Cuiabá, Terça-Feira, 16 de Setembro de 2025
JOSÉ ANTONIO LEMOS
15.02.2013 | 07h47 Tamanho do texto A- A+

Cuiabá: a pérola e os porcos

Cidade é vítima de um sistema de gestão urbana defasado e corrupto

Desde que Cuiabá ganhou a sede da Copa do Pantanal repeti algumas vezes que esse privilégio e essa responsabilidade teriam sido um estratagema do Senhor Bom Jesus de Cuiabá para dar uma sacudida nos cuiabanos, governantes e governados, para que se liguem no momento especial que a cidade vive, agora polo de uma das regiões mais dinâmicas e produtivas do planeta, visando à festa do Tricentenário em 2019, esta sim a maior efeméride cuiabana no século. E parece que esse plano começa a dar certo. A Copa resgatou o futuro no imaginário cuiabano, virando sua cabeça cidadã para a frente e para o alto.

O que ainda resta alcançar é a distinção entre a cidade e os problemas que a cidade enfrenta. Na verdade, ela é vítima de um sistema de gestão urbana defasado, ilegal e corrupto, por isso incompetente. A má gestão pública fez a cidade deficitária em infraestrutura, equipamentos e serviços urbanos que deixaram de acompanhar seu dinamismo. As novas administrações municipais de Cuiabá e Várzea Grande trazem esperança de superação para esta situação crítica.

A cidade, embora tricentenária, revitalizou-se e está em pleno desenvolvimento como uma adolescente saudável que não pode ser criticada por necessitar de vestuário novo e maior a cada momento. Cuiabá está viva e moderna como atestam os avanços trazidos pela iniciativa privada em empreendimentos de grande porte e alta sofisticação no ramo imobiliário, no comércio, saúde, educação, lazer e indústria de um modo geral, que não podem passar despercebidos.

A Grande Cuiabá é sim uma velha e linda senhora muito maltratada, mas que rejuvenesceu-se no desenvolvimento regional que ajudou a construir. Só precisa ser tratada de forma digna por aqueles a quem cabe cuidá-la, suas autoridades públicas, em especial as dos municípios que a compõem. Cuiabá é como uma pérola que escapou às mãos da cidadania e ficou à mercê dos porcos. Há que ser resgatada e trabalhada em todas as suas facetas de potencialidades e beleza.

Nela está o centro da América do Sul, por exemplo. Uma noite dessas passei lá e nem a luminária do poste de rua em frente estava acesa. Tem seu centro histórico tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, com um peculiar traçado urbanístico e belos exemplares arquitetônicos, também desprezado e abandonado. Tem em seu sítio urbano o privilégio de 2 rios e 21 córregos, riqueza florística, faunística, paisagística e de composição climática para os quais demos as costas, assim como também nem notamos que a cidade é caprichosamente emoldurada pelas silhuetas da Chapada e do Morro de Santo Antonio. Nas proximidades Cuiabá potencializa ainda o Pantanal, a Chapada dos Guimarães, as termas de São Vicente, as grutas de Nobres e o lago de Manso.

Além das belezas e potencialidades naturais a cidade desfruta de posição estratégica em termos da logística continental e nacional. É o encontro natural dos caminhos. Cuiabá viabilizou a chegada e o avanço das rodovias, aerovias e da ferrovia em Mato Grosso e tem tudo para centralizar o moderno sistema intermodal de transportes que o estado tanto precisa.

Tem Manso como equipamento de proteção urbana contra as maiores cheias e sua grande caixa d’água a 100 metros de altura permitindo-lhe um abastecimento por gravidade seguro e contínuo, mas desprezada.

Como também está desprezada a energia abundante, limpa e barata do gás trazido por um gasoduto que custou US$ 250,0 milhões. Todas essas maravilhas, naturais ou construídas, compõem a beleza e a potencialidade real de Cuiabá. Desprezadas aqui, seriam exploradas por qualquer cidade minimamente gerida como fonte de emprego, renda e qualidade de vida para sua população.

Mas, que fazer?

JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS, arquiteto e urbanista, é professor universitário em Cuiabá.
[email protected]

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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8 Comentário(s).

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Adelinade Arruda Winter  19.02.13 10h49
Parabéns Prof.Jose Antonio Lemos dos Santos. Seu artigo éuma joia.Espero que os governantes o leiam e vejam as nossas riquezas. sou cuiabana, descendente de Generoso Ponce , pelo lado paterno e Joao Bento Rodrigues de Lima, do lado materno. Amo muito minha terra.Agradeço seu profundo estudo,Adelina
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José Carlos Mosquetto  15.02.13 21h56
Voce José Lemos também é culpado, pois já exerceu muitos cargos de confiança e de importancia na prefeitura de Cuiabá, e o que voce fêz?? Vc é um bom teórico.
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Elaine  15.02.13 13h01
Obrigada professor, concordo plenamente, essa cidade é uma beleza, só precisa estar em melhores mãos...
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Elaine  15.02.13 13h01
Obrigada professor, concordo plenamente, essa cidade é uma beleza, só precisa estar em melhores mãos...
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Maristela   15.02.13 12h05
Mas só Cuiabá é vitima desse sistema? Será que conseguimos encontrar alguma instituição que não esteja no mesmo grau de corrupção e degradação? Que novidade há nessa constatação ? Mais do mesmo? Mais do óbvio?
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