O empresário Josino Guimarães, réu pelo homicídio do juiz Leopoldino Marques do Amaral, ocorrido em 1999 no Paraguai, prestou depoimento na tarde desta terça-feira (22), no Tribunal do Júri, e negou as acusações.
Josino depôs por cerca de três horas no fim da tarde desta terça-feira (22) no júri popular, que acontece na Justiça Federal de Mato Grosso.
Ele foi apontado como mandante do crime, segundo o Ministério Público, porque Leopoldino o havia denunciado como corretor de sentenças no Tribunal de Justiça.
Em um dos trechos do depoimento, os procuradores Fabrício Carrer e Andréa Costa de Brito, do Ministério Público Federal, questionaram sobre uma suposta visita do megatraficante Fernandinho Beira-Mar a uma fazenda sua em Chapada dos Guimarães tempos antes da morte do juiz Leopoldino.
Josino diz que nunca teve fazenda em Chapada, e sim um imóvel no Centro da cidade, e garantiu que nunca viu Fernandinho Beira-Mar.
O questionamento faz referência a um depoimento do ex-superintendente da Polícia Federal, César Augusto Martinez, que conduziu o segundo inquérito que apurou o assassinato de Leopoldino.
Em 2011, o policial federal disse ao tribunal do júri que Josino tinha um “relacionamento estreito” com bandidos perigosos e mafiosos ligados ao crime organizado. Entre eles, Fernandinho Beira-Mar.
Também foi citado um suposto documento encaminhado pela Assembleia Legislativa à Polícia Federal informando que Fernandinho Beira-Mar teria visitado uma fazenda de Josino em Mato Grosso.
Arrebentou
O empresário chorou ao falar sobre o então procurador da República e ex-governador, Pedro Taques, que participou das investigações e o denunciou à Justiça pelo homicídio.
"Pedro Taques arrebentou com minha vida, com minha empresa, com minha família, com acusações cheias de maldade”, disse, enquanto enxugava as lágrimas com um lenço.
"Fez muita pressão pra cima de mim, me levou várias vezes para a Polícia Federal e nem me ouvia, chamava a imprensa para tirar foto, era só pra que eu aparecesse na televisão”, emendou.
Os procuradores perguntaram ao empresário por que Leopoldino o apontou como operador de venda de sentenças no Tribunal de Justiça.
"Deve ser por conta da minha relação com os desembargadores e juízes", respondeu. Ele ainda negou que tivesse uma vaga de estacionamento exclusivo no Tribunal de Justiça.
Sargento da PM
Josino também respondeu sobre sua relação com o sargento José Jesus de Freitas, que em depoimento afirmou ter recebido de Josino uma proposta para matar o magistrado. Sargento Jesus, como era conhecido, foi assassinado em 2002 em Cuiabá.
“Minha ligação com Sargento Jesus é zero", disse Josino. “Encontrei ele algumas vezes, ele era bem pegajoso. Queria se aproximar. Mas eu via as notícias, ele era um bandido, como vou me aproximar de uma pessoa dessa?", completou.
O MPF então questionou sobre seu relacionamento com o desembargador Odiles Freitas Souza, e relembrou que, em depoimento anterior, Josino o considerou como um “pai”.
“Sim, era como um pai pra mim, concedia valores, dinheiro", reafirmou, citando empréstimos que obteve com o desembargador aposentado.
Reportagem no Fantástico
Em outro ponto do depoimento, Josino disse que assistiu à reportagem do Programa Fantástico, na Rede Globo, em que Leopoldino denunciava a venda de sentenças por desembargadores no Estado, apontando-o como corretor. "Eu vi sim, fiquei indignado, sabia que não tinha nada a ver com isso", disse.
O MPF o questionou sobre o motivo de, 30 dias antes da denúncia ir ao ar, Josino ligou 52 vezes para o desembargador Odiles. Ele garantiu que as ligações telefônicas entre os dois eram normais.
"Não sei se foi tudo isso, mas sempre falamos por telefone", disse.
O MPF também questionou Josino sobre relação com a ex-escrevente do Tribunal de Justiça Beatriz Árias, que foi condenada por participação no homicídio.
Josino garantiu que não a conhece e que ela nunca esteve em sua casa. Ele ainda negou relação com Marcos Peralta, tio de Beatriz e suspeito de participar do crime.
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