Cattani desiste do caso da filha: “Não tem justiça neste país”

O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) afirmou que desistiu de acompanhar o processo na Justiça que investiga assassinato de sua filha, Raquel Cattani, morta a mando do ex-companheiro, Romero Xavier, em julho de 2024.

Não quero saber mais. Deixa o cara lá, se ele vai ser condenado ou não vai, eu não quero mais saber

Segundo Cattani, ele não acredita na Justiça brasileira que, mais de um ano após o crime, ainda não tem data definida do julgamento de Romero e do irmão, Rodrigo Xavier, que é o assassino confesso.

“Eu disse pra ela ‘olha, eu desisto’, eu nem estou acompanhando mais, eu desisti. Eu sou bem sincero, não existe justiça no nosso país. Não existe justiça”, disse à imprensa na manhã desta terça-feira (28).

“Não quero saber mais. Deixa o cara lá, se ele vai ser condenado ou não vai, eu não quero mais saber”, completou.

Cattani afirmou que só irá ao julgamento por um pedido da sua esposa, Sandra Cattani.

“Eu vou sim ao julgamento, mas eu vou por causa da Sandra, que pede muito pra ir. Eu inclusive tive essa conversa com ela, falei ‘Sandra, por mim, a gente larga mão’. A guarda dos meninos ainda tá indefinida, o inventário da Raquel até hoje não foi decidido, já faz dois anos praticamente”, reclamou.

Rito processual

O deputado criticou ainda a condução do processo. Segundo ele, os suspeitos puderam ter acesso ao depoimento dele e da esposa para se defenderem das acusações.

“Quando nós fomos chamados para dar nosso depoimento foi coercitivo, tinha que ir ‘na marra’. No nosso depoimento os marginais estavam lá olhando, nós não podemos ouvir o que eles vão falar, mas eles podem ouvir para se autodefenderem”. 

“Está tudo errado no nosso país com a questão judicial. A nossa legislação é muito branda, não é que eu vou desistir da minha filha ter um respaldo de justiça, mas eu vou esperar em Deus, porque nessa terrestre aqui não tem”, encerrou.

O crime

Raquel foi morta na noite do dia 18 de julho, e o corpo dela foi encontrado pela família na manhã do dia 19, em sua propriedade rural no assentamento Pontal do Marapé, em Nova Mutum. A Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica) confirmou que a vítima foi assassinada com 34 facadas.

No dia 23 de julho, a Polícia Civil apontou o ex-marido de Raquel, Romero Xavier, como mandante do crime e seu irmão Rodrigo Xavier, como o executor. Segundo o delegado regional João Romano, o autor forjou uma cena para levar os policiais a acreditarem que se tratava de latrocínio. Na casa, a Polícia encontrou uma televisão quebrada, além da motocicleta e celular dela terem sido levados. 

Os dois irmãos respondem por homicídio triplamente qualificado (feminicídio, promessa de recompensa, e emboscada com recurso que dificultou a defesa da vítima). Rodrigo ainda foi indiciado pelo crime de furto.

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