Cuiabá, Segunda-Feira, 11 de Agosto de 2025
ALEXANDRE BREGUNCI
28.12.2012 | 07h40 Tamanho do texto A- A+

S.O.S. Esporte

Há tempos, o setor não tem sido levado a sério na Capital e no Estado

Há tempos que o esporte não tem sido levado a sério na capital e no Estado. E o reflexo disso é o marasmo que o setor enfrenta nos últimos anos, principalmente na cidade verde, apesar da conquista magnífica de sediar a Copa do Mundo – FIFA 2014 e apesar da revelação de alguns valores individuais que conquistam os seus espaços por méritos próprios, quando não é pelo PAItrocínio recebido por vários anos, com contribuição e participação quase zero do poder público.

Os governantes, chefes do poder executivo, na maioria das vezes não entendem e sequer se importam em desenvolver políticas públicas sérias para o esporte nas cidades. Não se preocupam em indicar secretários com conhecimentos de gestão administrativa e gestão esportiva, capazes de organizar e desenvolver o esporte, sobretudo, de captar recursos no governo federal, seja diretamente no Ministério dos Esportes, seja através da Lei de Incentivo ao Esporte (Lei No. 11.438/2006). Deixam as Secretarias de Esportes a mercê da sorte, sem recursos para investimentos, quando não são rifadas para indicações de partidos políticos de menor representatividade política, que por sua vez, realizam indicações sem qualquer capacidade técnica de conhecimento do esporte ou de gestão pública.

Qual é a política pública de desenvolvimento do Xadrez na Cidade de Cuiabá ? Qual é a política pública de desenvolvimento do Tenis de Mesa no Estado de MT ? E assim por diante, eu perguntaria aqui, qual seria a política pública de desenvolvimentos de cada uma das modalidades esportivas: basquete, handebol, futsal, vôlei, atletismo, artes marcias (judô/karatê/taekwondo/etc.) realizada na cidade de Cuiabá pela Prefeitura ou pelo Governo do Estado ? Não tem nas cidades de Mato Grosso, não tem nos bairros de Cuiabá e não tem nas escolas. Nada de forma integrada e coordenada. Talvez algumas iniciativas isoladas no setor privado. Cuiabá, capital do Estado, sequer realiza seus “Jogos Abertos” da cidade, evento este, bem característico dos grandes centros esportivos.

Por favor, não me venham dizer que o peladão de Cuiabá seria uma política pública de desenvolvimento do Futebol na cidade ou no estado, iniciativa esta, que é extremamente louvável, pelo investimento de mais de 200 mil no evento, que se caracteriza muito mais como atividade de lazer do que de formação e desenvolvimento de atletas de uma determinada modalidade.

Uma cidade/Estado que não respira o esporte desde a sua infância diuturnamente, preferencialmente na fase escolar, conciliando os estudos com a atividade esportiva (Desporto Educacional), jamais vai conseguir lotar ginásios ou estádios de Futebol , salvo, em eventos de grande porte, tais como, jogos das seleções nacionais em determinadas modalidades. Que chegam, acontecem e passam. E o que fica ? Nada. Ou melhor, quase nada. Pois a única coisa que tem ficado, são os sonhos de inúmeras crianças e pais de famílias que almejam um dia ver seus parentes fazerem parte de uma seleção nacional ou de um time profissional – não estou aqui falando só de futebol, estou falando do esporte como um todo, estou falando das diversas modalidades esportivas existentes no planeta terra e praticadas em nosso estado.

Ocorre que, após o sonho de ver e conviver com atletas selecionáveis e olímpicos, como nas Olimpíadas Escolares que se realizou nos meses de Novembro e Dezembro em Cuiabá, estes mesmos atletas cuiabanos e mato-grossenses, se deparam em seguida com a falta da prática esportiva e de competições de alto nível no dia a dia das escolas e das suas comunidades, seja pela falta da política pública para prática esportiva, seja pela falta de espaços físicos adequados.

O complexo esportivo do Dom Aquino (ginásio, quadras externas, campo de futebol e pista de atletismo) está abandonado há mais de 10 anos. A pista de atletismo e as quadras externas acabaram. O campo de futebol só tem servido de estacionamento para a Expoagro. O ginásio só recebe reforma de “lata de tinta”. Modernizar o espaço com estrutura e medidas adequadas para a prática de todas as modalidades jamais !!! E de quem é a responsabilidade? Tudo está abandonado por quem ??? Pela Prefeitura Municipal de Cuiabá, proprietária e gestora do espaço, que sob o argumento do abandono e da ociosidade proporcionada por ela própria ao longo dos anos, resolve retirar o espaço público de lazer da população para doar a microempresários titulados de camelôs, com finalidade única e exclusiva de fins comerciais e eleitorais, jamais fins sociais.

Não preciso aqui descrever a situação do Complexo do Poção, do Areião e do ginásio da lixeira, bem como, de diversos outros existentes na nossa capital e até mesmo na cidade industrial. Alguém pode imaginar como está a situação do Ginásio Fiotão na Várzea Grande ? Não queiram saber !!!

