Cuiabá, Domingo, 3 de Agosto de 2025
BALANÇO
18.01.2020 | 19h20 Tamanho do texto A- A+

"Foi um ano desafiador, com enfrentamentos para consertar MT"

Mendes faz panorama sobre situação do Estado, diz como vai se comportar nas eleições e critica prefeito

Victor Ostetti/MidiaNews

O governador Mauro Mendes, que recebeu a reportagem em seu gabinete no Paiaguás

O governador Mauro Mendes, que recebeu a reportagem em seu gabinete no Paiaguás

DOUGLAS TRIELLI, THAIZA ASSUNÇÃO E CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO

O governador Mauro Mendes (DEM) inicia o segundo ano de seu mandato apostando que medidas duras tomadas em 2019 - que ele classifica como "necessárias" - tragam o efeito esperado para o cidadão.

 

Depois de alterar o Fethab (Fundo Estadual de Transporte e Habitação), reduzir incentivos fiscais do comércio e aprovar um aumento na alíquota previdenciária do servidor, o que despertou insatisfação em vários setores, Mendes diz que fez a lição de casa. E que em 2020 o Governo vai desempenhar outro papel em Mato Grosso, apesar de não descartar novas medidas.

 

"Eu não tenho dúvida que o Governo de Mato Grosso vai ser um indutor do desenvolvimento e do crescimento do Estado", disse em entrevista concedida nesta semana em seu gabinete.

 

De olho na eleição em Cuiabá, onde pretende eleger o prefeito, Mendes não poupou críticas à gestão de Emanuel Pinheiro (MDB).

 

Para o democrata, o prefeito está endividando e levando o Município no sentido contrário ao do Estado. Enquanto, segundo ele, o Governo vem consertando suas contas, a Prefeitura vem piorando sua situação fiscal. "Me preocupa, como cuiabano, como governador, como cidadão que vive nesta cidade. Porque é uma cidade endividada, quebrada e em pouco tempo teremos um caos”, afirmou.

 

Me preocupa, como cuiabano, como governador, como cidadão que vive nesta cidade. Porque é uma cidade endividada, quebrada e em pouco tempo teremos um caos

Leia os principais trechos da entrevista:

 

MidiaNews - Relembrando o primeiro dia de seu Governo até agora, a expectativa de gestão foi cumprida?

 

Mauro Mendes – Foi um ano desafiador. Um ano que tínhamos a clareza da difícil situação na qual Mato Grosso estava e na trajetória ruim que percorreu ao longo de 2018. Nós fizemos vários enfrentamentos necessários ao longo do ano de 2019 e chegamos ao final do ano cumprindo, a meu ver, muito bem o papel que nos propusemos a fazer: consertar o Estado de Mato Grosso, criando uma nova trajetória e uma nova perspectiva. 

 

MidiaNews – Está satisfeito com o que conseguiu entregar nesse primeiro ano de gestão?

 

Mauro Mendes – Diante da realidade que tínhamos, das dificuldades que encontramos ao começar o ano, diria que o ano de 2019 foi muito bom para Mato Grosso. Chegamos ao final do ano com a situação financeira e fiscal muito melhor do que quando iniciamos. Além de conseguir consertar o caixa do Estado, já conseguimos, também, entregar muitos resultados na ponta para toda a sociedade em quase todas as áreas. Muitas obras na Infraestrutura foram reiniciadas, algumas concluídas.

 

Obras que estavam paralisadas há anos foram retomadas. Criamos vários projetos para que em 2020 e nós próximos anos possamos melhorar ainda mais a entrega nessa área tão sensível como é a infraestrutura. A Saúde voltou a funcionar no Estado. Obras nas escolas foram retomadas. Em todas as áreas registramos melhorias sensíveis por conta da atuação do Governo. 

 

 

MidiaNews – Quais foram os erros do seu antecessor Pedro Taques que o senhor identificou e não repetiu?

