Entre esta segunda-feira (27 de abril) e a próxima (04 de maio) Cuiabá sedia o 8º Encontro Indígena de Mato Grosso, no Museu de Pré-História Casa de Dom Aquino Correa. O evento traz conferências, mesas redondas, debates e apresentação de estudos relacionados às vivências das diversas etnias mato-grossenses e sua integração -- para o bem e para o mal -- com a cultura ocidental trazida pelos europeus em sua mistura com os africanos. Outro grande destaque é a presença do norte-americano Tweed Roosevelt (dia 04 de maio), bisneto do ex-presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt e presidente da fundação que leva o nome de seu bisavô.
O tema do encontro deste ano é parte das comemorações dos 150 anos do Marechal Cândido Rondon, mato-grossense de Santo Antônio do Leverger e sertanista que desbravou o Brasil construindo a estrutura das então nascentes telecomunicações e, devido às suas andanças, pioneiro nessa tentativa de integração cultural. Também entrou pra história como o primeiro a falar em proteção dos indígenas.
Sede do Encontro Indígena deste ano, o Museu de Pré-História da capital desenvolve uma agenda fixa de eventos durante o ano, mas o auge são mesmo as atividades desta semana, que ocorre desde 2008. Estarão presentes lideranças indígenas das etnias Bororo, Xavante, Kayabi, Kuikuro e Waurá. A proposta é apresentar a grande diversidade indígena de Mato Grosso, que possui 42 etnias e uma população de aproximadamente 44 mil indivíduos. O evento é coordenado pelo Instituto De Ecossistemas e Populações Tradicionais (ECOOS).
Arqueóloga e presidente do ECOSS, Suzana Hirooka explica que o evento busca “a valorização e inserção desses povos nas atividades culturais do Estado como um todo, entendendo esses povos como matrizes da formação da sociedade”. A festa é marcada por apresentações culturais, com danças, cantos e pinturas corporais que demonstram a riqueza de crenças, costumes, línguas, tradições e particularidades de cada povo em as atividades que envolvem o público e buscam estimular o interesse pela cultura indígena e a importância da preservação da identidade desses povos para formação dos cidadãos capazes não só de entender as convergências, mas especialmente de respeitar as diferenças entre nosso modo de vida e o deles.
No primeiro dia (segunda-feira, 27), a abertura ficará por conta das lideranças indígenas cacique Rony Paresi, José Angelo Silveira Nambiquara e Felix Adugoenau Rondon (Bororo). Simultaneamente, será aberta a 3ª Reunião da Sociedade Brasileira de Arqueologia Brasileira (SAB), Núcleo Centro Oeste. Após a abertura acontece uma mesa de discussões com lideranças indígenas sobre a herança de Rondon com a participação do historiador João Antônio Botelho Lucídio (UFMT), do publicitário e historiador Joel Vaner Leão (IHGMT) e a pesquisadora do Centro Ikuiapá-Cuiabá (UFMT) e do Museu do Índio-RJ Anna Maria Ribeiro. Veja a programação completa no site museudomaquino.com.br/portal.
O MUSEU -- A Casa Dom Aquino, Patrimônio Histórico do Estado de Mato Grosso, é um casarão colonial construído em 1842 e ilustre por ser local de nascimento de dois líderes mato-grossenses: Joaquim Murtinho e Dom Aquino Corrêa. Na atual configuração, o museu foi inaugurado em dezembro de 2006. Recebe uma média de mil estudantes/mês.