Mato grosso até hoje não tem se quer um autódromo, apesar da incansável luta de Carlos Haddad “Tuba” e Cia. Ltda, apesar do diversos fatores financeiros que beneficiariam e desenvolveriam a nossa capital. Eventos como a Fórmula 1, Stock Car, Fórmula Truck, entre outras categorias do automobilismo e motociclismo nacional, chegam a levar 30.000 a 50.000 pessoas para passar um final de semana em uma cidade que realiza estes eventos, pessoas estas de excelente poder aquisitivo que consumirão na cidade o Taxi, Bares, Restaurantes, Shops, Hotéis, Turismo e entretenimento, assim como ocorreu nos 14 dias de Olimpíadas Escolares nesta capital. E talvez a ausência do autódromo em Cuiabá justifique os diversos pontos de encontros em postos de gasolina, frequentado por adolescentes possuidores de seus camaro’s amarelos e similares, ostentando suas máquinas poçantes e suas piriguetes, associados ao consumo desenfreado das drogas lícitas e ilícitas.

A piscina olímpica do verdão é uma obra inacabada do Governo Blairo Maggi, pois construiu apenas o buraco da piscina e não terminou a infraestrutura necessária para o perfeito funcionamento do espaço, que é a construção das arquibancadas, iluminação, vestiários e salas administrativas necessárias para realização de competições, fato este, motivado por ter se iludido com a promessa de verba do então Ministro dos Esportes, Orlando Silva. Este mesmo governo, que pode presentear a cidade de Cuiabá com o Ginásio Aecim Tocantins, hoje orgulho da cidade, anfitrião das mais importantes competições nacionais, apesar de seus problemas estruturais já denunciados em jornais da capital.

O ginásio Verdinho, que possue uma imensa área gramada ao seu redor onde fora construído, em boas condições de uso, não tem no seu interior, por exemplo, as medidas oficiais necessárias de quadra (40 x 20 m) para a prática da modalidade de Handebol. E olha que não é por falta de espaço físico no entorno. É claro e cristalino aqui, a omissão dolosa ou não, ou simples falta de conhecimento técnico da área esportiva pelo Gestor da Secretaria de Esportes do município e até mesmo pelo Chefe do Poder executivo na época, com certeza, maior fiador da obra. Mesmo após quase 10 anos da inauguração do ginásio, até hoje não teve um gestor que enfrentasse esse grave problema que freia o desenvolvimento do handebol e do futsal na cidade, problema este, detectado pelo COB recentemente para realização das Olimpíadas Escolares. O evento veio, aconteceu e o tal legado não ficou, pois a adequação não foi feita pela prefeitura.

Neste caso, a cidade de Cáceres também foi vítima deste desastroso projeto, quando o ainda Deputado Federal Pedro Henry, levou o mesmo projeto de engenharia do Verdinho para ser instalado na Unemat, como parte do complexo denominado Vila Olímpica, que fora construído e inaugurado na cidade pantaneira, princesinha do Rio Paraguai.

A pista de atletismo da UFMT que era para ser outro legado das Olimpíadas Escolares, prometida ao COB, continua sendo um sonho de inúmeros atletas revelados no estado e que vão embora pelo simples fato de não haver uma pista sintética (oficial) aqui na cidade e no estado de MT. Espero que a Copa do Mundo – FIFA 2014 resolva este grave problema do atletismo estadual. Aqui fica registrado o meu pensamento, para aqueles que ainda torcem ou criticam a vinda da copa do mundo, alegando que Cuiabá não é só futebol, “espero que a vinda dela resolva um problema de 50 anos do atletismo, que nada tem a ver com Copa do Mundo”. Isso por si só, já a justificaria.

A falta de continuidade de trabalho, é outro fator retardante do desenvolvimento do esporte local. A verdade é que alguns políticos/secretários são incompetentes, outros não tem tesão para conduzir a pasta e se envolver com o segmento, outros não tem sequência de trabalho. Entre os gestores municipais do estado e do município, o Baiano foi o único dos últimos anos que conseguiu ter uma sequência boa, com algumas críticas ao seu trabalho, mas também com alguns resultados expressivos como a realização da Copa Governador, construção do Ginásio Aecim Tocantins na capital e outros diversos pelo interior do estado, empenho pela vinda da Copa e implementação do Bolsa Atleta, que hoje sofre com constantes atrasos de pagamento, que justificariam até a sua extinção.

Só em Cuiabá, me lembro que passaram pela pasta nos últimos 8 anos, o Prof. Sinohara, Aurélio Augusto, Vereadores Adevair Cabral e Néviton, acho que ainda tem algum nome que não me lembro, e o professor Bosco Cruz. Impossível de produzir resultados positivos. No estado, a mesma situação: após a saída do Baiano Filho, tivemos a efetivação do Laércio para terminar o mandato, depois o Deputado Azambuja, agora o José Guaresqui, e daqui a pouco, conforme reza a lenda jornalística, já teremos outro secretário à partir de 1º. de janeiro. Será ? Também impossível de produzir resultados benéficos a evolução e consolidação da prática esportiva do esporte no estado. Quanto aos gestores esportivos da prefeitura de Várzea Grande, desculpe-me pela franqueza, mas se quer sei os nomes dos gestores que por lá passaram.