 

Mauro Mendes – Prometer muito sem condição de fazer. Escutei de muitos prefeitos, vereadores, que quando vinham ao Palácio Paiaguás, saiam todos rindo, contentes, felizes, porque promessas eram feitas. Nós não fizemos isso em nenhum momento de 2019. Tivemos a coragem de fazer aquilo que é necessário fazer em termo de gestão. Gestão se faz com a realidade, com medidas corretas, com medidas que, em alguns momentos, podem ser tratadas como duras, mas no médio e longo prazo trazem resultados para toda sociedade. 

 

MidiaNews – Essa mudança de perfil no trato com os prefeitos e vereadores trouxe algum tipo de dificuldade para seu Governo?

 

Mauro Mendes – Muitos prefeitos, a grande maioria, têm elogiado. Tem dito que prefere um não verdadeiro e honesto, do que um sim mentiroso. A maioria tem elogiado e quando o Governo diz sim é um sim que é dado e que vai acontecer. E se é não, saiba que não é por má vontade, é por absoluta incapacidade de atender em um primeiro momento todos os desejos, demandas e necessidades que Mato Grosso tem. 

 

MidiaNews – Pode-se dizer que essa recuperação fiscal foi o principal mérito do Governo neste primeiro ano. Para 2020, o que o Governo projeta como principal meta?

 

Mauro Mendes – Em 2020 teremos grandes focos. O principal é melhorar a qualidade e os serviços que nós entregamos para a população. Precisaremos melhorar nossos serviços na área da Saúde; avançar nas obras e na Infraestrutura; melhorar nossas escolas e a qualidade da Educação; Segurança Pública vai receber muitos investimentos tecnológicos e de infraestrutura. Vamos lançar em fevereiro o programa “Tolerância Zero”, um conjunto de medidas que vai fazer um grande enfrentamento ao crime organizado e que vai trazer efetiva melhoria na Segurança Pública nos próximos anos. 

 

Nós temos em 2020 uma expectativa muito positiva, porque o Governo fez a sua lição de casa em 2019. Cumpriu uma agenda dura e, acima de tudo, já começou a entregar resultados. Estamos preparados para acelerar. Eu não tenho dúvida que o Governo de Mato Grosso vai ser um indutor do desenvolvimento e do crescimento do Estado. E alguns que ainda não perceberam isso, tenho certeza, vão perceber nos próximos meses. 

 

 

MidiaNews – Para esse ano ainda há “medidas duras” a serem tomadas?

 

Mauro Mendes – Eu não chamo de medidas duras. Existem medidas corretas, necessárias, que precisam ser tomadas no dia a dia. Fazer gestão é você compreender que as coisas mudam, que os momentos mudam e que, a cada novo momento, você precisa tomar medidas novas. E algumas delas podem ser, sim, interpretadas por alguns setores como medidas duras. Mas, fazer gestão é fazer aquilo que é o melhor para maioria da população de Mato Grosso. Eu administro para a maioria e não para minorias. 

 

 

MidiaNews – O senhor é do ramo industrial e, por isso, sempre acompanhou de perto a macroeconomia. Qual a avaliação o senhor faz do momento econômico brasileiro?

 

Mauro Mendes – A economia brasileira viveu, ao longo dos últimos anos, um processo de grande contração e de retração, notadamente nos anos de 2015 e 2016. Os anos de 2017, 2018 e 2019 foram marcados por um baixo crescimento, muito aquém das expectativas, do planejamento, da necessidade e da potencialidade que o Brasil tem. Em 2020, iniciamos o ano com expectativa positiva, de crescer acima de 2%. Existe uma grande oferta nos mercados internacionais e nacional de capital. O mundo está ansioso por projetos. O juro no Brasil nunca esteve tão baixo. Existe um cenário de possibilidades e de perspectivas que chamo de positivo. Transformar cenários em realidade é um desafio que tem que ser preenchido com muito trabalho e seriedade. 

 

Então, com muito trabalho e seriedade, acredito que Mato Grosso estará protagonizando nos próximos meses e anos o seu papel que é o de ser o indutor do desenvolvimento. Para isso, vamos continuar fazendo nossa lição de casa, na simplificação do serviço público, na desburocratização, na seriedade dos nossos processos internos, principalmente nas nossas interfaces com o setor produtivo e com o cidadão. Queremos um Estado eficiente, que custe menos. 

