Faixas exclusivas e suas consequências

A Prefeitura Municipal de Cuiabá implantou a faixa exclusiva para ônibus, e adotou um período de adaptação para que os motoristas pudessem habituar-se, mas com certeza haverá uma natural rejeição, por parte dos carros particulares, que terão seus espaços diminuídos ao perder uma das faixas.

É necessário que os gestores de trânsitos e transportes do município de Cuiabá promovam campanhas educativas a respeito do transporte urbano e demonstre os grandes benefícios, informando que a maior camada da população receberá benefícios em forma de diminuição de tempo no seu deslocamento diário, e principalmente dando ênfase sobre a melhoria para os usuários do transporte coletivo.

Mas a atração da população para o uso dos ônibus dependerá do comprometimento dos gestores do trânsito e transporte, assumindo a responsabilidade em promover as melhorias nos ônibus e, com isso, procurar ofertar outros serviços de qualidade, onde envolve a acessibilidade, conforto, ponto de ônibus de qualidade e segurança para os usuários, e que ao fim, diminuirá o número de carros individualizados na cidade.

Mas o que dói é saber que pelas ruas desta cidade existem vários motoqueiros irresponsáveis

Mas para que isso aconteça, os gestores terão que apresentar propostas e não apenas escalar os “amarelinhos” como operadores de monitores e câmaras sentados em poltronas com ar refrigerados, voltados apenas em multar e arrecadar.

Nesse período de adaptação, o que presenciamos e o que pudemos verificar é que as faixas exclusivas se apresentam ociosas no decorrer do dia, ou seja, fora do horário de pico, não se vê o tráfico de ônibus nas faixas exclusivas, e nesse caso, a população passa pelo sofrimento de estar preso no congestionamento e vendo ao lado as faixas sem uso.  

Cuiabá diferentemente de outras cidades que tem maiores densidades populacionais, por aqui, a quantidade de ônibus em determinado período do dia desaparecem das avenidas, como isso, pode até provocar irritações naqueles que tem que deslocar em tempo normal, mas com a mobilidade travada e certamente provocará  atrasos em seus compromissos.

Durante as entrevistas e divulgações sobre a implantação das faixas exclusivas, o Exmº. Sr. Prefeito Municipal, não apresentou um estudo mais completo sobre pesquisas e estática sobre o transporte público, vejam que em São Paulo, as estatísticas mostram que os carros particulares transportam 28% dos paulistanos, e estes ocupam 80% dos espaços das vias, e os ônibus que transportam 68% da população, ocupam somente 8% das vias publicas.

Mas antes da implantação da faixa exclusiva, a Prefeitura Municipal de Cuiabá também deveria divulgar os estudos estatísticos e ainda informar qual o planejamento desenvolvido sobre as vias escolhidas, nesse caso, vem outras interpelações, que fica no ar, será que não é apenas para aumentar a arrecadação dos recursos através das multas?

Cuiabá que não foi uma cidade planejada para receber acima de 300.000 veículos, porque as suas avenidas e ruas foram construídas ao acaso, são apertadas e sem interligações adequadas, com certeza deixará o trânsito mais caótico, e tem ainda alguns sonhadores que até acreditam que futuramente os cuiabanos irão trabalhar de bicicleta, mas sem ter vias construídas para os ciclistas.

E a Prefeitura apenas ficar incentivando esse meio de transporte, sem dar condições e segurança, fatalmente acontecerão acidentes com os ciclistas, pois vejam que os motoqueiros são os maiores acidentados na cidade.

Mas o que dói é saber que pelas ruas desta cidade existem vários motoqueiros irresponsáveis, que pilotam como se tivessem competindo com os carros,  e com isso, avolumam os registros de acidentes com deformidades e morte, até que as autoridades apliquem sanções pesadas sobre esses suicidas malabaristas do trânsito, ainda veremos muitos acidentes. 

Vejam que as autoridades de trânsito apenas assistem esses loucos e inconsequentes, e que ficam a transitar em alta velocidade, passando entre os carros pelos corredores da morte, danificando carros, quebrando retrovisores, vitimando os transeuntes nas faixas de pedestres e na maioria das vezes ameaçando as pessoas com palavrões e gestos obscenos, como se fossem os donos do trânsito e da cidade. 

Porque os gestores de transporte e trânsito de Cuiabá não incluíram os motoqueiros na obrigatoriedade do uso das faixas exclusivas? Com certeza teríamos a diminuição dos números de acidentes com motoqueiros e teríamos também menos trabalho para o SAMU e no sistema de internamento no Pronto Socorro de Cuiabá.

Wilson Carlos Fuáh é economista e especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.

Fale com o Autor: wilsonfua@gmail.com