O senador Jayme Campos (União), no seu segundo mandato no cargo, não teme o poderio econômico nas eleições dos empresários do agronegócio, os chamados barões do agro. Sem mencionar nomes, e com ironia e incrédulo, ele afirma que apenas dinheiro não é suficiente para ganhar eleição em Mato Grosso.

O setor tem acertado no apoio e eleição de governadores e senadores nas últimas duas décadas. Como, por exemplo, o governador Blairo Maggi, e o próprio governador Mauro Mendes (União) e seu vice-governador do agro, Otaviano Pivetta (Republicanos).
"Alguns barões nós conhecemos a história deles. Como eles se enriqueceram. Nós temos que levar isso a público, para a sociedade saber quem são aqueles que querem dominar o Estado, como se fosse um grande fazendão, e impor candidatos", provoca o senador.
Jayme ainda tem confiança em encarar mais uma disputa em 2026, a sétima da sua vida política. E se gaba de que nunca perdeu eleição, pois disputou seis e ganhou todas. E para não haver dúvidas, lançou um desafio: o partido realizar um plebiscito para definir se terá candidatura própria ou não.
"Reúna o partido, seja governador, prefeitos, vice-prefeitos, deputados estaduais, deputados federais. Faça um plebiscito: os senhores prefeitos, vereadores, militância querem que o partido tenham uma candidatura própria? Se falarem que sim, estamos na parada de sucesso. Se falar não, eu vou para casa amigo", sugere para se definir.
Em outra estratégia para conseguir sucesso eleitoral, o senador mira aliados fora da aliança do grupo do governo. Ele faz acenos à oposição e, se candidato for, admite fazer composição com o ministro da Agricultura Carlos Fávaro e o MDB da deputada Janaina Riva.
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Jayme Campos analisa poderio do agro: querem dominar o Estado, como se fosse um grande fazendão
MidiaNews - Senador, o senhor está se movimentando no tabuleiro político com vista às eleições do ano que vem. O senhor tem andado nos municípios, ido atrás da sua pré-candidatura ao governo. Só que tem alguns atores aliados que não estão entendendo muito bem isso. Afinal de contas, a sua candidatura é para valer ou não?
Jayme Campos - É quase recorrente as minhas visitas em municípios, independente de ser candidato ou não ser. Eu tenho sido um senador muito presente nos municípios mato-grossenses. Até porque é minha obrigação, tendo em vista que não só vou rever meus amigos, mas sobretudo discutir assuntos inerentes e os problemas que certamente a maioria dos municípios têm. Feito isso, eu, além de percorrer os municípios, também atendo muita gente. Eu sou talvez o político de Mato Grosso que mais atende prefeitos, vereadores, segmentos da sociedade.
Tudo isso independente da questão política, ou seja, de querer, ou vai ser ou não vai ser candidato. Acho que essa é a minha obrigação, até porque eu faço a política com prazer, com respeito ao cidadão mato-grossense, particularmente aqueles que me procuram. E aqueles mesmo que não me procuram quando eu tinha oportunidade ímpar como senador da República, e sentava com eles e discutia assuntos, particularmente aqueles assuntos que mais interferem na vida do cidadão

mato-grossense. Você me perguntou assim, é candidato ou não é?
Eu quero responder de forma direta para você e dizer o seguinte. Eu não vou ser candidato de mim mesmo. Eu estou construindo um projeto de baixo pra cima. Que sempre deu certo para o senador Jayme Campos. Eu não faço política de cúpula. E muito menos de reunir três ou quatro pessoas e definir quem vai ser tal coisa. Não é assim que eu faço política. É óbvio e evidente. Na medida que eu tiver o respaldo suficiente, primeiro do povo, segundo do meu partido, com certeza me encontro preparado tanto para ser senador quanto para ser governador.
Todavia há, assim, de várias e várias centenas, milhares de amigos meus que gostariam que o senador Jayme Campos voltasse com certeza a ser candidato a governador e, se possível, governador do Mato Grosso para que nós possamos dar a nossa contribuição até mesmo pela nossa experiência que nós temos já, não só três vezes prefeito de Várzea Grande, governador do Estado e dois mandatos de Senador da República.
MidiaNews - O senhor hoje tem claro se será candidato a governador ou senador?
Jayme Campos - Eu não posso dizer: ‘eu vou ser candidato a governador ou senador. Primeiro, eu tenho uma tese que eu vou explicar para você. Independentemente de qualquer coisa, o partido, eu imagino que gostaria de ter um candidato até pra crescer o partido. Nenhum partido cresce se não tiver candidatos da majoritária. Isso não existe. Eu confesso para você que eu nunca vi o partido crescer.
Diante das possibilidades do próprio governador, que já inclinou seu apoio de forma pessoal, até porque nós somos do mesmo partido, do União Brasil, de apoiar outra pessoa. Eu vou ter que respeitar. Entretanto, ele, o União Brasil, eu imagino que gostaria de ter uma candidatura própria. Para tanto, vamos ouvir os vereadores, prefeitos, deputados estaduais, se possível até os filiados, para nós termos com certeza um encaminhamento.

