Cuiabá, Sábado, 2 de Agosto de 2025
RENATO MACHADO
05.05.2017 | 09h11 Tamanho do texto A- A+

06 de Maio – Malba Tahan ainda vive!

Escritor morreu antes de sua primeira publicação, em 1925, no Brasil

Ali Iezid Izz-Edim ibn Salim Hank Malba Tahan, mais conhecido por Malba Tahan, escritor, morreu antes mesmo de sua primeira publicação em 1925 no Brasil.

 

Contou com o apoio do Professor Breno Alencar Bianco para a tradução de seus muitos livros, todos escritos em árabe. Tahan morreu numa batalha em 1921, ainda jovem, havia nascido apenas no fim do século anterior, em 1885 na Península Arábica. Foi um rapaz viajado, conheceu pelo menos 6 países antes de passar uma temporada vivendo no Brasil.

 

Antes disso, Tahan chegou a ser prefeito de El-Medina, uma cidade da Arábia. Uma vida curta e aventureira o rendeu muitas histórias para compartilhar.

 

Ele é autor do livro best seller “O Homem que Calculava”, onde conta as aventuras de um excepcional calculista persa chamado Beremiz Samir, que ganha destaque por onde passa nas arábias devido sua habilidade grandiosa no lidar com números, o que rende ao personagem muito prestígio entre os homens importantes da época, um casamento auspicioso e também uma vida financeiramente abençoada.

 

Contos como o acima citado não poderiam ser escritos em português? Tanta criatividade não poderia ser esperada de um brasileiro? Histórias tão incríveis não poderiam ser escritas por um professor brasileiro, de nome comum e alcançável – vivo, ativo e bem-sucedido? Para estas perguntas as respostas, em 1925, poderiam ser um grande e categórico NÃO! Pelo menos é o que sugere a história de Júlio César. Ou seria Malba Tahan?

 

O professor de Matemática em geral é um sádico. Ele sente prazer em complicar tudo

Com o forte desejo de publicar contos árabes, o Professor Júlio Cesar Melo e Sousa não acreditava que um nome em português chamaria tanta atenção, foi aí então que criou o pseudônimo Malba Tahan, um famoso escritor árabe com biografia mais completa que a do famoso matemático Euclides de Alexandria. A verossimilhança estava garantida.

 

Tahan, o sobrenome, veio de uma aluna: Maria Zachsuk Tahan; curioso pelo significado do sobrenome, Melo e Sousa a indagou e obteve como resposta que tinha como significado a palavra ‘Moleiro’ - aquele que mói o trigo.

 

Malba vem do nome de um povoado do Sul da Arábia, Melo e Sousa retirou o nome de um mapa da Arábia com qual se deparou dias depois da conversa com Maria Tahan. Está aí a inspiração para o nome do escritor árabe: Malba Tahan, em tradução literal, ‘O Moleiro de Malba’.

 

Não contente em publicar seus contos com os créditos cedidos a um pseudônimo, Júlio César faz nascer o Professor Breno Alencar Bianco. Além de tradutor dos livros de Malba Tahan, Professor BAB (BAB significa porta em Persa) se debruçou nas traduções e adicionou um tanto de notas de rodapé para facilitar a leitura dos livros árabes de Malba Tahan.

 

Em entrevista a Monteiro Lobato publicada em 1941, Melo e Sousa diz que se preparou bastante para a pesada missão de escrever livros e ainda criar a biografia do escritor e também a do tradutor dos livros. Estudou a civilização árabe, teve aulas de árabe, comprou o Alcorão em versão comentada e leu diversos autores.

 

Quando se viu preparado, Professor Melo e Sousa procurou um editor e apresentou os livros de Malba Tahan - um escritor árabe, com alguns livros traduzidos para o português, e esse teria sido o contato mais próximo do Professor Melo e Sousa e o trabalho de Tahan, supostamente.

 

O professor Júlio Cesar de Melo e Sousa é tido como o precursor da Educação Matemática no Brasil. Isto devido a sua enorme contribuição para a popularização e facilitação ao acesso do conhecimento matemático através de seus contos e histórias de fácil, agradável e empolgante leitura. Certa feita, Melo e Sousa disse que

 

“O professor de Matemática em geral é um sádico. Ele sente prazer em complicar tudo”. Tahan não queria ser sádico, Tahan não queria ser professor de Matemática. Em seu livro mais conhecido, ‘O Homem que Calculava’, a Matemática é a rainha adorada sem citar explicitamente seu nome, sem a necessidade de a exaltar por meio de suas rugas. A Matemática é a rainha, mas não figura sozinha.

 

O livro é tão completo quanto simples, tão mágico quanto real. Beremiz - O excepcional matemático - é a personificação do saber matemático absorvido com interesse, estudo, aprendizado, atenção, paixão e com a mediação de um dedicado professor.

 

Por tudo isso, e muito mais, em 26 de Junho de 2013 foi sancionada a Lei 12.835, que instituiu a data de nascimento de Malba Tahan (o Professor Melo e Sousa) como o Dia Nacional da Matemática.

 

Que o Dia Nacional da Matemática seja também um dia de olharmos para a Matemática com o olhar de Beremiz Samir, honrando a memória do exímio Professor Júlio César de Melo e Sousa. Se pudermos fazer isto, sem dúvidas, Malba Tahan ainda vive!

 

Renato Machado é estudante do 7º Semestre de Licenciatura Plena em Matemática da UFMT

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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