 

MidiaNews – O senhor tem sido criticado por parte dos servidores em razão da não concessão da RGA e da Reforma da Previdência. Como recebe essas críticas?

 

Todo mundo gosta e diz que concorda com as mudanças, mas quase ninguém aprova quando elas afeta os seus interesses

Mauro Mendes – Todo mundo gosta e diz que concorda com as mudanças, mas quase ninguém aprova quando elas afeta os seus interesses. Tenho feito em Mato Grosso mudanças que afetam a todos. O servidor público deu sua parcela de contribuição e ficou chateado. Mas aplaudiu quando tributamos o agronegócio, que por sua vez ficou chateado quanto o tributamos, mas aplaudiu quando criamos regras para concessões de aumentos dentro do Governo, quando revisamos os incentivos fiscais. Alguns desses incentivos, inclusive, vendidos por um governador [Silval Barbosa] em tempos passados, segundo consta em delações premiadas que estão tramitando na Justiça. 

 

Então, nenhuma dessas pessoas, isoladamente, aprova aquilo que o afeta, só aprova aquilo que afeta os outros. Nós fizemos um trabalho para distribuir igualmente entre todos os setores econômicos e dentro do próprio Governo a responsabilidade de corrigir os erros cometidos e, assim, consertar Mato Grosso. 

 

MidiaNews – Em relação a Previdência, o que ainda vai ser feito?

 

Mauro Mendes – Primeiro tem que ficar muito claro que o que foi feito aqui no Estado, nessa primeira parte, foi tirar a alíquota de 11% para 14%. Isso é uma obrigação que o Estado de Mato Grosso e todos os estados e municípios do Brasil têm que fazer. É uma determinação que consta na Constituição Federal. Quem não fizer vai criar um grande problema para o seu Estado ou para a sua cidade. Portanto, fomos diligentes quando cumprimos essa obrigação, senão iriamos prejudicar enormemente o Estado por não ter o CRP [Certificado de Regularidade Previdenciária], impedindo Mato Grosso de receber transferências voluntárias, com aval da União, contrair empréstimos e financiamentos para projetos importantes. 

 

Na segunda parte vamos falar das regras previdenciárias, das regras de aposentadoria. O Governo Federal já aprovou para o servidor público federal e para todos os trabalhadores da iniciativa privada. Quem for homem vai se aposentar com 65 anos e se for mulher, com 62. Então, isso vale para 95% da população do Estado de Mato Grosso. Existe uma parcela, em torno de 5% de servidores públicos estaduais, que se aposenta com 42, 45 anos. É justo que isso continue? É justo se aposentar aos 42, 45, 48 enquanto 95% da nossa população vai se aposentar após os 60 anos? É essa discussão e mais alguns outros detalhes que teremos na segunda parte na Assembleia Legislativa. 

 

MidiaNews – A oposição atuou duro contra a primeira etapa. O aumento da alíquota da Previdência teve 16 votos. Não lhe parece um placar apertado demais, tendo em vista que a próxima etapa da Reforma da Previdência será uma PEC, que exige 2/3 dos votos?

 

Mauro Mendes – A oposição queria que não aprovasse e queria que Mato Grosso ficasse inadimplente, perdendo recursos federais, perdendo a possibilidade de receber aval da União e tantos outros benefícios? Ela não estava jogando só para defender o servidor, estava jogando para defender o servidor, mas ferrar 95% da população do Estado. Eu espero que a maioria entenda isso e saiba o jogo que está sendo jogado com a verdade. 

 

 

MidiaNews – Foi uma oposição irresponsável?

 

Mauro Mendes – Eu diria que ela não considerou essa realidade e nós precisamos ser responsáveis com a realidade. Tem Estado que aprovou reformas muito piores que a de Mato Grosso. Teve Estado que a alíquota chegou a 22%, 18%, 16%. Aqui em Mato Grosso, foi aprovada uma alíquota de 14%. 

 

MidiaNews – Então, está tranquilo com a margem de votos que tem dentro da Assembleia?

 

Mauro Mendes – O importante é aprovar. Não tem nenhum mérito em ganhar por 5 a 0, 10 a 0. Sempre são três pontos. Nós precisamos aprovar pelo bem do Estado e da maioria da população. 

