Cuiabá, Sábado, 21 de Junho de 2025
VEJA O VÍDEO
30.09.2016 | 15h08 Tamanho do texto A- A+

Alvo da Sodoma, empresário entrega passaporte no Fórum

Alan Malouf deverá cumprir medidas cautelares para ficar em liberdade

Marcus Mesquita/MidiaNews

O empresário Alan Malouf, que compareceu ao Fórum

O empresário Alan Malouf, que compareceu ao Fórum

LUCAS RODRIGUES E THAÍZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

O empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, compareceu na Vara Contra o Crime Organizado , no Fórum de Cuiabá, na tarde desta sexta-feira (30), para entregar seu passaporte à juíza Selma Arruda, titular da vara (veja o vídeo abaixo).

 

Alan Malouf foi alvo de busca e apreensão da 4ª fase da Operação Sodoma, deflagrada nesta semana pela Delegacia Fazendária (Defaz).

 

Ele é suspeito de ter colaborado em um suposto esquema em que o Estado pagou uma desapropriação em uma área do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, no valor de R$ 31,7 milhões, à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários.

 

Além da irregularidade e do superfaturamento no valor, 50% do montante pago à empresa (R$ 15,8 milhões) teria “retornado” à organização criminosa, supostamente liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

 

Na decisão que deflagrou a operação, a juíza determinou que Alan Malouf e o empresário Valdir Piran Júnior, também investigado, cumpram cinco medidas cautelares para permanecerem em liberdade.

 

Alan Malouf e Piran Júnior ficaram obrigados a entregar seus passaportes à juíza, para evitar riscos de fugirem do país.

 

Eles também devem comparecer ao Fórum todo dia 30 para informar endereço e justificar atividades; estão proibidos de se ausentarem da região de Cuiabá sem autorização da Justiça e de frequentar órgãos públicos do Estado; e também não podem manter contato com os demais acusadores, colaboradores ou testemunhas

da Sodoma.

 

A Operação Sodoma 4 prendeu o ex-secretário de Estado de Planejamento Arnaldo Alves, o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, e o empresário Valdir Piran.

 

Também tiveram mandados de prisão cumpridos o ex-governador e o ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi que já se encontravam detidos no Centro de Custódia da Capital.

 

 

Investigado na Sodoma

 

Segundo as investigações, Alan Malouf teria recebido dinheiro oriundo de desvios e de propina, no valor de R$ 1 milhão, como pagamento pela realização da festa de posse do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), ocorrida em 2011.

 

A informação foi confirmada pelo ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, que confessou ter agilizado o levantamento do montante.

Segundo Nadaf, Alan Malouf foi até à Casa Civil, entre o final de 2013 e início de 2014, falar com ele sobre o não pagamento do débito.

 

O ex-secretário então passou a demanda a Silval Barbosa, que determinou que Nadaf arrumasse dinheiro desviado para pagar metade da dívida, sendo que os outros R$ 500 mil Silval iria “determinar que Maurício Guimarães pagasse mediante recursos desviados da Secopa”.

 

“Que o interrogando chegou de participar de uma reunião junto com Maurício Guimarães e Alan Malouf na sala do interrogando na Casa Civil, onde Maurício Guimarães se comprometeu a quitar com Alan o valor de R$ 500 mil da dívida”, diz trecho do depoimento.

 

Apesar do combinado, o ex-secretário chefe da Casa Civil relatou que Maurício Guimarães não cumpriu a determinação e pagou somente R$ 50 mil dos R$ 500 mil que deveria repassar ao sócio do buffet.

 

Dessa forma, coube à Nadaf viabilizar outros meios para pagar os R$ 950 mil restantes a Alan Malouf.

 

“Que para pagar esse montante da dívida de Silval Barbosa com o buffet, o interrogando, pelo que se recorda, usou de valores obtidos em vários esquemas de desvio de dinheiro público e pagamentos de propinas pela organização criminosa”.

 

Nadaf relatou que, para levantar o montante, utilizou R$ 200 mil que recebeu no esquema investigado na 4ª fase da Sodoma, ou seja, o desvio de cerca de R$ 15,8 milhões por meio do pagamento da desapropriação de uma área, no valor de R$ 31,7 milhões, à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários.

 

Outros R$ 150 mil, segundo o ex-secretário, foram conseguidos no esquema apurada na Operação Seven: a compra de uma área de terra na região do Manso, de forma duplicada e superfaturada, por R$ 7 milhões.

 

Mais R$ 200 mil, conforme Nadaf, foram conseguidos por meio de parte do dinheiro de propina obtido da Construtora Ampla, “além de outras fontes de dinheiro ilícito que não se lembra no momento”.

 

“Os pagamentos foram entregues em mãos para Alan Malouf, que tinha ciência de que esses pagamentos eram oriundos de desvios de recursos públicos”.

 

Nadaf ainda revelou que, em 2014, ocultou R$ 1,5 milhão recebidos a título de propina com o empresário. No depoimento, Nadaf disse que, além dele, o ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves – preso nesta segunda-feira (26) -, também entregou a Alan Malouf parte do dinheiro que recebeu como participação na cobrança de propinas.

 

Os valores entregues ao empresário, segundo Nadaf, foram investidos e geraram lucro. Conforme o depoimento, Nadaf e Arnaldo se reuniram com Alan, que concordou em “aplicar” tais valores.

 

“Restando combinado que ele (Alan) pagaria ao interrogando e Arnaldo o valor de 1% ao mês. Tendo Alan Malouf conhecimento da origem ilícita dos valores”, diz trecho do depoimento.

 

Nadaf ainda revelou à Defaz que os valores repassados a Alan foram feitos através de cheques e em espécie, todos eles recebidos pelo procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, e pelo empresário e delator Filinto Muller.

 

Além disso, o ex-secretário disse que, atualmente, por conta da valorização, o montante entregue ao empresário já deve ter passado de R$ 1,7 milhão.

 

O ex-secretário declarou que, além de investir sua parte da propina, a negociação com Alan teve como objetivo ocultar o dinheiro que não tinha origem legal.

 

À Defaz, Nadaf declarou que, nesta época, Alan ainda prometeu lhe pagar R$ 100 mil, "por tê-lo ajudado a receber propina de empresários para influir em atos praticados no Governo atual, que irá melhor relatar em momento oportuno”.

 

Leia mais:

 

Nadaf diz ter ocultado R$ 1,5 milhão de propina com empresário

Silval pediu para pagar dívida com buffet com propina da Secopa

Ex-secretários “lavaram” dinheiro com sócio de buffet, diz Defaz

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia