As investigações da Polícia Civil apontam que o laboratório Bioseg falsificava exames laboratoriais para economizar com reagentes. O laboratório interno sequer estava em funcionamento e as amostras eram simplesmente descartadas, conforme as investigações da Operação Contraprova, deflagrada nesta sexta-feira (15).
Segundo o delegado titular da Decon (Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor), Rogério da Silva Ferreira, a Bioseg atendia cerca de 50 clientes por dia, mas é impossível estimar ao certo quantos exames foram falsificados.
“Quando você falsifica o laudo de um exame laboratorial, você não gasta com o reagente. Não gasta para fazer o laudo, o exame. Então, você simplesmente descarta a amostra, não tem custo algum, falsifica o resultado e recebe o dinheiro”, explicou.
“Não há como estimar um número de exames que deixaram de ser feitos ou que foram falsificados. Porque, em alguns períodos, eles chegaram a contratar laboratórios terceirizados, porém encaminharam, conforme informações do próprio laboratório terceirizado, pequena quantidade de amostras, o que indica que tinham um contrato com esse laboratório terceirizado apenas para dar uma aparência maior de legalidade em suas condutas”, afirmou o delegado.
A Polícia acredita que os resultados eram colocados “dentro da normalidade”, nunca em parâmetros que fossem negativos ou positivos. “Essa é a suspeita da Polícia Civil, confirmada por depoimentos de ex-funcionários e uma série de outros fatores conectados durante a investigação”.
Os pacientes eram encaminhados pelas prefeituras, câmaras de vereadores, planos de saúde, médicos particulares que coletavam amostras em clínicas, nutricionistas e outros profissionais, além de exames coletados pelo próprio laboratório. “Exames de sangue e diversos outros materiais para doenças de todo tipo, inclusive HIV”, afirmou.
Início das investigações
As investigações começaram depois que a Vigilância Sanitária Municipal de Cuiabá recebeu uma denúncia anônima contra a empresa, em abril deste ano.
Houve, então, uma ação conjunta de policiais civis da Decon e fiscais da Vigilância Sanitária, que constataram que o laboratório interno da empresa não estava em funcionamento. Durante esse período, ela não tinha sequer contrato com alguma terceirizada para a realização das análises.
“As investigações demonstraram que as amostras recebidas e coletadas pela rede de laboratórios eram pura e simplesmente descartadas, sem a realização das análises, e que um dos suspeitos no caso, que foi preso hoje, falsificava os resultados e os colocava dentro da normalidade e, com isso, emitia laudos totalmente falsos”, afirmou.
O delegado não citou nomes, mas o preso na operação é o biomédico e empresário Igor Phelipe Gardes Ferraz, sócio da Bioseg.
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1 Comentário(s).
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João Moessa de Lima 15.08.25 16h55 | ||||
Só uma pergunta tem alguémpreso ou não. Você paga por um exame direto ou através do plano de saúde e recebe uma fraude e fica por isso mesmo é assim? | ||||
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