 

MidiaNews - Seu mandato lembra um pouco o do ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, que sanou as finanças do Estado, que hoje é o único com nota A de capacidade de pagamento, à custa de diversos enfrentamentos. Foram tantos que ele nem quis tentar a reeleição. Considera ficar apenas um mandato no Paiaguás?

 

Mauro Mendes – Eu tenho tanto problema e tantas demandas para cuidar no dia a dia que não me preocupo com as decisões que terei que tomar daqui três anos. Me preocupo com as decisões que tenho que tomar semana a semana, mês a mês, ano a ano. Ir ou não ir para uma reeleição é uma decisão que tomarei somente em 2022. 

 

 

MidiaNews – Mas teme sofrer muito desgaste com os setores e, politicamente, perder apoio?

 

Mauro Mendes – Eu já vi muita gente que criticava, elogiando. Isso é natural. Todas as pessoas que perdem algum privilégio ou que têm que pagar um pouco mais de imposto ou que tenha que contribuir um pouco mais, é natural que reclamem. Isso faz parte da democracia. Nós temos que ouvir as reclamações, mas temos que fazer o que é certo. Fui eleito para consertar Mato Grosso e garanto a vocês: vamos consertar este Estado e vamos entregar um Estado muito melhor do que o que recebemos. Um Estado prestando serviços melhores para a sociedade e no final do mandato as pessoas reconhecerem o que é certo e o que é errado. 

 

MidiaNews – Nesta semana, a Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Mato Grosso (Facmat) criticou uma declaração do senhor em relação a compras pela internet. O senhor também tem criticado a pressão que o setor tem feito por conta das alíquotas. Como está sua relação com o comércio?

 

Todas as pessoas que perdem algum privilégio ou que tem que pagar um pouco mais de imposto ou que tenha que contribuir um pouco mais, é natural que reclamem

Mauro Mendes – Perfeitamente tranquila. Vejo que o debate de ideias e as críticas fazem parte da democracia e da nova dinâmica da relação que existe entre o Estado brasileiro e o cidadão. As pessoas falam mais, se comunicam mais, se expressam mais e vejo isso de uma forma saudável e positiva. O Governo está fazendo aquilo que é correto. Incentivos fiscais para o comércio que existiam em Mato Grosso, não existiam em lugar nenhum do Brasil. Quando a gente corta isso, muda, é natural que as pessoas reclamem. Mas temos a tranquilidade de saber que estamos fazendo o que é melhor para a grande maioria da sociedade. 

 

MidiaNews – Sobre esse comentário da Federação de que a sua fala pode afugentar os comerciantes daqui, acredita que isso é possível ou eles estão fazendo algum tipo de terrorismo? 

 

Mauro Mendes – Eu não fiz nenhum comentário nesse sentindo. Apenas disse que o consumidor é inteligente. O consumidor sabe pesquisar preço. Hoje todo mundo tem na sua mão um celular, uma ferramenta para comparar preço de uma loja com outro, de um Estado com outro. Consumidor é livre, soberano e é o grande regulador do mercado. Não é o Governo, não são os empresários que determinam a vontade do consumidor, porque hoje as pessoas têm grande capacidade de se informar, de tomar as suas decisões. Nesse sentido, as pessoas precisam tomar cuidado, porque podem, ao fazer medidas não adequadas, criar problemas para si próprias. Foi nesse sentindo que eu disse. 

 

Agora, o Governo trabalha para estimular o desenvolvimento do Estado. O comércio é importante. A indústria é importante. O agronegócio é importante. A área de turismo é fundamental para os próximos anos no Estado. Por isso já estamos tomando uma série de medidas para ajudar no crescimento. Vamos ver os números nos próximos meses e anos e, aí, teremos certeza de quem estava certo. 

 

MidiaNews - Nos bastidores corre a informação de que o senhor ficou descontente com a atuação do líder do Governo, Dilmar Dal’Bosco, em uma votação em 2019. Que a relação de vocês ficou estremecida. Como está hoje? 

