Homicídio de jogador de vôlei marcou ano; empresário indiciado

O ano foi marcado pelo homicídio de Everton Fagundes Pereira da Conceição, de 46 anos, conhecido como “Boi”. Everton era ex-jogador de vôlei e construiu carreira no esporte internacionalmente. Na década de 1990, conquistou troféus pela Seleção Brasileira Infanto-Juvenil.

Virou um fenômeno no vôlei, fez sucesso por onde passou e nós, como amigos, só admiramos tudo, mesmo que de longe

Ele foi morto a tiros pelo empresário Idirley Alves Pacheco na noite do dia 10 de julho, na Avenida República do Líbano, localizada no bairro Residencial Paiaguás, em Cuiabá.

O crime teria ocorrido por volta das 23h15. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que Everton trafegava em uma caminhonete Volkswagen Amarok, com Idirley.

Em determinado momento da gravação, o veículo invade a via preferencial e colide frontalmente com outro carro que trafegava na direção contrária. Logo em seguida, Idirley desce do veículo e foge do local.

Conforme o delegado Rogério Gomes, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o suspeito teria convencido Everton a entrar na Amarok para ajudá-lo a levar o veículo até determinado local.

“Durante o deslocamento para guardar esse veículo, ele saca a arma, pede para parar o veículo, muda de posição, vai para o banco de trás e passa a determinar que a vítima dirija sob a mira de uma arma de fogo”, relatou o delegado.

Segundo a polícia, Idirley teria cometido o crime por acreditar que Everton mantinha um relacionamento com sua ex-mulher, da qual estava separado havia mais de seis meses. No entanto, conforme o delegado, a vítima tentava apenas apaziguar a relação entre o suspeito e a mulher, que já havia solicitado uma medida protetiva contra ele.

Carreira profissional

Arquivo pessoal

Everton encerrou a carreira em 2010

Com 1,97 metro de altura, Everton Fagundes tornou-se campeão mundial infanto-juvenil em 1995 e campeão sul-americano juvenil em 1996. Ele também conquistou a Liga Nacional em 2006, além de diversos outros títulos.

Everton começou no esporte aos 11 anos, no Colégio Adventista, em Várzea Grande. Na época, destacou-se e foi chamado para jogar no Minas Tênis Clube, em Minas Gerais, seu primeiro clube fora de Mato Grosso, aos 14 anos.

Em sua carreira profissional, o atleta participou de quatro edições da Superliga Brasileira, atuou na Superliga Espanhola na temporada 2002/2003 e no campeonato japonês entre 2007 e 2008.

Em seguida, jogou no voleibol argentino na temporada 2008/2009. Ele retornou ao Brasil em 2010, quando encerrou a carreira no Cuiabá Vôlei Clube.

Luto nas redes sociais

Destaque dentro e fora de quadra, Everton foi descrito como uma pessoa de “coração enorme” e um atleta excepcional por amigos, familiares e admiradores.

Após a morte do ex-jogador, a Federação Mato-grossense de Voleibol lamentou o falecimento em nota oficial.

“Com pesar, informamos o falecimento do ex-jogador da seleção brasileira e campeão mundial Sub-19 Everton Fagundes ‘Boi’. Nossos sentimentos aos familiares e amigos”, diz a nota.

Nos comentários, amigos lamentaram a morte precoce do atleta e enalteceram seu talento e dedicação ao esporte.

O atleta Ricardo Queiroz Simão afirmou que Everton “foi o melhor atleta de todos os tempos até o momento” e que “representou Mato Grosso no mais alto nível mundial”.

“Era só um menino com sorriso no rosto querendo ser alguém no esporte. Virou um fenômeno no vôlei, fez sucesso por onde passou e nós, como amigos, só admiramos tudo, mesmo que de longe”, disse o consultor Gil Barbiero.

A família do jogador também lamentou sua morte nas redes sociais. A filha do ex-atleta, Isabelly Maffini, afirmou ter perdido o “ânimo” e o “sentido” diante da violência sofrida pelo pai.

Suspeito indiciado

Reprodução

Idirley Pacheco ao sair da DHPP

Após se entregar à Polícia Civil, quatro dias após o crime, o empresário Idirley Alves Pacheco prestou depoimento na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa e deixou o local em silêncio.

De acordo com o delegado titular da DHPP, Caio Fernando Álvares Albuquerque, após se apresentar voluntariamente, o suspeito indicou o local onde estaria a arma usada no crime. No entanto, o armamento não foi encontrado.

Ainda segundo o delegado, Idirley declarou em depoimento que estaria sendo extorquido pela vítima e negou que o crime tenha tido motivação passional, como vinha sendo investigado.

A polícia, no entanto, indiciou o empresário por homicídio qualificado, por meio cruel e por recurso que dificultou a defesa da vítima.

As investigações apontaram que o empresário era uma pessoa possessiva e ciumenta, que não aceitava o término do relacionamento com a ex-companheira, a qual já havia registrado boletim de ocorrência e solicitado medidas protetivas semanas antes do crime.

No curso da investigação, foi demonstrado que o ex-atleta mantinha contato próximo com o casal e que teria iniciado um relacionamento amoroso com a ex-companheira do investigado, apontado como a motivação do crime.

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