Eu não vou forçar nenhuma barra. Muito pelo contrário. Minha candidatura está surgindo. Eu emergindo de forma espontânea no seio da sociedade mato-grossense e, por que não dizer, de forma bem concreta, dentro do próprio União Brasil. De maneira que eu estou preparado para o que der e vier. Se for decisão do partido de me apoiar, queira uma candidatura de um filiado do partido, de um cidadão que tem história, que tem trajetória política, que tem uma biografia, graças a Deus, limpa, com certeza eu irei disputar. E disputar com musculatura suficiente, não só através do meu partido, mas construindo um grande arco de aliança com os partidos que, eventualmente, poderão estar conosco. E com o apoio suficiente da sociedade civil mato-grossense.
MidiaNews - O senhor disse recentemente que estava meio escanteado aí no partido.
Jayme Campos - Não é bem assim… escanteado. É que, infelizmente, o nosso partido, lamentavelmente, quase pouco reúne e não ouve as pessoas. Tem que ouvir, ué! Queira ou não queria, eu sou senador da República no segundo mandato. Eu não sou um João qualquer. Não só eu. Têm quatro deputados estaduais, tem dois deputados federais, tem 62, 63 prefeitos, ninguém vai ser ouvido? Nesse caso eu discordo!
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"Queira ou não queria, eu sou senador da República no segundo mandato. Eu não sou um João qualquer"
Não é que estou escanteado, porque ninguém vai escantear o Jayme Campos. Jayme Campos tem voo próprio, sem falsa modéstia. Ser nenhuma arrogância, sem nenhuma prepotência. Eu tenho o voo próprio, sei fazer política. Agora, o que eu quero, é ter o mínimo de consideração e de respeito na possibilidade de ser ouvido para que nós possamos tomar uma decisão de forma em conjunto.
MidiaNews - O governador havia dito que o senhor tem preferência para ser candidato de dupla na chapa com ele ao Senado. É isso que o senhor gostaria? Isso não é suficiente?
Jayme Campos - Ô, amigo. Dizer que tem preferência, falar pra Jayme Campos? A minha candidatura, queira ou não queira, é natural. Dizer que tem preferência, acho que o termo que ele usou, infelizmente, ele foi muito infeliz. Dizer que eu tenho preferência… Aqui não é mercadoria, ele não manda no comércio. Não nada disso não. Eu acho que a pontuação dele não foi a ideal. Desculpando a sinceridade aqui. Eu tenho espaço no União Brasil. Eu vim lá do PSD, depois virou o PFL, depois virou o DEM, hoje União Brasil.
Eu estou no mesmo lugar de sempre. Então, eu acho que esse negócio preferencial ou não preferencial, isso aí, acho que a forma como ele pontuou, até foi deselegante comigo. Dizer ‘a vaga para senador dele está garantida’. Meu Deus do céu. Quem poderia tirar essa vaga de mim é só Deus, o povo do Mato Grosso, e eventualmente se o diretório nacional decretasse uma intervenção aqui, dizendo: a chapa é o Jonas, o Mané e o Pedro.
MidiaNews - Sendo pré-candidato, o senhor vai formalizar isso no partido?
Jayme Campos - Agora não. Ninguém pode se manifestar, até porque será campanha extemporânea. Isso é contra qualquer legislação eleitoral vigente no nosso Brasil. Todavia, eu estou conversando. Eu estou preparado. Eu vou sentar no meu partido. Um dos questionamentos meu, é de que possa ser todo mundo ouvido, para que não haja nenhuma candidatura imposta de goela abaixo. Eu acho que essa questão tem que ser definida após os últimos prazos de filiação. Até porque, o prazo de convenções partidárias é a partir de julho de 2026. Encerra dia 6 de agosto, tem muita água para correr debaixo da ponte. Daqui a pouco eu posso ser candidato, daqui a pouco eu posso não ser. Eu acho que qualquer movimento nesse sentido, está atropelando.

Eu estou vendo gente aí que está de forma açodada, acho que precocemente, como se fosse para amanhã a eleição. Eu acho que isso não é bom. Não é bom até porque muitas das vezes pode ter, lá na frente, um tropeço, e não poder ser candidato. Eu sei fazer muito bem política, disputei seis eleições, ganhei as seis. Fui vitorioso, graças a Deus. Tenho que agradecer primeiro a Deus, depois a população mato-grossense que sempre me confiou. Que me deu essa procuração para representar tanto no Executivo como no Legislativo.
Eu não vou tomar nenhuma decisão agora. Estou trabalhando. A partir de março que termina os passos de filiações partidárias. Dia 3 de abril, aí encerrou a temporada de mudança, na medida em vai abrir a janela, 1º de março a 30 de março, para deputado estadual e deputado federal poder se movimentar. Ou seja, sair do partido e ir para o outro partido. Tudo tem seu devido tempo. Eu estou construindo a minha candidatura. Graças a Deus, vai indo muito bem. O apoio que eu estou tendo aqui, de forma espontânea, pessoas me ligando. ‘Conta comigo’, ‘estou com senhor’, ‘o que eu posso fazer?’, ‘o que eu posso ajudar?’. Isse é muito bom.
MidiaNews - Senador, o presidente nacional anterior do partido, Luciano Bivar, era bem próximo ao senhor. O atual presidente Antônio Rueda, tem mais proximidade com o governador Mauro Mendes. O senhor acredita que o partido vai avalizar o senhor candidato ao governo em detrimento da opinião do governador, que apoia o vice-governador Otaviano Pivetta?
