A empresária Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal, investigada na Operação Castelo de Areia, afirmou nesta quarta-feira (12) que não participou do esquema de estelionato investigado pela Polícia Civil.
Em interrogatório, ela chorou e disse que apenas assinava papéis - sem ler - para o seu marido Walter Dias Magalhães Júnior, acusado de ser o líder das tratativas.
A ação penal derivada da Castelo de Areia apura esquema de estelionato supostamente praticado por meio da empresa Soy Group em todo o Estado. De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), o prejuízo às vítimas teria ultrapassado os R$ 50 milhões.
Alem de Shirlei e do marido, que está preso, são réus no processo o ex-vereador João Emanuel; o irmão do ex-vereador, o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima; o pai dos dois, o juiz aposentado Irênio Lima; o empresário Marcelo de Melo Costa; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin.
A audiência é conduzida pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
Confira como foi a audiência:
"Não sei do que estou sendo acusada" (atualizada às 14h24)
Shirlei Aparecida afirmou acreditar que a denúncia é falsa, mas que na verdade não sabe exatamente do que está sendo acusada. Ela relatou como conheceu o marido, Walter Magalhães.
"Eu tinha um apartamento e o Walter era amigo de uma pessoa conhecida minha que queria comprar o imóvel e nos conhecemos nessa negociação, passamos a nos encontrar".
"Ele [Walter] sempre mexia com compras de fazendas e grãos".
"Assinava sem ler" (atualizada às 14h29)
A acusada afirmou que não se lembra da data em que o marido adquiriu a Soy Group. Ela disse que é leiga nesses assuntos e que apenas assinava alguns papéis para seu marido, sem ler.
"Eu só assinava alguns papeis que ele [Walter] pedia. Eu assinava sem ler, mesmo se eu lesse eu não ia entender. O Walter sempre esteve à frente de tudo na nossa casa. Eu nunca participei de nada, nunca sentei para falar disso com ele [Walter].
Acusada chora (atualizada às 14h36)
A juíza perguntou se Shirlei não notou um acréscimo na vida financeira do marido.
"Ele sempre teve essa vida aí, carros. Eu pensei que estava tudo normal".
Selma Arruda também questionou se ela sabia qual era a participação dentro da empresa em relação aos demais acusados.
"Ele [João Emanuel] era administrador da empresa. O Lázaro eu não sei, acho que era advogado. O Evandro era consultor. O chinês ficava lá, mas de repente ele sumiu".
"Eu não sei por que fui presa" (atualizada às 14h45)
Na oitiva, Shirlei reforçou não saber que crimes cometeu e nem o porquê de ter sido presa na época da operação, no ano passado.
"Eu não sei por que fui presa. Sei pelo pouco que as pessoas falam, que demos um golpe de R$ 500 milhões, só que a gente nunca teve isso", disse ela, chorando.
Shirlei afirmou que a sede da Soy Group em Várzea Grande pertence ao seu pai.
"Eu não tinha diálogo de negócios com ele, porque eu não tinha paciência. Eu ia lá no banco, conversava com o gerente, e ele me passava os dados, senha. Eu chegava e passava para o Walter, quando precisava pegar dinheiro, transferência. Eu entregava tudo na mão dele".
"Ele [Walter] sempre fala que tudo isso vai ser esclarecido e que ele não fez isso, ele sempre falou isso para mim".
Operação Castelo de Areia
A operação Castelo de Areia foi deflagrada no dia 26 de agosto pela Polícia Civil, que apura crimes de estelionato supostamente praticados pela empresa Grupo Soy em todo o Estado.
As vítimas eram pessoas com poder aquisitivo alto, como produtores rurais, empreiteiros e empresários.
O inquérito policial foi concluído no dia 1° de setembro pela Delegacia Regional de Cuiabá, em parceria com a Delegacia de Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
Conforme o relatório, assim que os “diretores” conseguiam fazer com que o cliente realizasse o adiantamento, o dinheiro era rapidamente dividido entre eles.
“O grupo agia da forma que assim que recebiam os adiantamentos pedidos das vítimas, essa quantia era imediatamente repassada às contas bancárias do grupo e, em seguida, dividida entre os demais envolvidos no esquema", diz trecho do relatório.
Segundo o delegado Luiz Henrique Damasceno da Delegacia Regional de Cuiabá, uma vítima do esquema afirmou que João Emanuel, vice-presidente da SoyGroup, teria utilizado um falso chinês para ludibriá-la em um suposto investimento com parceria com a China.
A vítima teria emitido 40 folhas de cheque que somam R$ 50 milhões nas tratativas, que eram “traduzidas” pelo próprio ex-vereador.
João Emanuel foi preso preventivamente pela Polícia Civil no dia 26 de agosto de 2016, mas por decisão do desembargador Pedro Sakamoto, do TJ-MT, cumpriu parte da pena em regime domiciliar.
No entanto, um laudo médico comprovou que o ex-vereador se encontrava em bom estado de saúde e ele foi detido em setembro de 2016 no Centro de Custódia da Capital, desta vez em decorrência da Operação Aprendiz.
Ainda, em setembro de 2016, a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, recebeu uma nova denúncia contra a suposta quadrilha.
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1 Comentário(s).
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ROBERTO 12.07.17 14h54 |
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