A psicóloga Geiziane Rodrigues Antelo, ex-esposa do ex-secretário de Estado de Industria, Comércio, Minas e Energia, Pedro Nadaf, negou que os US$ 2,3 mil dólares apreendidos em sua residência tenham alguma ligação com a propina supostamente recebida por seu ex-companheiro.
A declaração foi dada à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, durante depoimento na audiência da ação penal da Operação Sodoma, nesta sexta-feira (05).
A operação, deflagrada em setembro de 2015, resultou na prisão de Nadaf, do ex-governador Silval Barbosa e do ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi. Os
três estão detidos no Centro de Custódia da Capital.
Eles são acusados de integrar esquema que teria lucrado R$ 2,6 milhões, entre 2013 e 2014, por meio de cobrança de propina para a concessão de incentivos fiscais pelo Prodeic (Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso).
Segundo Geiziane Rodrigues, que atua como servidora do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), os dólares que a Polícia Civil encontrou em sua casa eram “troco” de viagens que ela fazia ao exterior.
"Já fiz várias viagens para os Estados Unidos. Este valor era de troco destas viagens. Também estava com uma viagem marcada para Nova York, cheguei a mostrar as passagens para a delegacia. Com todo o ocorrido, tive que abortar esta viagem", alegou.
Outro questionamento feito à Geiziane Rodrigues foi em relação às investigações da Delegacia Fazendária, que apontaram que cheques emitidos pelo empresário e delator do esquema, João Batista Rosa, através da empresa Tractor Parts, foram depositados na conta pessoal da psicóloga.
Em sua defesa, Geiziane Rodrigues disse que não sabia desses depósitos até a deflagração da operação.
“Só tomei conhecimento dos cheques depositados em minha conta quando fui até a delegacia [Fazendaria]. Os depósitos eram feitos pelo Pedro [Nadaf], para pagar as despesas de casa", depôs.
Operação Sodoma
Além de Nadaf, Silval e Cursi, também são réus na ação penal da Sodoma: Francisco Andrade de Lima Filho, o Chico Lima, procurador aposentado do Estado; Sílvio Cézar Corrêa Araújo, ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa; e Karla Cecília de Oliveira Cintra, ex-secretária de Nadaf na Fecomércio.
Eles respondem pelos crimes de organização criminosa, concussão, extorsão e lavagem de dinheiro.
Ao receber a denúncia, a juíza Selma Arruda relatou que, segundo o MPE, o empresário e delator João Batista Rosa foi obrigado a abrir mão de um crédito de R$ 2 milhões que suas empresas tinham direito, para poder incluir as mesmas no Prodeic, programa que concede benefícios fiscais.
Após, ele teve que pagar propinas mensais ao grupo comandado por Silval, Nadaf e Cursi porque, segundo ele, percebeu “que havia caído em uma armadilha ao abrir mão do crédito de ICMS, eis que tal renúncia é irretratável”.
Os pagamentos totais das propinas, conforme a denúncia, chegaram a R$ 2,5 milhões e teriam sido exigidos por Pedro Nadaf a mando de Silval Barbosa, no intuito de saldar dívidas de campanha do ex-governador.
Selma Arruda ainda destacou a participação da ex-secretária da Fecomercio, Karla Cintra, acusada de ter se prestado a receber os valores pagos a título de propina, por meio de empresa da qual era sócia, a mando de Nadaf.
Já o ex-procurador Chico Lima foi descrito pela magistrada como o integrante que tinha o papel de promover a lavagem de dinheiro, por ordem de Silval Barbosa, junto a uma empresa de factoring.
“Francisco, a mando de Silval e em comunhão de ações com os demais, teria efetuado pessoalmente as trocas dos primeiros cheques recebidos pela organização na factoring referida (FMC), no total de R$ 499,9 mil, dividida em 6 cheques de valores iguais”, narrou.
O ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Silvio Araújo, também passou a ser réu em razão de supostamente ter recebido R$ 25 mil do dinheiro da propina, o que, em tese, configura lavagem de dinheiro.
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1 Comentário(s).
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Nhara 06.02.16 18h32 |
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