Jayme Campos - Isso é uma decisão que você está dizendo a nível nacional. Se for a vontade aqui do diretório estadual, não tem porquê. Ele pode até ser mais amigo do Mauro, mas eu também tenho um bom relacionamento com ele. Muito mais com ele do que com o Bivar. Houve aquela fusão entre o partido que era do Bivar, na época com o DEM, que transformou em União Brasil. Eu tenho o maior relacionamento com o Rueda, meu amigo pessoal, ele pode até ser que seja mais amigo do Mauro, eu não conheço.
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eu não sou um candidato qualquer, não sou um cidadão aventureiro da política
Entretanto, não teria nenhuma dificuldade. Até porque eu não sou um candidato qualquer, não sou um cidadão aventureiro da política. Eu faço porque eu gosto de fazer política, e com certeza eu tenho alguma coisa para oferecer partidariamente. Eu sou vice-presidente, já fui secretário lá atrás do antigo DEM, fui secretário-geral do partido, e eu tenho uma história da composição. Tenho bons companheiros, bons amigos, mas não vai chegar a tal ponto de que haja alguma interferência, alguma intervenção, por parte do nacional aqui no Diretório Regional.
MidiaNews - Mas tem uma proximidade do Rueda com o governador Mauro Mendes, que já declarou apoio, claramente, ao Pivetta.
Jayme Campos - Eu não sou contra o Mauro Mendes apoiar o Otaviano. Inclusive, ele já me disse, já me comunicou oficialmente. O Mauro, o CPF do governador Mauro Mendes. Não a instituição partidária União Brasil, que tem um CNPJ. Isso tem que ser definido de forma colegiada, não de forma individual, pessoal. Aí é ditadura. Não vale. Eu tenho certeza absoluta que nenhum cidadão do partido vai aceitar imposição. Isso se o partido deseja e quer ter uma candidatura própria.
MidiaNews - Nesse caso, você está dizendo que como presidente o governador Mauro está fazendo essa imposição de nomes?
Jayme Campos - Ele disse em nome dele. Vamos fazer justiça aqui. O Mauro disse que vai apoiar Otaviano Pivetta. Eu respeito, inclusive disse para ele ‘governador, fique à vontade’. Eu não sei o compromisso que o Mauro tem com o Otaviano Pivetta, de maneira alguma. E não quero nem saber. Ele! O partido, não. Vamos discutir partidariamente. Não é possível um partido não ser ouvido para escolha. Ele não é dono do partido. Alto lá! Tem muita gente no partido que ajudou a construir, lá detrás, e chegamos hoje com uma nova sigla partidária.
MidiaNews - Sendo candidato, o senhor fará que tipo de composição? O senhor pretende se juntar com o senador Wellington [Fagundes]? Pretende ir junto com o ministro [Carlos] Fávaro? Com o Emanuel Pinheiro? Como seria essa composição e movimento para defender o seu nome ao Governo?
Jayme Campos - Primeiro eu estou fazendo a composição com o povo. Sempre deu certo pra mim. É óbvio, evidente, que depois vou buscar uma ampla coligação. Posso coligar muito bem com o Fávaro, posso coligar muito bem com outros partidos, como caso do PMDB da deputada Janaina Riva. Posso acertar também com o ilustre deputado Max Russi também, e assim por diante. Posso ligar com vários partidos. Eu tenho sido procurado constantemente e recorrentemente por vários partidos políticos.
Independente de partidos políticos, de pessoas que estão militando em outros partidos, independente do partido que estão para lá ou pra cá, que querem apoiar o Jayme Campos. Não tenho nada contra ninguém. Converso muito bem com o Emanuel, com o Emanuelzinho Pinheiro. Converso muito bem, inclusive, com o deputado Lúdio Cabral, com o Barranco, com o Rosaneide. Essa é a facilidade do Jayme. Jayme faz política com altivez. Sem ódio no coração, sem rancor.
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"Faço política com certeza, política de autoestima. Pensando no bem comum da sociedade mato-grossense"
Faço política com certeza, política de autoestima. Pensando no bem comum da sociedade mato-grossense, de forma coletiva para atender à demanda do nosso povo. E, particularmente, eu sei muito bem o que eu quero. Por outro lado, eu sei fazer política, graças a Deus. Eu faço política respeitando os adversários políticos. Eu não confundo amizade, negócio, nada disso. E tenho sido muito bem sucedido, porque o pessoal me conhece. Jayme Campos é um político que faz com prazer, mas acima de tudo, respeito, seja ele quem quer que seja: cidadão, seja político ou não político aqui no nosso Estado.
MidiaNews - O senhor acabou de citar que tem gente na política que faz campanha com ódio, com rancor. Quem que faz?
Jayme Campos - Você me permite o direito de me reservar. Mas tem muita gente que faz com ódio. Nós sabemos o que tem acontecido aqui. Alguns que fazem com rancor, com insatisfação de quase tudo. Que se não for a ideia dele, se não for o que ele falar que vai prevalecer, não vale nada. E não é por aí, né amigo? Política é a arte do diálogo, é um instrumento democrático. Você tem a obrigação de ouvir as pessoas.
MidiaNews - O senhor se dispõe a ser o candidato do governo Lula em Mato Grosso, com toda a esquerda? Tem uma conversa que o senhor poderia ir para o MDB, que foi dita pelo ex-deputado Gilmar Fabris, que teria falado com interlocutores do Palácio do Planalto. Existe possibilidade do senhor ser candidato do governo Lula em Mato Grosso?
