Cuiabá, Terça-Feira, 9 de Dezembro de 2025
DESVIOS NO TJ-MT
09.12.2025 | 15h37 Tamanho do texto A- A+

MPE pede manutenção de tornozeleiras; advogado quer ir à praia

Grupo composto por empresários, advogados e servidor do Tribunal são réus por estelionato e peculato

Reprodução

Themis Lessa da Silva (detalhe) pediu retirada definitiva ou temporária do aparelho de monitoramento

Themis Lessa da Silva (detalhe) pediu retirada definitiva ou temporária do aparelho de monitoramento

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

O Ministério Público Estadual (MPE) pediu à 7ª Vara Criminal de Cuiabá a manutenção da tornozeleira eletrônica e das demais medidas cautelares impostas a oito réus acusados de desviar R$ 21 milhões da conta única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT). 

 

A manutenção desse monitoramento se mostra imprescindível para assegurar a aplicação da lei penal

A suposta fraude foi investigada na Operação Sepulcro Caiado, da Polícia Civil. Eles respondem por crimes de integrar organização criminosa, estelionato e peculato. 

 

São réus o empresário João Gustavo Ricci Volpato, o irmão dele, Augusto Frederico Ricci Volpato, a mãe, Luiza Rios Ricci Volpato, o servidor afastado do TJ, Mauro Ferreira Filho, e os advogados Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, Themis Lessa da Silva, Régis Poderoso de Souza, Rodrigo Moreira Marinho, João Miguel da Costa Neto e Denise Alonso.

 

O pedido é assinado pelo  promotor de Justiça Francisco Gomes de Souza, do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). 

 

Segundo ele, mesmo com o início da ação penal, permanecem “íntegras e inalteráveis” as razões que justificaram a imposição das medidas cautelares. Para o promotor, manter o monitoramento eletrônico é essencial para garantir que os réus cumpram a lei penal, evitar risco de fuga e impedir qualquer tentativa de intimidação de testemunhas.

 

"Cumpre pontuar que, diante dessa nova etapa da persecução criminal, na qual se inaugura o processo criminal, permanecem ínsitos e inalteráveis os requisitos e fundamentos que lastrearam a fixação das medidas cautelares diversas da prisão, que devem ser mantidas na sua integralidade, em especial a de continuidade do monitoramento eletrônico dos réus", escreveu o promotor.

 

"A manutenção desse monitoramento se mostra imprescindível para assegurar a aplicação da lei penal, evitando a ocorrência de fuga, assim como minimizar prejuízo à instrução criminal, na medida em que assegurará fiscalização para evitar ocorrência de sua aproximação e intimidação das testemunhas que serão inquiridas, além de garantir instrumento de fiscalização acerca da medida cautelar de proibição de contatos entre os investigados", concluiu.

 

Pedido de revogação

 

Na direção oposta, a defesa do advogado Themis Lessa da Silva pediu autorização para que ele viaje de férias com a família para São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026, além da revogação do monitoramento eletrônico, de forma definitiva ou, ao menos, durante o período da viagem.

 

No pedido, o advogado afirmou estar usando tornozeleira há mais de quatro meses e que jamais descumpriu qualquer medida. Sustentou ainda possuir bons antecedentes e que vem sofrendo “estigma social” pela “punição antecipada”.

 

A defesa argumentou que não há risco de fuga ou de nova prática criminosa, e que os fatos atribuídos ao réu são antigos, motivo pelo qual a medida se tornaria desproporcional.

 

“Nesse contexto, a imposição de monitoração eletrônica ao peticionário afigura-se desproporcional, na medida em que não foi indicado qualquer indicativo de que existe intenção de furtar-se à aplicação da lei penal ou de reiteração delitiva”, diz o pedido.

 

Os pedidos agora aguardam decisão do juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

 

A operação 

 

A Sepulcro Caiado foi deflagrada pela Polícia Civil no dia 30 de julho. Segundo as investigações, o grupo ajuizava ações de cobrança em nome de empresas e, sem o conhecimento das partes rés, simulava o pagamento das dívidas com comprovantes falsos de depósitos judiciais.

 

O servidor Mauro Ferreira, com acesso à conta única do tribunal, teria viabilizado o desvio ao transferir valores para contas vinculadas a processos fraudulentos, permitindo a liberação ilegal de alvarás.

 

Pelo menos 17 processos, protocolados entre 2018 e 2022, estão sob análise. A fraude teria sido descoberta após o TJMT alterar o sistema de repasse de valores em 2023, o que teria inviabilizado a continuidade do esquema.

 

As vítimas incluem empresários e pessoas físicas, algumas descobriram ações quitadas com valores falsamente pagos, chegando a R$ 1,8 milhão em um único caso, embora as dívidas reais fossem inferiores a R$ 100 mil.

 

Em um episódio considerado grave, o nome de uma pessoa judicialmente interditada foi usado no golpe.

 

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