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PATRIMÔNIO
02.08.2015 | 08h20 Tamanho do texto A- A+

Espaço cultural, Sesc Arsenal era utilizado como reduto de guerra

Antigo espaço de armas durante Guerra do Paraguai, entidade tornou-se referência cultural

Bruno Cidade/Mídia News

Sesc Arsenal é uma das referências culturais de Cuiabá

Sesc Arsenal é uma das referências culturais de Cuiabá

VINÍCIUS LEMOS
DA REDAÇÃO
As balas de canhões, colocadas no chão de entrada, remetem ao passado do Sesc Arsenal, em Cuiabá, no tradicional e histórico bairro do Porto.

O local, que hoje funciona como um centro cultural, foi um arsenal de guerra durante o século 19.

Atualmente abrigando diversos tipos de artes, da dança ao cinema, o Centro Cultural Jamil Boutros Nadaf, como é conhecido oficialmente o Sesc Arsenal, oferece cursos gratuitos ou com preços acessíveis a toda a população da região de Cuiabá.

Ações voltadas à cultura compõem o alicerce do local, que exibe filmes gratuitamente para adultos e crianças durante todos os finais de semana em seu cinema. A galeria de artes é palco para exposições culturais.

Conforme a autora de um livro sobre a história do Sesc Arsenal, a jornalista Sueli Batista, a primeira função do local que hoje abriga o Sesc Arsenal era auxiliar os militares do Estado. O então “Arsenal de Guerra da Província de Mato Grosso” teve a construção iniciada em 1819, durante o governo do 9° e último Capitão General de Mato Grosso, Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho.

Com traços neoclássicos, a construção foi inspirada em obras de Portugal, que eram características no país. Atualmente, o local é considerado patrimônio do Estado e foi tombado.

“Foi um dos primeiros prédios construídos em Cuiabá, quando a cidade estava se emancipando”, contou Batista.

Bruno Cidade/MidiaNews

Canhões de Arsenal são lembranças da guerra


A decoração do chão de entrada do Sesc, remete à vitória do Brasil durante a guerrilha.

“As balas de canhões foram colocadas no chão para simbolizar a vitória sobre o Paraguai”, explicou.

Em 1831, por determinação de lei, foi criado o Arsenal de Guerra da Província de Mato Grosso. As obras do local foram concluídas somente em 1832, quando ocorreu a inauguração. O local foi muito utilizado durante o período da Guerra do Paraguai, iniciada em 1864 e considerada o maior conflito armado da América do Sul.

“O Paraguai invadiu o Brasil através de Mato Grosso, então era necessário haver um arsenal de guerra para guardar canhões e equipamentos de guerrilha”, relatou a escritora.

Em 1872, o local tornou-se uma escola especializada em reparos de armas. No ano de 1889, foi utilizado como fábrica de pólvora. No século 20, em 1950, o lugar se transformou em um supermercado corporativo do 5º Batalhão de Engenharia de Construção.

Em 1989, o Serviço Social do Comércio (Sesc) conseguiu tornar-se proprietário do prédio do Arsenal, que estava abandonado, através de permuta com o exército.

“Quando o Sesc se interessou pelo prédio, ele estava bastante abandonado e destruído. Pelo fato de ser tombado, as reformas realizadas tiveram que respeitar isso”.

Após realizações de obras de adaptações, em modo de teste, o Sesc Arsenal abriu suas portas no ano de 2001. Porém, o local somente foi oficialmente inaugurado em 15 de agosto de 2002, depois de ser realizado o período de teste.

O Arsenal pertence à Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio) e sobrevive, assim como outras unidades do Sesc, de contribuição dos comerciantes.

O funcionamento do espaço é de terça a sábado, sempre a partir das 22h. Somente na segunda-feira o lugar não abre as portas.

Cursos e oficinas

As oficinas e os cursos ministrados no Sesc são abertas ao grande público. Geralmente, é solicitado que o aluno possua carteirinha da entidade, seja ela como comerciário ou usuário. O documento pode ser feito na própria unidade.

Segundo o analista de programas sociais da entidade, Lucas Koester, os cursos ministrados no Sesc Arsenal são acessíveis a todos os públicos.

“A maior parte dos cursos e da programação do Sesc são gratuitas ou possuem preços bastante acessíveis, em torno de R$ 15”, explicou.

O analista disse que é importante que os interessados em cursos fiquem atentos ao site da entidade (Clique AQUI) para olhar as novidades.

Os cursos da entidade possuem diversos módulos, alguns ocorrem durante todo o ano, porém, outros cumprem carga horária durante um único final de semana.

