As regras para quem planeja se aposentar pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sofrerão novas atualizações a partir de 1º de janeiro de 2026. Com isso, ano após ano deve ficar mais difícil ao contribuinte conseguir se aposentar. A análise é da advogada especialista em Direito Previdenciário, Talissa Nunes.

Talissa explica que a mudança faz parte do escalonamento anual previsto na Reforma da Previdência, de 2019, que instituiu regras de transição com critérios que se tornam mais rígidos a cada ano.
Segundo a advogada, a mudança não é tão interessante para o contribuinte, porque antes a pessoa poderia se aposentar com 30 anos de contribuição, independente de quantos anos tivesse. Agora, foi instituída a idade mínima.
“Antes, eu poderia me aposentar com 30 anos de contribuição, independente de quantos anos de idade eu tivesse. Então, vou ter que trabalhar muito mais, vou ter que pagar muito mais a Previdência para que possa me aposentar. Então, a Reforma não foi benéfica para o cidadão. Ficou mais difícil se aposentar. É necessário, agora, mais tempo de contribuição”, disse ela ao MidiaNews.
“Muita gente se confunde achando que: ‘Eu já tenho tempo suficiente, por que não vou me aposentar ainda?’ Exatamente porque foi instituída idade mínima para várias regras”, acrescentou.
Para 2026, a regra de pontos — que soma a idade ao tempo de contribuição — sobe para 93 pontos para mulheres e 103 pontos para homens. Além da pontuação, é obrigatório cumprir o tempo mínimo de contribuição de 30 anos para mulheres e 35 para homens. "
No próximo ano, a idade mínima tanto para os homens quanto mulheres aumenta em seis meses, a chamada regra da idade progressiva. A idade mínima sobe seis meses: passa para 59 anos e 6 meses para mulheres e 64 anos e 6 meses para homens.
Victor Ostetti/MidiaNews
Talissa Nunes defende que o cidadão realize um planejamento previdenciário
Esse acréscimo continuará ocorrendo anualmente até atingir o limite de 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens). Talissa destacou que, apesar de ser algo que se contribua a vida toda, ainda faltam informações, principalmente com as mudanças.
“Eu vejo que, ainda que seja algo que você contribui a vida toda, as pessoas não têm informação e não têm a certeza de quando, como e qual será o valor da aposentadoria”, disse.
A especialista defende que o cidadão realize um planejamento previdenciário para entender qual regra de transição é mais vantajosa e qual será o valor real da renda mensal inicial.
"Hoje, o cidadão não sabe qual será sua renda. O simulador do INSS é apenas uma estimativa e muitas vezes não considera períodos trabalhados em ambiente nocivo ou no meio rural, que podem antecipar o benefício", pontuou.
Informalidade
O crescimento da informalidade no mercado de trabalho tem gerado um alerta para o futuro da previdência social, com uma parcela considerável de trabalhadores autônomos e informais que não realiza qualquer tipo de contribuição, o que os deixa totalmente desassistidos em casos de doenças, acidentes ou na velhice.

Sem o mínimo de 15 anos de contribuição ao INSS, o cidadão não tem direito à aposentadoria por idade. Nesses casos, a única alternativa é o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), que exige a comprovação de baixa renda extrema, até um quarto de salário mínimo por pessoa da família, e não gera direito à pensão por morte para os dependentes.
Para quem trabalha por conta própria, como pedreiros e motociclistas, a falta de proteção é ainda mais grave, pois um acidente de trânsito ou um problema de saúde comum, como dores na coluna, pode paralisar a fonte de renda da família de forma imediata.
É por isso que Talissa reforça a importância da previdência do INSS, frente a opções de previdência privada. O INSS também funciona como um seguro em casos do trabalhador ficar impossibilitado de trabalhar.
“Realmente, a previdência não te dá o mesmo retorno de uma previdência privada, onde você tem o valor atualizado todo ano. Isso não vai acontecer no INSS. Porém, infelizmente, a gente não sabe o que vai acontecer com a gente amanhã e nem daqui dois minutos”.
“Então, quando a gente fala em seguro, é exatamente para assegurar esse trabalhador, que se algo acontecer com ele, vai poder ficar em um benefício por incapacidade, onde vai continuar recebendo proventos, sustentando e levando alimento para sua família”, acrescentou.
Talissa explica que atualmente é possível contribuir com 11% sobre o salário mínimo para garantir o acesso aos benefícios previdenciários básicos do INSS.
"E aí, sem essa proteção, o que você vai fazer? Como você vai sobreviver? Então compensa o esforço, porque em algum momento da vida essa pessoa pode ter um problema e não terá de onde tirar", encerrou.
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