Os novéis secretários de esportes do estado e do município, se é que vão ser alterados pelos chefes do poder executivo, acima de tudo, tem de ser pessoas capazes de brigar, argumentar, e sobretudo, de convencer prefeito e governador a mudar este estado de coisas aqui instalado no esporte. Deverão ser pessoas capazes de explicar ao futuro Prefeito de Cuiabá, Sr. Mauro Mendes, ao Prefeito de Várzea Grande, Sr. Walace Guimarães e ao Governador do Estado, Sr. Silval Barbosa, que a cada um real investido no esporte, deixarão à curto prazo, de ter que gastar outros 5 reais em Saúde, Segurança e Meio Ambiente, que oportunamente abordarei em novo artigo.

Os novos gestores esportivos deverão conseguir, através da bancada Federal, fazer com que o Ministério do Esporte aplique recursos aqui no estado, que não faz há tempo, mesmo tendo a cadeira de secretário adjunto de esportes do estado destinada à pessoa do mesmo partido do Ministro, que é do PC do B, assim distribuindo melhor àqueles recursos, que estão absolutamente concentrados no eixo sul/sudeste e Distrito Federal. Deverão também, aproveitar para buscar dinheiro novo para o poder público municipal ou estadual através da Lei de Incentivo ao esporte, que deduz o imposto de renda devido de pessoas físicas e jurídicas para investimento direto no esporte, sem exigência de contrapartida financeira local, mediante apresentação de projetos.

Seguir princípios e conceitos integrantes do documento elaborado recentemente pelo Fórum Esportivo do Estado, composto pelos gestores das Entidades de Administração Regional do Esporte e membros do Consed, já seria um bom começo. Feliz 2013 !!!

ALEXANDRE REIS BREGUNCI é bacharel em Direito, especialista em Direito Público, investigador de Polícia da Polícia Judiciária Civil do Estado de Mato Grosso e presidente da Federação Mato-grossense de Esportes Universitários (FMEU).
[email protected]

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COMENTÁRIOS
23 Comentário(s).

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prof. cid  08.01.13 14h33
parabéns Alexandre Bregunci, concordo com você e apoio sua atitude. grande abraço
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Edson Manfrin  03.01.13 09h13
Meu amigo Alexandre Bregunci, achei seu artigo oportuno, no entanto gostaria de lembrá-lo que todas as suas angústias são de todos os desportistas; aliás são tão antigas que creio que você não era nascido ainda. Mas comentando sobre política pública você se esqueceu de citar o maior movimento popular do esporte que foi as 3 conferências nacionais do esporte que culminou em 2010 com o Plano Decenal para o Esporte que teve a participação de mais de 2.500 delegados de todas as Unidades da Federação. Lembrar também que as propostas discutidas e aprovadas (com Metas e Ações definidas) na última conferência tiveram sua origem nas comunidades, depois nas cidades e por último nos estados, e que deveriam ser implemantadas a partit de 2011, e já estamos no início de 2013 e praticamente nada foi concretizado. Para finalizar gostaria de fazer a observação pessoal sobre a administração do esporte no estado e em cuiabá que você imputa a responsabilidade aos governos mas se esquece de comentar que as federações da qual você(FMEU) e eu (FMDE)fazemos parte nos últimos anos tem se preocupado mais em benefício próprio do que discutir efetivamente políticas públicas para o esporte e lazer em MT. Quantas audiências públicas aconteceram na Assembleia Legislativa e Camara de Vereadores ? Fica aí minhas observações e também minha parcela de responsabilidade na omissão em provocar estas discussões nos legislativos. Um abraço.
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Jefferson Neves  02.01.13 07h49
Parabéns pelo texto Alexandre, com ele conseguimos ter um retrato de como esta o esporte hoje.
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Wilson Bregunci  29.12.12 10h05
JULIO MOURA, NÃO ME LEMBRO DE VOÇE.TALVEZ VOÇE NÃO CONHEÇA MINHA HISTORIA E TRABALHO EM PROL DA EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE EM MATO GROSSO. COSTRUI UMA BELA HISTORIA EM CUIABA E MT.MEU CURRILUM FOI RECONHECIDO PELA COMUNIDADE CUIABANA E MATOGROSSENSE. QUANTO A VOÇE NEM SEI QUEM É.
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MARIO ANDREASA  29.12.12 00h55
Olá Boa noite a todos primeiramente gostaria de parabenizar o artigo do grande companheiro Bregunci, concordo em todos os pontos deste artigo gostaria de deixar aqui resgistrado minha fiel crítica de que o esporte não só cuiabano mais como também mato-grossense esta totalmente abandonado porque senhores? eis a dúvida, por causa da falta de interesse do poder público tanto municipal como do governo em apoiar e estruturar nossos atletas de mato grosso. Parabéns mais uma vez Alexandre continue assim que nós como cidadão mato-grossense precisamos de um representante como você para nos defender desses politicos sujos e trapasseiros. Avante Mato Grosso!!!
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