Jayme Campos - Não tem nada disso. O que houve, na verdade, foi uma possibilidade de várias pessoas que são filiadas no PT, votarem no cidadão Jayme Campos de forma espontânea. Eles sabem que eu sou uma pessoa que sei respeitar o cidadão mato-grossense. Então, não tem nada conversado. Não estou procurando ainda esse tipo de diálogo, de entendimento, até porque, primeiro, eu tenho que construir no meu partido. Primeiro passo é construir no meu partido. Depois eu vou procurar novos aliados.

Mas tenho conversado com todo mundo, não tem nada definido. O que eu posso lhe afiançar, é que há poucos dias, o presidente do PSD, Gilberto Kassab me ligou, dizendo: ‘senador Jayme Campos, se o senhor não estiver bem acomodado dentro do União Brasil, estamos de portas abertas para receber o senhor aqui, sua filiação, com o tapete vermelho. E o senhor ser candidato nosso no Estado’.
Me deixou extremamente lisonjeado. Partindo do presidente do Diretório Nacional, que é o PSD, que é um dos maiores partidos do Brasil, que tem uma das maiores bancadas no Congresso Nacional, que tem o maior número de prefeitos do país? Eu fiquei extremamente lisonjeado e grato até pela sua amizade e consideração com o senador Jayme Campos. Esse é o Jayme que, com certeza, não só PSD, mas na medida que eu manifestar a saída do União Brasil, todos os partidos do Brasil, gostariam de ter minha presença.
MidiaNews - Essa questão do PSD está descartada? O senhor não muda para o PSD?
Jayme Campos - Hoje não. Acabei de dizer para você que eu estou bem acomodado. Não tem nenhum motivo, nenhuma razão para eu sair do União Brasil. Em Brasília, para você ter noção, eu faço parte de cinco comissões no Senado Federal. Me mantive na presidência do Conselho de Ética por três mandatos. Agora eu não quis mais. Diante de outros compromissos que eu tinha. Agradeci ao presidente atual, David Alcolumbre, que queria me reeleger. Eu agradeço muito, mas eu já faço parte de várias comissões, da CCJ, da Infraestrutura, da CMA, da Caixa, da Comissão da Agricultura e Reforma Agrária. Eu estava abarrotado de trabalho.

Você imagina um cidadão que, além de ter a primazia de ser membro de cinco comissões importantes do Senado Federal. E, sobretudo, grandes discussões entre o Senado Federal, muitas vezes eu sou chamado para discutir de tudo aquilo que eu tenho reivindicado ao presidente do Senado, ao meu partido, para colocar em prática de forma prioritária. Que é o caso agora dia 5, vamos votar o Seguro Rural, que é muito importante, que eu sou relator da matéria, que estava engavetada.
Fomos lá, pedi para o presidente Davi, pedi para o presidente Otto Alencar, que é presidente do CCJ, colocar na pauta. E inúmeras situações que tem no Senado. Você sabe que é grande, tem muita articulação e eu sou sempre bem tratado, bem respeitado lá por todos os meus colegas do partido. Mas acima de tudo, que é muito importante esclarecer, eu sou tratado assim de forma muito carinhosa por todos os 80 senadores, comigo, 81, naquela Casa.
MidiaNews - O senhor acabou de dizer que não existe essa conversa de ser o candidato do Lula aqui em Mato Grosso. O senhor não pagaria, então, esse preço de ser candidato no Estado bolsonarista como Mato Grosso?
Jayme Campos - Mas eu nunca tive essa conversa. O Lula nunca falou comigo. Eu sou uma pessoa que converso, dialogo com todas as pessoas. Mas nunca me chamaram. Porque eu vou dizer, me autovalorizar, dizendo que o presidente da República me chamou? Isso é conversa de bêbado para delegado. Não existiu essa conversa até hoje. Já conversei com o Fávaro, já conversei com a Janaina várias vezes. Brinquei um dia até com a possibilidade de nosso amigo Max nos apoiar, e assim vai indo. Mas nunca com o presidente. Quem falou, mentiu.
MidiaNews - O senhor sabe que uma campanha dessa ao governo é multimilionária. O senhor está disposto a bancar custos de uma estrutura pesada de marketing, pesquisa? Ou quem vai bancar essa pré-campanha? Como vai ser isso?

Jayme Campos - Eu não faço a campanha que esse pessoal faz, os milionários aqui do Estado. Eu nunca fiz campanha milionária. Você pode reparar, minhas campanhas são modestas. A minha campanha é com o povo, dialogando, gastando muita sola de sapato, muita saliva. Evidentemente, você faz aquela velha história, o tamanho do patrocínio é o tamanho da festa. Feito isso que estou falando aqui, é óbvio que eu tenho condições de fazer o mínimo. Nós temos outras situações, temos bons companheiros, bons amigos, que com certeza vão apoiar e contribuir com a campanha.
Eu não estou preocupado com essa questão financeira, porque graças a Deus, quando eu entro numa candidatura, eu me sinto preparado em todos os sentidos. Questão de recurso, a campanha que eu faço aqui, talvez você não saiba, ninguém sabe, eu tenho pesquisa, não uma, são dez, vinte pesquisas, que dizem o seguinte: o eleitor do Jayme Campos, a maioria absoluta é eleitor classe C, D e E. E 88% dessas pessoas é que votam com Jayme Campos. São pessoas humildes e pessoas que entendem, que reconhecem o trabalho do senador Jayme Campos como homem público deste Estado aqui.
