A adolescente de 14 anos, que matou acidentalmente sua amiga no último domingo (12), afirmou à Polícia Civil que “acredita” que pode ter acionado sem querer o gatilho da arma.
A tragédia ocorreu na casa da adolescente, no condomínio Alphaville I, em Cuiabá.
A garota depôs por 2h10 ao delegado Olimpio da Cunha Fernandes Junior, na sede da DHPP (Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa) na tarde de terça-feira (14).
Segundo a adolescente, ela estava com duas armas em um case – bolsa de pano – quando foi atrás da amiga, que estava no banheiro dentro do seu quarto. O disparo acidental aconteceu neste momento.
"Que perguntado à declarante se lembra se acionou o gatilho da arma quando a pegou do chão, afirma que não se recorda, mas acredita que possa ter apertado; que tem toda a intenção de esclarecer os fatos e auxiliar na elucidação, que o disparo foi acidental e que nunca houve e nem poderia conceber tirar a vida da sua amiga, que o fato ocorrido foi trágico acidente”, consta em trecho do depoimento ao qual o MidiaNews teve acesso.
Horas antes da morte
A adolescente revelou aos policiais que é praticante de tiro esportivo, bem como toda sua família e seu namorado.
No dia da tragédia, a amiga chegou a sua casa logo após o almoço, por volta das 13h.
O namorado, um adolescente de 15 anos, chegou horas depois em sua casa com duas armas de fogo em um case. Ele as mostrou ao pai da garota, Marcelo Cestari, que também é praticante de tiro esportivo. Na sequência ficou conversando com a amiga, irmãos e namorado, vendo fotos.
Ela contou ainda que, em determinado momento naquela noite, logo após o jantar, o namorado pediu ao sogro para deixar as armas na sua casa, pois o irmão dele iria buscá-lo e estava com medo de ser parado em uma “blitz”.
O trânsito com armamento de fogo é proibido pela legislação brasileira a quem tem posse de arma.
"Marcelo [pai da adolescente] concordou e depois do jantar [o namorado] foi embora sem levar a arma, as tendo deixado dentro do case, sobre o braço do sofá”, disse a menina.
Horas depois, o pai pediu para que alguém guardasse o armamento, e a adolescente se prontificou a guardá-lo, ainda conforme consta no depoimento.
"Nesse momento a declarante observou que a [amiga] tinha acabado de subir a escada, indo em direção ao seu quarto; que a declarante pegou o case e subiu atrás dela, com o intuito de saber o que ela iria fazer no seu quarto; que ao chegar ao quarto, a declarante chamou pela amiga, não obtendo resposta, constatando que ela estaria no banheiro".
Momento da morte
Conforme os relatos, o banheiro da adolescente fica dentro do closet no quarto. Ela seguiu em direção ao cômodo gritando pela amiga. Ao chegar na frente do banheiro, tentou abrir a porta e deixou o case - com as duas armas - cair ao chão.
"Decidiu bater a porta do [banheiro] que, ao soltar uma das mãos, o case caiu no chão, abrindo e expondo as duas armas, tendo uma caído parcialmente fora do case; que neste momento, a declarante abaixou para pegar os objetos, tendo empunhado uma das armas com a mão direita e equilibrado a outra com a mão esquerda em cima do case que estava aberto".
"Que em decorrência disso, sentiu um certo desequilíbrio ao segurar o case com uma mão, ainda contendo uma arma, e a outra arma na mão direita, gerando o reflexo de colocar uma arma sobre a outra, buscando estabilidade, já em pé. Neste momento houve o disparo", revelou.
Ela contou que “no susto” chegou a fechar os olhos e começou a gritar o nome de sua amiga [...] presumindo que algo teria acontecido com ela em decorrência do disparo.
"Evitou olhar no sentido do banheiro com medo do que pudesse ter ocorrido, que logo em seguida, em decorrência dos gritos seu irmão, viu que a declarante estava com o case nas mãos e determinou que ela fosse guardar o case, tendo ele entrado no banheiro e em seguida, gritado por socorro”.
Com o pedido do irmão, ela correu até o closet de sua mãe e 'enfiou' o case no armário e retornou ao seu quarto. Nesse momento adentrou no closet e viu as pernas da vítima caída, no banheiro, “mas não teve coragem de entrar e se deparar com a cena inteira”.
A irmã e um amigo da adolescente, que também estavam na residência, entraram no quarto e tentaram retirá-la do local.
No depoimento, a adolescente contou que viu seu pai ao telefone sendo orientado pelos socorristas do Samu sobre os primeiros-socorros. "Ele gritou: 'alguém avisa a mãe dela".
A mãe da vítima foi chamada bem como um médico amigo da família. Ele constatou a morte da amiga.
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