O empresário Flávio Henrique Lucas e a cirurgiã-dentista Mara Kenia Dier Lucas, condenados a 42 anos de prisão em regime fechado por tráfico de drogas e associação para o tráfico, alugavam carros na empresa Localiza Rent a Car, e montavam compartimentos secretos para armazenar drogas.
A informação consta na decisão do juiz Douglas Bernardes Romão, da 1ª Vara Criminal de Barra do Garças.
Segundo o inquérito, o complexo esquema de Flávio e Mara, que eram responsáveis pela gestão financeira, operacional e logística de uma organização criminosa, tinha como fachada a empresa deles, a "Premium Multimarcas", de venda de automóveis, localizada em Cuiabá.
Após a locação, que era realizada por Mara, os veículos eram levados para oficinas "parceiras", especializadas na confecção dos compartimentos ocultos, conhecidos como "mocós", e depois eram preenchidos com drogas, que eram transportadas a outros estados, em especial para a região Nordeste.
"Os autos evidenciam uma complexa logística criminosa, com a utilização de veículos alugados por terceiros para o transporte das substâncias ilícitas, parceria com oficinas especializadas na confecção de compartimentos ocultos (“mocós”) e a execução de operações típicas de uma estrutura empresarial voltada para o tráfico", disse o juiz.
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"O envolvimento de múltiplos agentes em diferentes funções, desde a captação de veículos até a distribuição da droga, reforça a natureza estruturada do grupo criminoso", acrescentou.
Segundo as investigações do caso, Thiago de Oliveira, outro integrante do escalão intermediário da quadrilha, era o principal aliciador das "mulas" que transportariam a carga. As "mulas" foram identificadas como John Carlos Lemos da Silva, Tomaz Camilo Vieira Guimarães, e Kelvin Diego Minott Egues.
"Foi encontrado dentro do veículo um contrato de locação desse veículo que estava em nome da senhora Mara. Nós requisitamos junto à operadora Localiza esse contrato, veio o contrato aqui que realmente o veículo foi locado pela senhora Mara e ela apresentou como condutor o John Carlos", disse o delegado de Polícia Federal José Félix Jesus da Rocha, que conduziu as investigações.
A prisão de John Carlos, uma das "mulas", deu início à investigação contra o grupo criminoso.
Modificações em carros
Segundo o delegado, as oficinas e funilarias onde eram realizadas as modificações não foram identificadas na operação. Porém, ele afimou que além de fundos falsos, a droga também era colocada em anexos nos veículos, como em caixas de som.
Reprodução
Foto mostra "mocó" usado em carros para esconder drogas de grupo criminoso
“Não há nenhuma dúvida de que eles eram os mentores, os financiadores e [...] além do tráfico de drogas, se associaram para o tráfico e financiaram o tráfico. Tanto a Mara, o Flávio quanto o Thiago. Quanto ao John Carlos, ao Tomaz Camilo e ao Kelvin, eles eram mulas”.
Ainda de acordo com o juiz, foi comprovado que após a prisão de John Carlos, Flávio e Mara pagaram R$ 5 mil ao advogado dele, após cobrança de sua esposa, identificada como Laryssa.
"Em mensagem enviada em 09/11/2023, 20:30:39, Laryssa cobra providências de Flávio e Mara em relação ao pagamento de advogado ao seu companheiro, John Carlos, preso em 18/8/2023, transportando entorpecentes em um veículo Hyundai Creta, Placa RUL7B53, alugado pela acusada Mara Kenia junto à empresa Localiza Rent a Car", consta na decisão.
As "mulas"
John Carlos foi preso em agosto de 2023 com 30 kg de cocaína e pasta base, Tomaz Guimarães em dezembro de 2023, em Vitória da Conquista (BA), com 60 kg de maconha e 40 kg de cocaína, e Kelvin Egue em fevereiro de 2024, em Rio Verde (GO), com 18kg de cocaína.
"Acho que o que foi preso aqui, o John Carlos estava levando o entorpecente para Goiânia; o Tomaz Camilo foi preso na Bahia, com certeza a droga seria destinada para a Bahia; e o que foi preso em Jataí a gente não sabe, mas suspeita-se também que o entorpecente ia ser levado para o Nordeste", disse o delegado José Felix.
Na sentença ainda consta trecho de depoimento do escrivão da Polícia Federal, Marcos Alves dos Santos, que foi um dos responsáveis pela análise dos celulares apreendidos, no qual revela que Tomaz Guimarães teria cobrado pagamento por cinco transportes que havia feito.
"Além disso, ele mencionou que “liberdade não tem preço”, indicando a consciência dos riscos envolvidos. O contato entre Tomaz e o casal era antigo, pois ele também prestava serviços para a “Premium Multimarcas”".
Já Kelvin Egue, o último a ser preso enquanto fazia o transporte da droga, em Goiânia, afirmou que havia combinado com Flávio Lucas receber R$ 10 mil.
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