Cuiabá, Quarta-Feira, 29 de Outubro de 2025
SOB SUSPEITA
31.07.2025 | 16h37 Tamanho do texto A- A+

Mãe e 2 filhos estão no centro de esquema milionário no TJ

Operação investigou ajuizamentos em série de ações de cobrança por dívidas inexistentes

Reprodução/Facebook

Os empresários João Gustavo e Augusto com a mãe Luiza Ricci Volpato

Os empresários João Gustavo e Augusto com a mãe Luiza Ricci Volpato

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

Uma empresária e dois de seus filhos estão no centro da Operação Sepulcro Caiado, que foi deflagrada na quarta-feira (30) pela Polícia Civil para investigar um suposto esquema de desvios que pode ter dado um prejuízo de R$ 21 milhões aos cofres do Tribunal de Justiça. 

 

João Gustavo Ricci Volpato (...) acionava o Poder Judiciário para promover execuções de dívidas inexistentes

O principal alvo é o empresário João Gustavo Ricci Volpato, preso na operação.

 

O seu irmão, o também empresário Augusto Frederico Ricci Volpato, e a mãe Luiza Rios Ricci Volpato também foram alvos de mandados de prisão e busca e apreensão.  

 

A investigação cita ainda o agropecuarista Guilherme Porto Corral, concunhado de Augusto. Ele é casado com a irmã da esposa de Augusto Volpato. Contra Guilherme Corral foram expedidos apenas mandados de busca e apreensão.

 

Conforme as investigações, Augusto movimentou mais de R$ 16 milhões em contas bancárias entre 2019 e 2023, valor que seria incompatível com sua renda declarada.

 

Já João Gustavo movimentou R$ 12 milhões entre setembro de 2020 e setembro de 2023.

  

Nas contas de Luiza foram movimentados R$ 2 milhões em apenas seis meses, de fevereiro a julho de 2022.

 

De acordo com a Polícia, Augusto Frederico seria o “braço operacional” do irmão. Ele apresentou um rendimento anual de R$ 68.873,81 e patrimônio de R$ 667.926,64 no imposto de renda de 2017.

  

De acordo com relatório do órgão Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), apenas em janeiro de 2019, Augusto movimentou R$ 253.308, incluindo R$ 37 mil destinados à RV Empresa de Cobrança Ltda – ME. No mês de abril do mesmo ano, somou transações que ultrapassaram R$ 350 mil, entre elas uma transferência de R$ 80 mil para sua mãe, valor que supera todo o rendimento declarado por ele.

 

“Os valores movimentados destoam completamente da renda e patrimônio declarados pelos investigados, o que indica fortes indícios da prática de lavagem de dinheiro”, apontou o relatório do Coaf. 

 

A RV tem como donos o empresário João Gustavo, a mãe Luiza e o espólio do pai, falecido em 2012, Luiz Volpato Neto. 

 

A Polícia ainda citou a movimentação de mais de R$ 6,2 milhões entre novembro de 2020 e agosto de 2021, com parte significativa do montante destinada à mãe. Entre agosto de 2021 e setembro de 2023, os valores movimentados por Augusto superaram R$ 10 milhões, incluindo R$ 1,2 milhão à mãe e aproximadamente R$ 1 milhão ao concunhado.

 

João Gustavo, por sua vez, movimentou R$ 2,7 milhões entre setembro de 2020 e maio de 2021. Entre as origens dos recursos, destacam-se 23 créditos da RV Empresa de Cobrança, somando R$ 281 mil, e pagamentos da sociedade França & Moraes Advogados, que também recebeu dele uma transferência de R$ 100 mil.

 

Em um segundo período, de maio de 2021 a setembro de 2023, ele movimentou mais R$ 9,3 milhões.

 

Parte dos mais de R$ 2 milhões movimentados por Luiza foi destinada ao próprio filho Augusto.

 

Apesar das investigações citarem também Luiza e Augusto, o juiz Moacir Rogério Tortato, que autorizou a operação, considera João Gustavo a peça fundamental no esquema.

 

"João Gustavo Ricci Volpato, atuando pessoalmente e por intermédio de pessoas jurídicas sob seu controle, juntamente com seus sócios Luiza Rios Ricci Volpato e Augsto Frederico Ricci Volpato — diretamente vinculados aos benefícios advindos das práticas ilícitas —, acionava o Poder Judiciário para promover execuções de dívidas inexistentes em colusão processual com o falso advogado da parte adversa, simulando ao termo um também do falso pagamento, sempre visando subtrair valores absolutamente expressivos das contas de depósito judiciais do TJMT", escreveu o magistrado.

 

Historiadora

 

Além de empresária, Luíza é uma conceituada historiadora. Professora da UFMT, ela tem doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo. Também escreveu livros como "A Conquista da Terra no Universo da Pobreza", "Entradas e Bandeiras" e "Cativos do sertão: vida cotidiana e escravidão em Cuiabá em 1850-1888".

 

Ela é viúva do veterinário, zootecnista e professor da UFMT, Luiz Volpato Neto, que morreu em 2012, e tem quatro filhos.

 

Alvos

 

A Operação Sepulcro Caiado investiga um grupo que teria atuado por anos manipulando registros da conta de depósitos judiciais, com o objetivo de viabilizar saques indevidos, transferências simuladas e fraudes documentais, causando prejuízos aos cofres públicos e às partes envolvidas em processos judiciais.

 

Segundo a Polícia, há anos o grupo realiza “práticas delituosas” como o ajuizamento de ações de execução baseadas em documentos falsos.

 

Para isso faziam inserção de procurações falsas, mediante as quais se conferiam poderes a advogados não contratados pelas vítimas; apresentação de comprovantes de pagamento forjados com o objetivo de induzir o juízo em erro; confecção, por servidores vinculados ao Tribunal de Justiça, de planilhas simulando depósitos realizados na Conta Única;  obtenção indevida de alvarás judiciais sem lastro financeiro verdadeiro, permitindo o levantamento de valores em prejuízo ao erário.

 

Tiveram mandados de prisão expedidos: Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, Miguel da Costa Neto, Régis Poderoso de Souza e Denise Alonso; o servidor Mauro Ferreira Filho; e os empresários Luiza Rios Ricci Volpato e Augusto Frederico Ricci Volpato.

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COMENTÁRIOS
2 Comentário(s).

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José silva  01.08.25 16h25
Não tudo é o que parece. Grandes fortunas não se fazem de uma hora para outra. Procurem que sempre haverá alguma coisa obscura. Vc pode enganar alguns por algum tempo. Mas nunca enganara todos o tempo todo.
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Reginaldo Pereira  31.07.25 20h27
Meu DEUS que horror, jamais esperava uma coisa feia como essa, envolver pessoas tão importante da Sociedade Cuiabana, classe A. Os VOLPATOS sempre foram figuras respeitadas e bem conceituada financeiramente. Confesso que fiquei triste e arrasado.
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