 

Mauro Mendes – O Dilmar tem uma forte ligação política e histórica com muito setores empresariais, muito antes, inclusive, de ser o nosso líder na Assembleia Legislativa. Nós temos que respeitar isso. E a defesa de interesses dentro da Assembleia é legítima, é natural, faz parte da democracia. Da nossa parte, estamos felizes, porque vencemos e aprovamos uma boa reforma para beneficiar a grande maioria da população. 

 

Estou satisfeito com os resultados que conseguimos em 2019 na Assembleia. Aprovamos todos os projetos que foram pautados de interesse da sociedade mato-grossense. 

 

MidiaNews – Analisa mudar a liderança para este ano?

 

Mauro Mendes – Vamos analisar esse cenário no reinício dos trabalhos legislativos. Mudanças são sempre possíveis, mas diria que o deputado Dilmar cumpriu muito bem a sua missão em 2019. 

 

Troca é sempre possível, seja de secretários, de adjuntos. A única que não é tão simples é do governador, que foi eleito e tem um mandato específico de quatro anos. Se eu cumprir o meu papel aqui e não contrariar nenhum dispositivo legal, fico quatro anos.

 

Agora, um secretário, um adjunto, um líder, qualquer cargo transitório, é possível mudar. Mas deixo claro que estou muito satisfeito com o deputado Dilmar Dal Bosco. Principalmente com os resultados que nós tivemos no relacionamento com a Assembleia. 

 

As pessoas dificilmente encontram coisas negativas para falar da minha atuação como agente público. Se não acham, inventam. Se não tem, criam ou tentam criar 

MidiaNews – E os deputados do PT, como tem visto? Apesar de o deputado Lúdio Cabral ter liderado a oposição à elevação da alíquota, chegou a defender o senhor em alguns outros momentos dentro da Assembleia. 

 

Mauro Mendes – Vejo isso como uma atuação parlamentar que em alguns momentos convergem com aquilo que o Governo pensa e em alguns momentos divergem. O que é absolutamente natural. Terrível seria alguém lá dentro sempre votando contra o Governo em projetos que sempre mandamos, que são de interesse da maioria da população. Agora, posições pessoais, pontuais, por fazer parte de um segmento, por estar defendendo determinados setores ao qual esse deputado é mais ligado, fazem parte da democracia e do processo de representação parlamentar. 

 

MidiaNews – Em setembro haverá a eleição da Mesa da Assembleia. O senhor defende que o atual presidente, deputado Eduardo Botelho, continue presidindo a Casa? 

 

Mauro Mendes – O Botelho, a meu ver, é um grande presidente. Goza da simpatia e da confiança dos seus pares e é isso que é importante. O governador deve se meter o mínimo possível nessa relação institucional, que é intra corporis da Assembleia Legislativa. 

 

O Botelho é uma pessoa de bem. É uma pessoa simples, coerente, extremamente acessível, de bom coração e é por isso que tem a simpatia da maioria dos seus pares. Ele tem um bom relacionamento com o Executivo. Vejo que ele também tem um bom relacionamento com o Ministério Público, com o Tribunal de Justiça, com o Tribunal de Contas, cumprindo bem o papel de presidente de uma instituição que se relaciona bem com os outros poderes.

 

Ele é um bom presidente para aquela Casa. Ele continuar como presidente por mais algum tempo é uma decisão que caberá aos 24 deputados. 

 

MidiaNews - Vários veículos nacionais e locais repercutiram o uso de uma verba, chamada de secreta, destinada ao Gabinete de Governo. Qual é o montante mensal dessa verba e para o que ela serve? E quanto foi gasto em 2019?

 

Mauro Mendes – Essa verba é um recurso para o gabinete e não para o governador, para custear uma série de despesas que aqui existem. Nós recebemos embaixadores, ministros... Eu viajo para Brasília, faço viagens internacionais. Temos a segurança institucional do gabinete, não é só do governador. Existe um conjunto de despesas que são pagas com essa verba que existe aqui, pela notícia que nos foi passada, desde a época do ex-governador Blairo Maggi e que existe nos gabinetes de Governo de todos os estados e até no Palácio da Alvorada com o presidente Jair Bolsonaro. É gasto dentro das regras estabelecidas com o Tribunal de Contas. 

