O empresário Júnior Brasa, dono da Genius Produções Cinematográficas, negou ter participado de uma armação com o objetivo de extorquir a candidata ao Senado, Selma Arruda (PSL). Ele prestou depoimento junto ao Ministério Público Federal no final da tarde dessa segudna-feira (1º).
Conforme a ex-juíza, Brasa – que foi seu marqueteiro – teria se juntado a pessoas ligadas ao também candidato Nilson Leitão (PSDB) com objetivo de prejudicar sua campanha, além de lhe tirar dinheiro.
“Informado sobre a notícia de que foi representado através de queixa-crime por Selma Arruda inicialmente informou que não leu a íntegra do documento, que não participou de ato de chantagem ou extorsão, nem de ação política para prejudicar a referida candidata”, cita trecho do depoimento.
“Indagado se foi procurado por partidos ou candidatos para tomar as providências [quanto à ação de cobrança contra Selma], afirma que não”, ressalta o documento.
Brasa prestou depoimento à procuradora regional eleitoral Cristina Nascimento de Melo. Conforme termo de declarações ao qual o MidiaNews teve acesso, o publicitário compareceu ao MPF espontaneamente, após ser alvo de uma queixa-crime formulada pela juíza aposentada.
Trecho do depoimento prestado por Junior Brasa ao MPF
O imbróglio ocorre porque Brasa pede quase R$ 1,2 milhão da candidata, em razão do rompimento de contrato. Selma, por sua vez, alega ter sido “vítima de uma quadrilha que praticou extorsão contra sua campanha”.
Além de Brasa, integrariam o grupo o advogado de Nilson Leitão, José Antônio Rosa, o jornalista Mauro Camargo - responsável pelo marketing do tucano - e o empresário Alan Malouf, réu na Operação Rêmora.
Pagamentos e ação contra candidata
Ao MPF, Brasa detalhou que passou a trabalhar para a candidata em abril deste ano – época que ele classifica como pré-campanha.
“Indagado sobre a prestação de serviços informou que começou a prestá-los em abril, mas recebeu parceladamente R$ 700 mil na pré-campanha e R$ 300 mil na campanha; que o contrato compreendia marketing eleitoral, desenvolvimento das redes sociais, do site de campanha, da assessoria de imprensa e da gravação de todo os programas eleitorais mais todos os vídeos necessários para o uso nas redes sociais”, disse.
Brasa disse em depoimento que sempre tratou dos pagamentos diretamente com Selma e, segundo ele, a candidata honrou com todos os débitos no período de pré-campanha.
Trecho do depoimento prestado pelo publicitário ao MPF
Ele também falou sobre a entrada do jornalista Kleber Lima na campanha de Selma. Segundo Brasa, de início foi acertado que Lima trabalharia em parceria com ele, ambos com o mesmo nível hierárquico.
Posteriormente, Brasa deixou de ser o coordenador da campanha para ser então fornecedor. Neste momento, conforme Brasa, Lima passou a liderar a equipe e houveram divergências na condução da campanha.
Foi neste momento que ocorreu o fim do contrato de prestação de serviços entre a Genius e a candidata.
“Questionado sobre o ajuizamento da ação (em que cobra quase R$ 1,2 milhão de Selma), afirma que tentou negociar por diversas vezes a dívida contratual, mas as tentativas foram infrutíferas”, diz trecho do depoimento.
Em depoimento, Brasa disse ter tentado negociar valores que seriam devidos por Selma
Brasa relatou ter feito uma proposta de acordo no montante de R$ 360 mil, a serem pagos em três parcelas. Ele disse ainda que chegou a prorrogar o prazo por várias vezes para o pagamento, o que ainda não ocorreu.
“Indagado, disse que ajuizou a ação sabendo dos reflexos na campanha da candidata, mas que era a candidata que deveria ter se preocupado com isso ao não honrar seus pagamentos”, ressalta o documento.
Ao final, Brasa afirmou ainda ter a “percepção” de que os valores pagos a sua empresa tinham como fonte de recursos Gilberto Possamai (1º suplente na chapa de Selma).
Todavia, segundo ele, os valores passavam sempre pela conta da candidata e era ela quem emitia os cheques.
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