Essa questão de se eu me encontro preparado, é outra história. Lá na frente nós vamos ver. Não estou preocupado com isso, até porque, minha eleição é bem barata e ganhei todas. Não sou aquele que sai com saco de dinheiro, distribuindo como Papai Noel, e muitas vezes não é bem sucedido. O povo não quer isso, o povo quer proposta, quer um candidato que tem proposta para população e respeita o eleitor que ele votou. Isso é o sucesso da fórmula de Jayme Campos.
MidiaNews - O senhor disse de muito poderio econômico. O senhor não teme ficar no lado oposto aos chamados barões do agro, o senhor não teme a força desse poderio econômico?
Jayme Campos - Se o dinheiro ganhasse eleição, não precisava de eleição. Só os barões, como você estava dizendo, com certeza era o suficiente
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Jayme: "Se o dinheiro ganhasse eleição, não precisava de eleição"
para eleger todo mundo. Mas já vi muitas pessoas com muito dinheiro mesmo, perder eleição. Eleição não se constrói assim. Mato Grosso não pode, vamos ser honestos aqui, ser transformado numa S.A. (Sociedade Anônima). Essa é a tese que eu defendo. Que reúne quatro, cinco sócios, reúne e escolhe lá o candidato a governador, o candidato a senador. Enfim, quem vai eleger para deputado estadual ou federal.
Isso aqui é do povo mato-grossense. Esse Estado não foi fundado agora, nesses últimos 8, 10, 15 anos. Tem alguns que acham que Mato Grosso surgiu nesses últimos 20 anos. Nós temos que respeitar a sociedade mato-grossense. Muitas dessas pessoas que você fala são do agro, os barões, se eles pudessem, eles estavam exercendo o cargo. Você pode reparar.
Deles não tem ninguém, praticamente.
E alguns barões, nós conhecemos a história deles, de como eles enriqueceram. Nós temos que levar a público porque muitas pessoas que hoje estão 'bufando' a tesouraria deles. Mas nós sabemos da onde saiu esse dinheiro, como foi que esse dinheiro chegou nas contas deles, como enriqueceram. Nós temos que desmistificar muita coisa aqui no Mato Grosso. Aqui tem muita coisa debaixo do tapete, nós temos que levar a público para a sociedade saber de fato, e de direito quem é aquele que quer dominar o Estado, como se fosse um fazendão e candidaturas e impor candidatos.

Eu não concordo em transformar esse Estado aqui num balcão de negócios, confundindo o público com o privado. O Estado é do povo mato-grossense. O Estado não é de meia dúzia de cidadãos, particularmente dos barões. Eu não aceito, e acho que a maioria do povo de Mato Grosso não aceita que esse Estado seja transformado num balcão de negócio, mas acima de tudo, fazendo isso aqui como se fosse uma propriedade particular. Aqui não é uma propriedade particular. Nós temos muita coisa para fazer para o povo de Mato Grosso.
Particularmente, é com as políticas públicas que eu defendo, que, infelizmente, até hoje não está acontecendo, e nós temos que rever a forma, o conceito de governar Mato Grosso. Se eu for governador, quero humanizar o Estado aqui. Nós temos grandes prioridades que vão melhorar o nosso IDH, melhorar a distribuição de renda para as pessoas mais humildes. Na minha concepção, não adianta o Estado ser rico na sua produção, maior produtor de soja, maior rebanho de bovino, maior produtor de algodão, maior produtor de milho, e essa riqueza não chegar na ponta.
Sobretudo os serviços essenciais, que é papel constitucional do Estado, não chegam na ponta. É o caso da saúde, da segurança pública, da educação. Infelizmente, muitos desses serviços, que são constitucionais, o Estado não está proporcionando de forma como todos nós gostaríamos que fosse atendido o cidadão mato-grossense, particularmente o cidadão trabalhador, o mais humilde.

MidiaNews - Senador, o senhor falou desse poderio econômico, só uma questão a respeito disso que é importante esclarecer. O senhor não teme influência desse pessoal na eleição, se o senhor estiver do outro lado?
Jayme Campos - Não tenho essa capacidade para avaliar. Eu disse e volto a repetir para você: se dinheiro ganhasse eleição, eu imagino que os barões todos teriam mandato, não aqui, no Brasil. Eu conheço esse filme lá de trás. Antônio Ermírio de Moraes foi candidato em São Paulo, é perdeu pra quem? Para o Orestes Quércia, que era um cidadão humilde. Ganhou de Antônio Ermírio. Era um dos maiores, não era barão, um dos maiores empresários do Brasil.
Se eu for contar para você algumas histórias que eu conheço, eu passaria alguns minutos aqui, falando de cidadão que acha que o dinheiro prevalece. Não prevalece não. O eleitor é muito inteligente. Eleitor quer votar no cidadão que tem compromisso com ele, de melhorar as políticas públicas do seu Estado. Eu não estou muito preocupado com isso, porque eu faço campanha com pouco dinheiro e é o suficiente para eu ganhar eleição.