 

Eu não tenho o levantamento de quanto foi gasto no ano passado. Mas é gasto exclusivamente com o custeio das despesas institucionais que temos aqui no Palácio Paiaguás. 

 

Ao longo dos quatros anos que estive como prefeito de Cuiabá, e nesse primeiro ano como governador, as pessoas dificilmente encontram coisas negativas para falar da minha atuação como agente público. Se não acham, inventam. Se não tem, criam ou tentam criar. Mas isso não pega, porque sempre fui um cara correto. Saí da Prefeitura de Cuiabá, assim como todos os meus secretários, sem nenhuma ação de improbidade administrativa. Isso é raro na política de Mato Grosso. 

 

 

MidiaNews – Não acha que o uso dessa verba tem que ser mais detalhada?

 

Mauro Mendes – Eu cumpro a regra que existe aqui há quase 20 anos. 

 

Quem me conhece sabe que não sou um homem de ficar em cima do muro. Sempre fui um homem de posições e falo, com clareza o que penso e respeito as opiniões contraditórias

MidiaNews - Três nomes de seu grupo político querem se candidatar ao Senado: Júlio Campos, Carlos Fávaro e Otaviano Pivetta. Dois deles ficarão a ver navios em relação a seu apoio. Como contornar um possível mal-estar em seu grupo?

 

Mauro Mendes – Primeiro que é muito cedo ainda para a gente fazer esse tipo de análise, porque o cenário não está definido ainda e é natural que as pessoas se apresentem, que elas dialoguem, conversem sobre política, que expressem suas vontades e desejos de ser candidato à vaga do Senado. Eu vou me pronunciar sobre isso quando o cenário estiver definido. Quando as inscrições, as candidaturas, forem efetivamente realizadas. Até lá, respeito todos. Tenho amigos em vários campos políticos. O Neri Geller é nosso líder da bancada, temos outros deputados federais, estaduais que estão falando em candidatura. Com todos tenho algum nível de amizade ou de relacionamento institucional. Vamos, primeiro, esperar a definição do cenário para uma posterior análise de posicionamento político por parte da minha pessoa como governador de Mato Grosso. 

 

MidiaNews – O senhor defende uma candidatura do seu partido?

 

Mauro Mendes – O partido tem autonomia para isso. Todos os partidos postulam ocupar cargos que são colocados em disputa. Mas não posso, como governador, defender apenas o meu partido. A democracia não é feita com um único partido. Temos que conviver com todos aqueles que nos apoiaram, inclusive os que não apoiaram. Não podemos fazer política olhando só para o nosso partido. 

 

MidiaNews - O ex-governador Júlio Campos sugeriu que o senhor fique neutro na eleição suplementar de modo a não criar mal-estar entre seus aliados. 

 

Mauro Mendes – Vamos estudar o cenário. Quem me conhece sabe que não sou um homem de ficar em cima do muro. Sempre fui um homem de posições e falo, com clareza o que penso e respeito as opiniões contraditórias, mas nunca tive muito esse estilo. Por isso, vou esperar um pouco mais para ver o cenário das candidaturas para que eventualmente tomemos uma posição. Até lá, meu foco é na gestão e na entrega de resultados para população. 

 

MidiaNews - O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) entrou em seu último ano de gestão. Ele foi o seu sucessor no Alencastro. Qual a análise faz da gestão dele, inclusive do ponto de vista fiscal? Tem pontos positivos?

 

Mauro Mendes – Não conheço detalhadamente o que está acontecendo na Prefeitura de Cuiabá. Mas as informações que nos tem chegado é de fornecedores que relatam seis, oito, dez meses de atraso. Isso me preocupa. O Governo do Estado, em janeiro, tinha seis, oito meses de atraso. Estamos, agora, entrando em 2020 colocando todos os fornecedores com pagamento em dia, assim como colocamos os poderes, as prefeituras... Então, estamos em um momento inverso. O Estado melhorando em um ano e a Prefeitura piorando muito em três anos. 

