A Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) é parceira em uma pesquisa científica de alcance internacional voltada ao diagnóstico precoce da Paracoccidioidomicose (PCM), doença fúngica pouco conhecida no Brasil e em Mato Grosso, mas que representa uma ameaça à saúde de trabalhadores rurais.
A iniciativa envolve a participação de 500 agricultores familiares de nove municípios da Baixada Cuiabana (Cuiabá, Várzea Grande, Chapada dos Guimarães, Santo Antônio do Leverger, Nossa Senhora do Livramento, Jangada, Acorizal, Barão de Melgaço e Poconé), que estão sendo submetidos a exames de sangue para identificação da doença.
A PCM, conhecida como "paracoco", é causada por um fungo presente no solo e pode afetar diversos órgãos do corpo humano, como pulmões, pele, linfonodos, ossos, sistema nervoso central e até órgãos genitais. A contaminação ocorre principalmente por meio da inalação dos esporos do fungo por pessoas que trabalham diretamente com a terra.
Coordenado pela doutora Rosane Hahn, vinculada à Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o projeto "Diagnóstico Precoce da Paracoccidioidomicose em Indivíduos que trabalham com Agricultura Familiar e a Saúde do Trabalhador Rural" foi selecionado por edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) e conta com financiamento integral.
Rosane, referência internacional em estudos sobre a doença, foi responsável pela identificação de uma nova variante do fungo, o Paracoccidioides lutzii, a partir de pesquisas desenvolvidas no Hospital Universitário Júlio Müller, em Cuiabá. A descoberta colocou Mato Grosso no mapa mundial dos estudos sobre o “paracoco”.
Apesar da importância do tema, o projeto enfrentava dificuldades para alcançar os trabalhadores diretamente expostos. A articulação com lideranças comunitárias e cooperativas só foi possível após apoio da Seaf, por meio da atuação da coordenadora de Acesso aos Mercados, Doraci Maria de Siqueira.
“Ficamos mais de um ano tentando contato com essas comunidades. Foi a Seaf que possibilitou essa conexão com os trabalhadores rurais e, com isso, conseguimos avançar nas coletas. Sou imensamente grata”, destaca a pesquisadora.
A secretária Andreia Fujioka, ressalta a importância do apoio da Seaf a iniciativas que aliem saúde pública e fortalecimento da agricultura familiar.
“Os trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar são a base da produção de alimentos no estado. É nosso dever apoiá-los em todas as frentes, inclusive na promoção da saúde. Essa parceria com a UFMT reforça nosso compromisso com a qualidade de vida no campo e com o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais”, afirma Fujioka.
As coletas acontecem nos assentamentos rurais, sempre pela manhã e com os participantes em jejum.
O Hospital Universitário Júlio Müller é a referência para tratamento dos casos diagnosticados. Segundo Rosane, caso algum resultado seja positivo, o agricultor será encaminhado diretamente ao hospital, sem necessidade de fila ou regulação.
Até o momento, 270 dos 500 exames previstos já foram realizados. No próximo dia 15 de julho, 20 trabalhadores do distrito do Aguaçu, em Cuiabá, farão o exame. No dia 19, será a vez de outros 40 da Associação de Produtores da Agricultura Familiar da Gleba Resistência.
A previsão é de que o projeto seja concluído entre agosto e setembro deste ano, com os resultados sendo posteriormente publicados em revista científica internacional.
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