Cuiabá, Terça-Feira, 1 de Julho de 2025
DANO AMBIENTAL
03.09.2024 | 16h03 Tamanho do texto A- A+

Indígenas cobram R$ 40 milhões de usina por morte de peixes

Derramamento de vinhaça ocorreu em 2007; audiência de conciliação não deu resultado

Reprodução

Rio Bugres, que passa na Terra Indígena Umutina

Rio Bugres, que passa na Terra Indígena Umutina

DA REDAÇÃO

Os indígenas da etnia Umutina estão cobrando da Usina Itamarati uma indenização de R$ 40 milhões por danos ambientais, culturais e morais causados pelo derramamento de vinhaça no Rio Bugres, que atravessa suas terras.

 

O desastre ambiental, ocorrido em 2007, causou grave dano a Terra Indígena Umutina, que conta com 480 moradores, e comprometeu a subsistência de centenas de indígenas.

 

A última audiência, realizada no dia 16 de agosto e mediada pelo Ministério Público Federal, terminou sem acordo após a usina propor de R$ 2 milhões, ou seja.

 

A vinhaça, resíduo gerado pela produção de etanol durante a destilação do álcool, foi derramada no Rio Bugres, resultando na morte de peixes e na degradação da qualidade da água, impactando a saúde e o bem-estar cultural da comunidade indígena, que até hoje enfrentam as consequências desse evento.

 

"Não podemos mais pescar como antes. Perdemos nossa fonte de alimentação e renda, mas também perdemos parte de nossa cultura", declarou o presidente da Associação Indígena Balatiponé, Filadelfo de Oliveira Neto. Segundo ele, a pesca, além de ser um meio de subsistência, é uma atividade cultural muito importante para os indígenas, e sua interrupção representou uma perda devastadora tanto financeira quanto cultural para a comunidade.

 

Em 2022, uma perícia encomendada pelo MPF apontou danos antropológicos aos indígenas, já que muitas famílias tiveram que deixar suas casas e a área onde está o cemitério após o vazamento de resíduos. 

 

O cacique Cacildo Amajunepá relatou que sua família foi obrigada a se mudar devido à contaminação do rio.

 

"A água ficou contaminada, e tivemos que criar outra aldeia, longe do nosso lugar original. As perdas foram muitas, tanto materiais quanto culturais", lamentou.

 

Os principais danos alegados pelos indígenas são: interrupção da pesca; perda de renda; deformações nos peixes; suspensão da tradicional Festa do Timbó e migração forçada das famílias.

 

A advogada Cássia Souza Lourenço, que representa a Associação Indígena, explicou que o valor proposto pela usina se refere apenas aos danos ambientais, sem considerar os prejuízos morais e materiais sofridos pela comunidade.

 

"Os impactos devastadores incluem a perda de peixes, a deterioração da água, o surgimento de doenças e a desintegração cultural. A reparação ambiental foi avaliada em R$ 2 milhões, mas defendemos R$ 10 mil por danos morais para cada família e R$ 22,3 milhões por danos materiais" disse. 

 

A sensação é de mendicância, segundo o cacique Paulo Monzilar.

 

"Já se passaram mais de 17 anos desde que a empresa causou esse dano, e até hoje não houve reparação. Me sinto como se estivesse mendigando para a empresa".

 

 

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