 

O índice de gestão fiscal da Prefeitura de Cuiabá, segundo a Firjan [Federação das Indústrias do Rio de Janeiro], mostra que quando deixei a Prefeitura, a Capital era a 11ª colocada. Em dois anos, ele a colocou em 23ª colocada entre as capitais brasileiras. Então, me preocupa, como cuiabano, como governador, como cidadão que vive nesta cidade. Porque, é uma cidade endividada, quebrada e em pouco tempo teremos um caos. 

 

 

 

MidiaNews – O prefeito vem fazendo alguns empréstimos que foram aprovados pela Câmara. Acredita que ele pode deixar uma bomba-relógio para sucessor?

 

Mauro Mendes – A informação que me chegou é que Cuiabá já é nota C no Tesouro. Quem tem nota C não vai pegar mais nenhum empréstimo com aval do Tesouro. Portanto, isso restringe muito a capacidade dele endividar o Município. 

 

Ele [Emanuel Pinheiro] deu uma declaração que eu estava encantado com a administração dele e aquilo me irritou

Saí da Prefeitura de Cuiabá e deixei todos os fornecedores pagos. Saí de lá no dia 31 de dezembro e paguei o mês de dezembro para os fornecedores da Infraestrutura, da Educação.

 

Na Saúde foi o único caso que teve um pouquinho de dívida, porque não recebemos do Governo do Estado como deveríamos ter recebido. Mas a grande maioria dos nossos fornecedores recebia em até 30 dias da entrega da nota à Prefeitura. Os números atuais mostram uma realidade totalmente diferente. 

 

Mas eu prefiro não avaliar o perfil dele. Prefiro dizer que o meu perfil foi o de sempre falar a verdade, ser honesto e trabalhar com transparência. Todos os meses publico, desde o primeiro dia do meu mandato, o quanto o Governo arrecada, para onde é locado. Publico, de maneira simples e o objetiva, aquilo que é feito com o dinheiro arrecado no Estado. Eu trabalho com verdade e transparência. 

 

MidiaNews – O senhor está sugerindo que o prefeito Emanuel Pinheiro mente?

 

Mauro Mendes – Eu deixo para a população responder essa pergunta. 

 

MidiaNews –  O senhor citou essa diferença de perfil entre vocês dois e no último ano vocês chegaram a trocar farpas publicamente em várias ocasiões. A postura do prefeito é que fez com que o senhor se distanciasse dele? O senhor chegou a chamá-lo de "mentiroso" em uma oportunidade. É isso mesmo que o senhor pensa dele?

 

Mauro Mendes – Porque ele falou algumas coisas que não eram verdades. Ele deu uma declaração que eu estava encantado com a administração dele e aquilo me irritou. A mentira me irrita.

 

Ele disse uma coisa que não era verdade. E as inverdades me irritam. Aí eu disse que ele estava mentindo, porque nunca disse, em lugar nenhum, que estava encantado. Aliás, muito pelo contrário. 

 

 

MidiaNews – Outra coisa que o prefeito diz é que o senhor está ilhado dentro do DEM, porque, segundo ele, muitos membros apoiariam a reeleição. Isso procede?

 

Mauro Mendes – [Risos] O tempo é o senhor da verdade. A crença dele de que o DEM vai apoiá-lo é igual a crença que o Pedro Taques tinha em 2018 que o DEM iria apoiá-lo. 

 

MidiaNews – Acredita que ele terá dificuldade para conseguir apoio para sair à reeleição? Ele diz que tem apoio de mais de 13 siglas. 

 

Mauro Mendes – [Risos] É muito parecido com o que o Pedro Taques dizia em 2018. 

 

MidiaNews – O senhor acha que ele terá facilidade nas eleições deste ano, assim como prega?

 

Mauro Mendes – [Risos] Trajetórias parecidas podem levar a resultados parecidos. 

 

MidiaNews – Diria então que não há nenhuma possibilidade do DEM compor com o Emanuel?

 

Mauro Mendes – O DEM já decidiu isso, gente, pelo amor de Deus! Que dificuldade que vocês têm, até na imprensa, de entender uma declaração oficial que já foi feita do presidente do DEM [Fabio Garcia] e vários outros membros?

 

Nós tomamos uma decisão em uma reunião da executiva estadual, em que  estavam presentes Jaime Campos, Júlio Campos, Eduardo Botelho, Mauro Carvalho, Dilmar Dal’Bosco e vários outros membros, que em Cuiabá o DEM terá candidato próprio. Assim como em Várzea Grande e em outros municípios importantes do Estado.