MidiaNews - O senhor não teme colocar em risco uma carreira coroada do senhor, que já ganhou tudo, como o senhor mesmo citou. O senhor está preparado para entrar numa campanha e ter uma eventual derrota? Na fase final, vamos dizer assim, da sua carreira política?
Jayme Campos - É aquela velha história. O risco que corre o pau corre o machado. Eu sou ganhador, sou vencedor. Disputei seis e ganhei as seis. Eu sou vencedor, porque o povo do Mato Grosso me conhece. Essa é minha história. Eu sou um político, talvez, diferenciado, porque eu sou o mesmo Jayme Campos antes da eleição e depois da eleição. Sempre procurando defender os interesses de forma coletiva. Eu não trabalho para grupos segmentados. Talvez por isso alguns barões, que você acabou de falar, não querem Jayme Campos. Mas não são todos. Tem muita gente que trabalha nessa área da agricultura, da pecuária, que vota com Jayme Campos.
Eu sou produtor rural. Como eu, deve ter 100 mil. O Mato Grosso tem 110 mil propriedades rurais entre pequeno, médio e grande, não sei se está sabendo essa história. Você acha que todo mundo vai votar em quem quer que seja, só porque diz que é do agro? O Mato Grosso não é feito só do agro. É bom que vossa excelência esclareça. Aqui é feito pela população, aqui tem de tudo o que você pensar, é o comércio, é a indústria, é o profissional liberal. Enfim, dá a sensação, que me parece, que só sustenta a economia aqui do Mato Grosso, quem faz tudo aqui, é o agro.

Tem uma grande participação. Vamos respeitar aqui. É um pessoal que contribui muito. Porque também o Estado que dar essas condições, pelas fertilidades das suas terras, pelos tempos que são bons, a chuva tem o momento certo de iniciar e de parar. Enfim, você não pode ver só um lado. Criou-se uma coisa que dá essa emblemática, que dá a impressão que, aqui no Mato Grosso, só quem presta, só quem vale, é do agro. Não é assim. Vamos ser honestos. O Jayme tem uma vantagem, ele trata todo mundo bem. Seja o rico, o pobre, seja o trabalhador que está ali, um carpinteiro, um servente de pedreiro, para mim tem o mesmo valor. São seres humanos. Eu sou uma pessoa cristã, eu sou humano, e dou o devido tratamento que todo cidadão merece. Respeito e consideração.
MidiaNews - O senhor disse sobre a questão de que o senhor é vencedor, e a gente está falando de candidatura ao governo. O senhor pensa ou entende, que é possível o senhor reavaliar o cenário ou não?
Jayme Campos - Eu já disse, eu não tenho definido nada ainda. Idiota daquele político que acha que já está definido aqui. Você é candidato, daqui a pouco você morreu. Para morrer basta estar vivo. Daqui a pouco muita gente pode estar sendo recolhida aos costumes, outros estão de tornozeleira. Ainda vai ter muita coisa que vai acontecer aqui. Tem água pra correr debaixo da ponte… que tomara que não. Não estou torcendo para ninguém. Mas tem muita coisa que vai ser esclarecida. Quem vai pagar a conta, não sei, não me interessa agora. Vamos aguardar. Eu sou daquela pessoa que sou muito resiliente e tenho muita parcimônia para ver um cenário que nos permitirá ter um bom desempenho nas nossas eleições.
MidiaNews - O senhor tem firme que não desistiria de nenhuma disputa? Não tem risco na sua cabeça hoje?
Victor Ostetti/MidiaNews
"Se eu sentir que eu não tenho respaldo suficiente, não tem porquê eu ser candidato"
Jayme Campos - Eu já tenho tudo na vida que eu quero. Tudo. Tenho meus filhos bem criados, meus netos bem criados, tenho uma maravilhosa família, uma mulher extraordinária. Eu tenho só que agradecer a Deus. Quando você fez a indagação, se eu posso desistir, só um momento que vai falar. Se eu sentir que eu não tenho respaldo suficiente, não tem porquê eu ser candidato. Mas pelo que eu estou vendo, sem fazer quase nada, apenas com o meu trabalho modesto, defendendo boas leis para o Brasil, fazendo uma inserção no Senado Federal para ajudar o Mato Grosso, como eu fiz e estou fazendo. Um deles, pode perguntar para o governador Mauro Mendes quem ajudou a fazer a rolagem da dívida do governo do Mato Grosso no momento mais crítico do Estado? Foi Jayme Campos. Pergunte a ele.
Consegui com o presidente Davi Alcolumbre suspender uma reunião do Congresso Nacional para que pudesse votar lá no Senado, em regime de urgência, na Comissão de Assuntos Econômicos, a rolagem do Estado, a posteriori do outro dia, ser remetida para o plenário da Casa e consegui colocar em votação às nove horas da noite, a rolagem da dívida. Que na quinta-feira, isso foi na quarta, na quinta-feira, se não tivesse acontecido, o Mato Grosso estava ferrado até hoje, que os prazos regimentais teriam acabado e Mato Grosso teria ficado com a dívida. Você tem hoje aqui, essa Ferronorte prosseguindo de Rondonópolis até Lucas do Rio Verde, sem falsa modesta, muitos ajudaram, muitos. Primeiro o Tribunal de Contas da União e depois o Ministério (dos Transportes), para que pudesse acontecer o que aconteceu.