O telefone da Central de Atendimentos do Sesc Arsenal é (65) 3611-0550.

Bulixo

Todas as quintas-feiras, o Arsenal recebe a feira de alimentos e artesanatos, Bulixo. No espaço, vendedores comercializam alimentos típicos de diversas regiões do País, com destaque para a culinária local, e artesanatos regionais.

Reprodução

Todas as quintas-feiras, Sesc Arsenal recebe tradicional 'Bulixo'


A feira é destaque entre os programas culturais da Capital e costuma atrair pessoas de diversas partes de Cuiabá, além de turistas que estão na cidade.

De acordo com o analista de programas sociais do Sesc, o termo “bulixo” é proveniente do linguajar cuiabano, para representar um armazém.

“O projeto tem a ver com o Bairro do Porto antigo, onde ocorria comércio informal de comida e artesanato”, destacou.

Estrutura física

Atualmente, o Centro Cultural Jamil Boutros Nadaf possui os locais: Central de Atendimento, choperia, centro de difusão e realização musical, cinema, banco de textos de artes cênicas, galeria de artes, laboratório da palavra e teatro.

Também fazem parte do lugar, biblioteca, salão social, sala de dança, oficina de ideias, ateliê de artes, teatro de Formas Animadas, núcleo de cinema, ponto de artesanato e terraço plural.

Exposição


Na Galeria de Artes do Arsenal, são exibidas exposições gratuitas de artistas plásticos regionais ou nacionais. O espaço é aberto de terça a sábado, das 14h às 17h e das 18h às 21h. Nos domingos e feriados, o horário de funcionamento é das 15h às 21h.

Atualmente, o espaço recebe a exposição “Terno caminho – Herança de si mesmo”, da artista Cecília de Castro Pinto.

De acordo com a divulgação da exposição, a artista proporciona ao seu público apreciar uma obra contemporânea, desvinculada do academismo e do realismo fotográfico, que busca a universalização da figura, em um conjunto de formas e cores decorativas vinculadas ao belo de forma poética e mística.

Espaço atrai fãs da cultura


Frequentador assíduo do Sesc Arsenal, o declamador Neneto de Arruda e Sá costuma aproveitar todas as oportunidades de cursos oferecidos pelo local.

“O Sesc Arsenal é o melhor espaço de cultura de Cuiabá, por isso visito frequentemente”, comentou.

"O Sesc Arsenal é o melhor espaço de cultura de Cuiabá"


A diversidade cultural é um dos pontos fortes do lugar, revelou o declamador. Ele é favorável ao baixo preço, ou gratuidade, cobrado nos cursos do local.

“A cultura presente aqui possui uma mescla de informações, porque engloba todas as áreas. É quase tudo gratuito e espero que continue sendo”, frisou.

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Jose  03.08.15 16h01
Só acho que o Sesc deveria ter uma parceria com os vendedores ali para ampliar as vendas por maquinas de cartao. deixamos de aproveitar muitas coisas bacanas por "não passar cartão" ou "só passa débito"
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Ilze  03.08.15 10h52
Meu tio falecido aos 96 anos em 2009 e meu pai falecido aos 90 anos em 2010, serviram ao exercito aí nesse prédio antes de chegar aqui o 16 BC, hoje 44 BIM. Eles contavam muitos casos a respeito desse local e do tempo em que lá serviram a pátria. Somente após após a inauguração do 16 BC ainda no curso da segunda grande guerra mundial, é que esse local foi transformado em arsenal de guerra e repartição dos servidores civis do ministério do exercito, e, nos anos 1970 abrigou o Nono BEC antes de que este se estabelecesse definitivamente na avenida Fernando Correia, onde ainda se encontra. Frequentei muito esse espaço quando criança com um tio que trabalhava lá e conta atualmente com 90 anos de idade. Tinha um armazém muito bem sortido, que vendia desde tecido a todo tipo de gênero alimentício não perecível.Nasci no Porto bem do lado desse prédio, onde continuo vivendo até hoje e frequento assiduamente esse belo centro cultural,incontestavelmente, um verdadeiro cartão postal da minha querida Cuiabá.
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Jorge Luiz  02.08.15 14h17
Nasci no Porto e pelo que se falava pelas bandas de lá na época da ditadura que muitos presos políticos passaram por ali e medo de passar perto desse prédio naquele período era tão grande que se possível dava uma volta bem maior para não passar perto e ser preso. Não sei se acontecia, mas que tinha medo, aí meu irmão, borrava
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