 

Queremos ter candidaturas com bons nomes, principalmente em lugares onde achamos que as pessoas que lá estão, hoje, não estão fazendo um bom trabalho. Isso foi uma decisão do Democratas. Qualquer coisa diferente disso é fofoca ou especulação da política. 

 

 

MidiaNews – E quando sai o nome do candidato  o DEM?

 

Mauro Mendes - Em março sai o nome do DEM.

 

Em Cuiabá o DEM terá candidato próprio. Assim como em Várzea Grande e em outros municípios importantes do Estado

MidiaNews - Entre os cotados do DEM para as eleições de 2020, qual o senhor vê mais viabilidade?

 

Mauro Mendes – Todos os nomes citados têm grandes predicados. O Mauro Carvalho tem predicados enormes. O Gilberto Figueiredo é um grande gestor.  Está fazendo um belíssimo trabalho na Saúde. Olha o que aconteceu em 2019 na Saúde de Mato Grosso. O Fabinho [Fábio Garcia] é uma pessoa altamente carismática. Foi deputado federal, conhece muito bem Cuiabá, tem um histórico familiar na política. Recentemente, entrou a cogitação do nome do Marcelo Padeiro [secretário de Infraestrutura], um homem que já contribui tanto para administração, desde Dante de Oliveira.

 

Roberto França, ex-prefeito, também tem uma profunda ligação com a história recente da cidade. Nós temos grandes nomes que poderão ser apresentados ao debate político e até março vamos definir quem será o nosso candidato. 

 

MidiaNews – Pretende participar ativamente da campanha, sair às ruas, pedir voto?

 

Mauro Mendes – O meu principal papel, como governador, não é participar das eleições seja de qualquer Município. Como governador, terei uma postura de governar Mato Grosso durante o período eleitoral. Posso até participar junto do meu partido, junto com meus aliados, eventualmente de algumas campanhas.

 

Mas não terei condições de participar em todos os municípios. Agora, eu moro em Cuiabá, sou um cidadão cuiabano, fora do meu horário tenho o direito de fazer o que bem entender. E, provavelmente, vou participar, sim, ativamente. Como já disse, não sou um homem que fica em cima do muro. 

 

MidiaNews – Para encerrar, qual análise faz da gestão do presidente Jair Bolsonaro?

 

Mauro Mendes – O presidente Bolsonaro enfrentou um ano com muita turbulência, com muitas conversas, muitas crises geradas por diversas situações. Mas o mais importante é que iniciamos 2020 com um cenário positivo. Com a economia indo bem, com a menor taxa de juros de todos os tempos. A

 

inflação sob controle. Uma perspectiva de crescimento do PIB, de geração de emprego em alta. Investimentos estrangeiros no País mostrando a credibilidade em alta. A menor taxa de risco das últimas décadas. Então, muito mais do que avaliar o presidente Bolsonaro ou o governador Mauro Mendes ou qualquer prefeito desse País, é avaliar os resultados que estamos entregando. E vejo que, neste momento, os resultados são bons e as perspectivas melhores ainda. 

 

Midia News – Então, o presidente deve terminar o mandato com uma grande gestão?

 

Mauro Mendes – Deve ser um 2020 bom ou melhor do que foi 2019. Ano a ano. Passo a passo se constrói a imagem e o conceito de uma administração.

 

 

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Patropi  21.01.20 07h28
Eae Governador, que maneira é essa de governar, hoje o Etanol amanheceu no valor de R$ 3,17 em alguns postos da capital, é o segundo aumento em um mês. O povo paga do bolso, diferença dos Senhores que nós os trabalhadores pagamos suas despesas através dos nossos impostos
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0
SEBASTIÃO  20.01.20 16h38
SEBASTIÃO, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
alex r   20.01.20 14h49
Conversa pra boi dormir...
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Carlos Wilson  20.01.20 13h02
PARABENS GOV O SR ESTA ARRUMANDO A CASA MESMO!
0
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Wilsin  19.01.20 12h26
Wilsin, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas