Nascida como uma massagem milenar praticada no Oriente, o tantra carrega até hoje o estigma de ser uma prática meramente sexual. O que muitos não sabem é que a técnica, quando feita por um profissional, na verdade é um estimulo terapêutico, que pode tratar desde ansiedade até a depressão.
Apesar de hoje ser mais popular, anos atrás a Capital mato-grossense não tinha um profissional que oferecesse o tantra como terapia. O publicitário Thiago Corandini foi um dos primeiros a se arriscar nesse tratamento alternativo.
Em entrevista ao MidiaNews, o terapeuta contou que descobriu os benefícios dessa massagem milenar quando estava em busca do autoconhecimento. Ao mesmo tempo, Thiago já lia sobre o tantra e estava disposto ter essa nova experiência.
Antes de fazer a massagem, ele diz que também recebeu muita informação desencontrada a respeito da terapia, já que muitos resumiam a técnica em algo sexual. No entanto, mesmo assim Thiago decidiu arriscar e em sua primeira experiência já descreveu o momento como “surreal”.
Como nunca havia praticado nenhuma terapia alternativa, Thiago não era familiarizado ao que este tipo de técnica poderia proporcionar tanto em seu corpo quanto em sua mente. Cercado pelo cotidiano corporativo que vivia em sua empresa de publicidade, pela primeira fez ele pôde expandir sua consciência.
“A primeira experiência já foi muito surreal para tudo que tinha experimentado até ali. Vieram algumas informações que eu não sabia nem relatar da onde, porque acaba não sendo um pensamento projetado”, explica.
“Também fiquei muito assustado, porque nunca tinha vivenciado isso e esse primeiro contato já me despertou muita coisa”, acrescenta.
Interessado em se aprofundar mais no assunto, ele conversou com a própria profissional que fez sua massagem e ela o orientou a procurar os cursos certos para se profissionalizar no tantra.
Após um ano se dedicando, Thiago começou a atender em Cuiabá, mas durante quatro anos a atividade ficou secundária em sua rotina. Apenas em 2018 ele largou o meio corporativo e passou a trabalhar 100% com a terapia alternativa.
Níveis de descobrimento
Longe de toda a estigma que cerca a massagem tântrica, o método terapêutico é capaz de atingir diversos pontos energéticos pelo corpo que são capazes de permitir o acesso em diferentes canais sensoriais de quem a recebe.
Através do toque, o terapeuta consegue se conectar aos bloqueios mais profundos de seu paciente e, dessa forma, pode ajudá-lo a lidar com as adversidades causadas por ele.
Thiago explica que trabalha com o tantra tradicional, por isso todas as suas consultas começam com uma conversa. Nesse primeiro contato, o paciente pode tirar suas dúvidas e falar o que pretende alcançar com a massagem.
O terapeuta conta que metade das pessoas chegam para tentar tratar problemas sexuais, como a falta de orgasmos e disfunções, mas a outra metade busca com o tantra a solução para lidar com casos de depressão, baixa autoestima e ansiedade.
Todo o processo ocorre por níveis, primeiro com a parte meditativa, em que a pessoa se desprende da consciência social para mergulhar nesse novo mundo de sensações.
Logo depois ocorre a massagem pelo corpo, que evolui para o toque nas genitais, que é a parte mais íntima do processo. Por fim, tudo termina com a integração, que seria o último nível, de absorção do processo.
Segundo Thiago, para conseguir ajustar esses desequilíbrios, a massagem trabalha os sete chacras principais, sendo eles: o da crença; da sexualidade; do poder interno; da afetividade; da comunicação; da intuição e da espiritualidade. Por cada um dos pontos a pessoa consegue melhorar sua relação consigo, além de se libertar de prisões sociais que causam empecilho no seu desenvolvimento pessoal.
MidiaNews
Thiago ministra cursos para profissionalizar outros terapeutas na massagem tântrica
“Toda nossa movimentação energética sai da base, do primeiro chacra das crenças e vem ativando todos os outros até chegar no topo da nossa cabeça. Então, é como se a gente canalizasse toda a nossa energia para essa ascensão acontecer e os benefícios irem surgindo nessas áreas da vida”, explica.
O tabu que ainda cerca
Nos oito anos em que trabalha com tantra, Thiago pôde comprovar que o preconceito com o método terapêutico é constantemente alimentado por profissionais desqualificados.
Apesar de ser uma prática série e de profundo respeito, o fato de haver pessoas que promovem o tantra como massagem erótica prejudica todo o mercado dos terapeutas que se esforçam para passar os benefícios reais por meio da energia corporal.
Para Thiago, todo esse estereótipo sexual acaba sendo reforçado pela parte cultural do brasileiro, que desde cedo vê o corpo como algo unicamente sexual, enquanto na cultura indiana, o corpo é como um templo.
“O brasileiro que recebeu toda essa informação cultural de exposição do corpo, de exploração do corpo, de sexualidade, para ele é mais difícil tocar e ser tocado e não levar isso para o cunho sexual”, afirma.
“Eles pensam ‘isso é sexo’, mas não. Isso é terapêutico, desde que você consiga ir para esse nível”.
Apesar dessa realidade, o terapeuta afirma que houve uma grande evolução no sentido de aceitação para quem trabalha com massagem tântrica. Acontece que as pessoas tiveram mais acesso à informação e assim começaram a entender que não se trata de um tratamento rápido para o prazer.
Por não haver um conselho para regular esses profissionais, muitos ainda se sentem inseguros na hora de procurar o tantra. Porém, Thiago garante que com boas referências e pesquisas é possível encontrar o profissional certo que te fará alcançar o equilíbrio pleno.
“Depende da intenção e de todos os protocolos que a gente segue para que essa vivência aconteça de forma respeitosa e para que a pessoa esteja nesse nível de consciência através da meditação ou isso vai cair como uma ferramenta meramente de exploração de prazer”, finaliza.
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