Mas se não tivesse a presença de Jayme Campos, apoiado daquela oportunidade pelo Davi Alcolumbre, a posteriori pelo Rodrigo Pacheco, essa ferrovia teria sido prosseguida. Sabe por quê? Não havia nenhuma boa vontade por parte do Governo Federal. Precisou que o Jayme Campos empinasse a carroça no Senado Federal, no dia 18 de dezembro, que era a data para que, se por acaso não atendesse a nossa demanda aqui, o projeto não passaria por falta de quórum. Dizendo que aquele projeto que estava encaminhado, que era o novo marco regulatório em relação às ferrovias no Brasil, que eram praticamente feitas às caladas da noite, de forma obscura, talvez não saísse. Saiu porque o Jayme Campos, e o Mauro é testemunha nisso, você pode perguntar para Mauro. Pergunta para o Dr. Gallo, que é o nosso secretário de Fazenda, pergunta para o Dr. Francisco que é o procurador do Estado.
Para você ter noção, para que se fosse transferida a possibilidade de o Estado fazer a concessão, como foi feito o chamamento através do Governo do Estado, após a aprovação da Assembleia Legislativa, dando essa prerrogativa para o Governo, não sairia. Sabe quando acabou a reunião? Era 1h45 da manhã, quando terminou o último contrato transferido. Sabe por quê? Porque eu empinei a carroça. Disse para o ministro na época: Tarcísio, se ele não desse essa concessão para nós, não iria votar. Ou seja, não iria permitir ele fazer o lançamento da ferrovia, que era a festa do lançamento do novo marco regulatório em relação às ferrovias no Brasil. [Eu falei para ele], se o senhor não dar a garantia, não vai aprovar essa Medida Provisória do Governo, tendo em vista que eu tenho um acordo fechado aqui, não só com o presidente da Casa, mas sobretudo com os senadores.
MidiaNews - Senador, nesse dilema de ser candidato ao Senado, ser candidato ao Governo, quais os critérios o senhor vai levar em conta para concorrer, seja ao Governo, seja ao Senado?
Jayme Campos - Eu não tenho. É a vontade do povo. Único critério meu é apoio popular. Se eu tiver o apoio popular, estou pronto. Agora, qual critério vou adotar? Não. Eu estou conversando. Tem muita gente que achando que eu estava morto. Tem um amigo meu, que é do PP, ele disse para o Botelho: ‘Jayme Campos está pronto para ir para casa’. Esse guri, esse cidadão, que vai querer falar para Jayme ir para casa? Quem manda pra casa é o povo. Ou se eu tiver esse desejo de ir embora, parar, eu vou. Mas eu me sinto ainda muito útil para fazer um governo diferenciado. Um governo moderno, um governo que está preocupado com os pobres, para fazer mais casas populares, para melhorar saúde e dar mais UTI para o povo mato-grossense.
De melhorar a nossa segurança pública. Mato Grosso, infelizmente, hoje é campeão de feminicídio, por duas vezes. Abrir mais delegacia da mulher, não só às 18 horas, 24 horas nas cidades polos de Mato Grosso. Aumentar o efetivo da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, dando o que é de direito aos nossos servidores públicos, que infelizmente estão só recebendo RGA. Me parece que a perda desses últimos anos é mais de 19% ou 20%. Fazer um acordo com eles que é factível, que é possível, com o caixa do governo, fazer esse reajuste dos salários deles. Pagar a perda, acho que está em 19%.

MidiaNews - Senador, o senhor é uma importante liderança da União Brasil. Como é que vai fazer nesse processo na eleição de 2026, para conciliar os interesses do partido, os interesses partidários do senhor e os interesses do governador na eleição?
Jayme Campos - Mas não tem nada a ver. Eu sou do União do Brasil. Não é meu interesse pessoal do Jayme Campos. Eu faço um questionamento aqui: reúna o partido, seja vereador, prefeito, vice-prefeito, deputado estadual, federal e faça um plebiscito. Os senhores prefeitos, querem, prefeitos, vereadores, militância, querem que o partido tenha uma candidatura própria? Sim ou não? Se falaram que sim, estamos na parada de sucesso. Se falarem não, eu vou pra casa, amigo. Eu não vivo de política. Eu não sou profissional. Eu faço o que eu gosto, tenho minhas atividades empresariais. Só isso aí. Acho que é mais do que justo. Agora não podemos aceitar também a imposição. O partido é uma instituição democrática. Botar a goela abaixo, aí não vai. O estômago não aceita. Eu não tenho disposição para fazer política dessa forma.
Eu faço política com diálogo, com entendimento, respeitando meus aliados, com lealdade, enfim. Eu acho que o caminho é por aí. De qualquer forma, eu vou aguardar. Tudo tem seu devido tempo. Eu não sou um homem acelerado, eu medito, faço reflexão. Sei perfeitamente o que é bom, o que é ruim. Agora, é evidente que, se eu sentir que não tem um clima, um ambiente junto ao povo de Mato Grosso, e muito menos do meu partido, dizendo que não quer, o que que me resta? Cuidar da minha vida.
MidiaNews - Em entrevista essa semana ao "Resumo do Dia", o senhor fez uma análise não muito elogiosa da gestão do governador Mauro Mendes. A administração do governador não está boa?
