Cuiabá, Segunda-Feira, 13 de Outubro de 2025
19 ANOS DE PRISÃO
20.11.2017 | 15h55 Tamanho do texto A- A+

Juíza condena dupla que roubou e esfaqueou designer de joias

Um dos criminosos era ex-funcionário da vítima Carmem De Lamonica

MidiaNews

Fachada da joalheria Carmem D' Lamonica, que foi alvo de assalto

Fachada da joalheria Carmem D' Lamonica, que foi alvo de assalto

LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO

A juíza Silvana Ferrer Arruda, da 5ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou a dupla Adilson Junior Gomes Soares e Wuilque Lourenço dos Santos a 19 anos e nove meses de prisão, por terem roubado, esfaqueado e tentado matar a designer de joias Carmem De Lamonica Freire.

 

A decisão foi dada na última terça-feira (14) e cabe recurso. Os dois, todavia, não receberam o direito de recorrer em liberdade.

 

De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), o crime ocorreu no dia 30 de julho de 2016, ocasião em que Adilson e Wuilque invadiram armados a Joalheria Carmem D’ Lamonica e roubaram um relógio Rolex avaliado em R$ 150 mil, além de diversas peças de ouro, prata e pertences dos funcionários.

 

Para efetivar o crime, Adilson – que era ex-funcionário da loja – interfonou pedindo para falar com um dos empregados, Sidnei Lima. Quando o empregado abriu a porta, foi abordado por Wuilque, que apontou o revólver, anunciou o assalto e ordenou que todos deitassem no chão.

 

Em seguida, Adilson entrou na joalheria e disse “Eu não falei que iria voltar nessa desgraça?”. O MPE destacou que Adilson é filho da empregada doméstica dos donos da joalheria (Carmem e Fernando De Lamonica) , e que a mesma trabalha com a família há 16 anos.  

 

Dando continuidade ao roubo, Wuilque passou a vigiar as vítimas rendidas enquanto Adilson pegou uma mochila para guardar os objetos roubados.

 

“Na sequência o denunciado Adilson foi até a cozinha, pegou uma faca e desferiu um golpe no pescoço da vítima Carmem, causando um grande corte, além de vários chutes nas costas. A vítima Fernando também levou chutes de Adilson. Durante as agressões Adilson afirmava: ‘Morre desgraçada, se você não morrer agora, vou voltar para te matar e se chamar a polícia eu retorno e te mato’”.

Durante as agressões Adilson afirmava: ‘Morre desgraçada, se você não morrer agora, vou voltar para te matar e se chamar a polícia eu retorno e te mato’

 

Após roubarem os objetos de valor, eles pegaram a moto de Sidnei Lima e fugiram, abandonando o veículo em um matagal.

 

Posteriormente, os dois foram capturados e confessaram os crimes.

 

A condenação

 

Na decisão, a juíza Silvana Arruda afirmou ter ficado que Adilson Soares atentou contra a vida da empresária Carmem De Lamonica, com a ajuda de Wuilque Santos, assim como a dupla roubou não só a joalheria, mas a motocicleta de Sidnei Lima.

“Diante do exposto acima, conforme denúncia, os acusados praticaram crime de roubo duplamente majorado por duas vezes em concurso com latrocínio tentado [...]

 

Em outras palavras, considerando a violência empregada contra a vítima Carmen, durante a prática do roubo, capaz de tipificar o latrocínio, não há falar-se em desclassificação”.

 

A magistrada citou o depoimento das vítimas do crime para embasar a condenação.

 

Na oitiva, a empresária Carmem De Lamonica contou que a mãe de Adilson, que era sua empregada doméstica há 16 anos, pediu um emprego para seu filho, “pois tinha receio que ele se tornasse bandido”.

Disse também que o acusado Adilson além de golpear seu pescoço ainda lhe deu uma facada no ombro, que foi até o osso


“A vítima disse que o acusado Adilson chegava na joalheria por volta do meio dia, almoçando no local, começando a trabalhar por volta das 14horas e saindo às 17horas, tendo tratamento diferenciado, inclusive tinha confiança de saber onde as joias eram guardadas”. 

 

A empresária relatou que Adilson era um funcionário de sua inteira confiança, pois o conhecia desde os dois anos de idade

Durante o assalto, segundo Carmem, Adilson mandava a todo momento que Wuilque “matasse todo mundo”.

 

“Pontuou que o acusado Adilson foi até a cozinha e pegou uma faca de cortar carne. Assim, com a faca em mãos golpeou a vítima no pescoço, deixando uma enorme cicatriz que a obrigou a levar 14 pontos. Disse também que o acusado Adilson além de golpear seu pescoço ainda lhe deu uma facada no ombro, que foi até o osso, sendo que os ferimentos sofridos pela vítima sagravam muito”.

 

Carmem De Lamonica testemunhou que o roubo durou cerca de 17 minutos e que os bandidos levaram um total de R$ 300 mil em joias, “tendo que fechar o estabelecimento para pagar os prejuízos tidos com o assalto”.

 

O marido de Carmem, Fernando De Lamonica, confirmou os fatos e disse que Adilson praticamente morava com sua família “e que sempre prestou auxílio material e educacional ao réu, não entendendo o que motivou essa atitude”.

“Afirmou que a mãe do acusado Adilson pediu para a vítima que lhe ensinasse a profissão de ourives, pois temia que o mesmo se tornasse bandido, pois ele tinha um gênio muito forte e que olhava para a sua esposa Carmem com olhar de ódio. Quanto ao assalto disse que o acusado Wuilque era quem empunhava a arma de fogo, mas que o acusado Adilson no dia do delito se apresentava fora de si”.

“Disse também que foi agredido pelo acusado Wuilque, que lhe deu um soco no ouvido. Confirmou que foi o acusado Adilson que esfaqueou sua a esposa com a faca que pegou na cozinha da joalheria”.

 

Desta forma, a juíza Silvana Arruda ressaltou que as vítimas foram uníssimas em apontar Adilson e Wuilque como os autores do crime.

 

 

“Vale dizer que a palavra firme e coerente das vítimas, apontando os acusados como um dos autores do fato constitui prova suficiente para a condenação, em especial diante da confissão dos acusados. Assim sendo, restou demonstrado a materialidade e autoria do crime de roubo em concurso material com latrocínio tentado”, decidiu, ao condenar a dupla. 

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COMENTÁRIOS
2 Comentário(s).

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Grace Figueiredo  21.11.17 05h48
Bom dia ! Estou satisfeita em saber que a justiça finalmente está exercendo a justiça . O que mais dói , não são as agressões físicas e nem a material , o que mais dói e a impunidade .... Constatar que toda a nossa luta pela sobrevivência trabalhando e lutando honestamente , escoa pelas mãos de um bandido e que esse bandido não será punido , e com o agravante de continuar disseminando e ceifando vidas com seu ódio , não porque foi marginalizado pela vida , mas sim marginalizado por si mesmo .
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Vivo  20.11.17 16h40
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