O delegado Bruno Abreu, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá (DHPP), afirmou que o soldado da Polícia Militar, Raylton Mourão, assassino confesso da personal trainer Rozeli da Costa Souza Nunes, mentiu diversas vezes durante oitiva na segunda-feira (22).
Segundo o delegado, Raylton negou ter premeditado o crime, porém seu próprio depoimento foi contraditório, além das circunstâncias do assassinato. O soldado, de acordo com ele, teria dito que era atormentado por "vozes e demônios" há dias, que o incitavam a matar Rozeli.
"Ele fala que, em tese, não foi premeditado, mas se contradiz, porque [disse que] há três dias estava pensando no crime e tentou lutar contra isso, contra esses demônios que estavam atormentando a cabeça dele. E para ele foi algo incontrolável, que ele não sabe explicar isso", disse Bruno.
"Ele sempre deixava claro que estava 'sufocado' para matar. Ninguém sai de casa 3h da manhã e fica rondando a casa da vítima, sem saber onde [ela] mora. Então, para mim, é um crime premeditado. Ele buscou seu comparsa, que vai ser identificado e preso, e voltou a pé para disfarçar e atribular a investigação".
Além disso, o delegado revelou que o PM disse ter fugido para o Pará, onde descartou o revólver calibre 38 que usou no homicídio. A informação, entretanto, é desconsiderada pela autoridade.
"Ele só afirma que jogou o 38 no estado do Pará. Diz ele que foi direto para lá [após o crime], explicou uma situação sem pé nem cabeça que a gente não acredita. Ele falou que a moto ele não sabe onde está, e a arma ele jogou no rio, no estado do Pará. Eu não acredito que ele tenha ido lá [no Pará]. Não dá tempo", disse.
Raylton ainda teria negado fazer uso de medicamento para controlar o suposto transtorno psicológico, conforme o delegado. Contudo, no momento da audiência de custódia, o soldado alegou que fazia uso de dois remédios controlados.
"Eu perguntei para ele ontem se ele tomava remédio, ele falou que não. Diferentemente do que ele falou lá na custódia. Eu perguntei para ele: 'isso teria ocasionado sua raiva? A falta do remédio teria ocasionado isso?' Ele falou: 'não sei te responder'. Então, ele inclusive mentiu na audiência de custódia".
A ação judicial
A vítima tinha acionado Raylton, e sua esposa, a farmacêutica Aline Valandro Kounz e na Justiça, cobrando R$ 24,6 mil por danos morais e materiais em decorrência de um acidente de trânsito.
O caso ocorreu em março, entre um caminhão-pipa da empresa Reizinho Água Potável, de propriedade do casal, que danificou o carro de Rozeli. No documento do processo consta que a vítima tentou solucionar o caso, porém não houve interesse da parte acionada.
Assim, ela entrou com processo de indenização, pedindo ressarcimento pelo gasto com o conserto do veículo, que foi cerca de R$ 9,6 mil, e mais R$ 15 mil por danos morais. Antes de o caso ser analisado, ela foi assassinada.
O crime
Rozeli, que tinha 33 anos, foi atingida por disparos de arma de fogo dentro de seu carro, um Renault Sandero, na manhã do dia 11 de setembro, na rua de casa, no bairro Cohab Canelas, em Várzea Grande.
Câmeras de segurança registraram a execução, que ocorreu por volta das 6h20, quando Raylton e seu comparsa, que ainda não foi identificado, aparecem em uma motocicleta preta e se aproximaram do veículo de Rozeli e atiram quatro vezes contra ela.
A vítima seguia para uma academia na avenida Filinto Müller, onde trabalhava e treinava. Após o crime, os motociclistas fugiram.
O casal foi alvo da Operação Moeda de Sangue, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, no sábado (13), na qual foram cumpridos mandados de busca e apreensão.
O caso é investigado pela DHPP.
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