arcam com um centavo sequer para que o proprietário restaure e mantenha o patrimônio em pé. Cada imóvel abandonado que vem pro chão é um tapa na cara das autoridades "competentes" que cuidam desse setor. | ||||
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Moises 10.12.18 05h51 | ||||
Vergonha..... Pergunto: se o Estado não cuida de sua própria casa, vai cuidar da de outros ...??? | ||||
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franciscocarlos06@hotmail 09.12.18 22h30 | ||||
Que coisa com essa cada bem bem. Derruba isso logo. | ||||
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