Jayme Campos - Não é que não está boa. Foi pontual dizendo o seguinte: tem algumas áreas que estão indo muito bem. Ninguém pode esquecer, como disse, o setor rodoviário. Bacana. Mas tem algumas áreas que estão deixando a desejar dentro da questão da segurança pública. Não é possível. O que tem que fazer? É fortalecer a instituição segurança pública com mais gente ou com mais tecnologia? Eu disse pontualmente. Como também a questão da saúde. Tem muitas pessoas que estão dependendo do serviço público de saúde e que não está conseguindo.
Eu sei porque me ligam todos os dias pedindo UTI. Eu tenho o direito. Se eu não tiver o direito de pontuar alguns pontos que eu não acho que está legal, eu sou indigno de representar o povo. Disse e reitero aqui pra você. Eu acho que o investimento que o governador fez no Parque Novo Mato Grosso é bacana, bonito, louvado, mas é muito caro. Tem coisa mais importante. Podia fazer o parque mais modesto. Outro, as mudanças que você viu na mobilidade urbana aqui em Cuiabá, vai terminar não concluindo. O Mauro vai sair e não vai concluir. Era VLT, passou para BRT, já estão falando em BUD, bonde. E quem está pagando essa conta? É o cidadão, o trabalhador do Mato Grosso, da região metropolitana de Cuiabá e Várzea Grande.
Nós podíamos ter até concluído essa obra. De qualquer forma, é decisão de governo e eu respeito. Eu sou uma pessoa que tem a primazia de dizer que eu sou independente. Eu falo aquilo que eu acho que eu tenho que falar. Não estou com o rabo preso com ninguém. Não dependo de ninguém. Não estou no bolso de qualquer que seja. Não sou rato de palácio. E que se esclareça. Pode perguntar, indagar o governador Mauro Mendes, se poucas as vezes que eu vou ao palácio, sempre vou lá para dar uma contribuição até para ajudar em algumas situações. Tenho feito algumas parcerias, transferido dinheiro, recursos para o Estado, para que nós possamos fazer algumas aquisições, não só de caminhões.

Amanhã mesmo estarão entregando aqui mais 35 carros para o Conselho Tutelar, o Estado que comprou. Um recurso que Jayem mandou. Semana passada entreguei mais de 60, 70 máquinas, dinheiro que eu mandei para o Mapa (Ministério da Agricultura). Encaminhando para as prefeituras, para algumas entidades, associações de pequenos produtores rurais. Então, eu tenho um mínimo de independência. Se tudo que acontecer eu falo amém, isso é muito ruim para o Estado Democrático de Direito. Político que não tem o mínimo de independência, ele não pode ser político. Ser vassalo. Ser puxa-saco. Isso não faz parte do nosso vocabulário. Eu não participo desse tipo de política, não. Eu tenho essa autoridade, essa prerrogativa de expor meu ponto de vista.
Se não expor o meu ponto de vista, vai ficar muito ruim. Pode largar mão de fazer política. Eu não gosto de ninguém que seja vassalo. Eu acho que é o fim da picada, e muito menos puxa-saco. O que tenho que falar, eu falo. Respeito as autoridades, respeito a figura do governador Mauro Mendes. Eu imagino que eu tenho o direito de fazer algumas pontuações críticas aqui.
MidiaNews - Existe algum ressentimento por parte do senhor com o governador? O grupo político dele causou alguma ingratidão ao senhor?
Jayme Campos - Nenhuma. Nada. Não deve nada pra mim. Até porque não teve nenhum acordo com o Mauro. Pergunta pra ele se eu já pedi alguma coisa para ele. Pergunta para ele. Eu sou diferenciado. Não tenho filho para empregar. Eu não sou empreiteiro. Eu não sou fornecedor do Estado. Eu não sou prestador de serviços. Eu faço política porque eu gosto. Agora que eu gosto de fazer política de um jeito que também seja leal. Que seja respeitoso comigo, que com certeza faz política com altivez. Assim que eu faço política.
Contra ele, pessoalmente, talvez eu discorde de alguns pontos, que eu não consigo, não é palatável para mim. Prefiro nem declinar isso. É uma coisa que eu acho que não está correto. Mas não sou eu que vou falar que não está correto, até porque não tenho essa autoridade, muito menos essa autonomia, para chegar e falar certas coisas. O problema dele, quem vai fazer essa correção lá na frente é o povo. O próprio povo que não é besta. Todo mundo é inteligente, sabe votar, sabe escolher. E saber o que é bom e o que é ruim para nosso Estado.
MidiaNews - O governador tem sido leal com o senhor?
Jayme Campos - Eu não tenho o que queixar dele. Me trata muito bem. Eu acho que a recíproca é verdadeira. Da mesma forma que ele me trata, eu trato ele. Acho que não tem o que questionar de mim e muito menos eu. Até porque eu não sou muito de procurar ninguém. Eu cuido da minha vida. Eu vou ao palácio quando me convida, onde é possível. Estive com ele sábado, em Cáceres. Eu vou amanhã, nós vamos entregar juntos amanhã, os carros para o Conselho de Tutelar de Mato Grosso, que eles fizeram uma aquisição, mandei o recurso. O governo entregou, vamos lá. Agora, a questão política é outra coisa. Administrativamente, é outra coisa. Eu tenho uma visão, imagino que ele possa ter outra, e sobretudo a questão política, acho que no momento certo nós vamos ter que sentar e conversar.
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