O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou nesta terça-feira (28) que teve negados três pedidos para que as Forças Armadas ajudassem em operações policiais no estado, criticou o governo Lula (PT) e chamou de maldita a ADPF 365, determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) impôs medidas durante a pandemia, como autorização para operações policiais apenas em casos urgentes. A determinação atendia a um pedido do PSB (Partido Socialista Brasileiro).

Castro e o núcleo de Segurança Pública do estado afirmam que, graças à essa decisão do Supremo, lideranças do tráfico de outros estados foram para o Rio de Janeiro.
As falas ocorreram durante coletiva de imprensa para explicar a operação policial desta terça nos complexos da Penha e do Alemão. Durante a manhã, ao menos 20 pessoas foram mortas —18 deles seriam suspeitos, segundo a polícia, e outros dois eram policiais civis. A operação, ainda em andamento, já prendeu 81 pessoas e aprendeu 42 fuzis.
Castro chamou os suspeitos presos de "filhotes da ADPF".
"[Operação] fundamental depois de cinco anos de ADPF, muitas barricadas, muitas dificuldades. Mas as polícias com muita coragem estão trabalhando desde cedo. Não temos ajuda das forças de segurança [federais], nem Defesa. É o Rio de Janeiro sozinho", disse Castro, que fez críticas ao modo como o governo federal atua na segurança pública.
"O que talvez esteja acontecendo é uma falta de foco e interesse na segurança pública. Essa falta de priorização faz com que a gente não tenha elementos fundamentais para esse combate. A falta de ações demonstra uma falta de interesse, de foco, de prioridade."
Durante a coletiva, o governador fez um pronunciamento e evitou que secretários respondessem às perguntas. Castro também evitou detalhar o balanço da operação, como o número de policiais mortos e baleados, e focou nas críticas ao Judiciário e ao governo.

O governador fluminense disse ter pedido três vezes ao Ministério da Defesa o auxílio das Forças Armadas para operações recentes —a operação desta terça não contou com o pedido, segundo ele. A reportagem procurou o governo federal, que não comentou até a publicação desta reportagem.
"É muito fácil criticar o governador quando o estado está excedendo suas competências. Já pedimos os blindados algumas vezes e todos foram negados. Falaram que tinha que ter GLO (Garantia da Lei e da Ordem), porque o servidor que opera o blindado é federal. E o presidente é contra a GLO. Cada dia nós temos uma razão de não emprestar e não colaborar. A gente entendeu que a realidade é essa."
Em 2023, Castro solicitou o auxílio do governo federal, e o então ministro da Justiça, Flávio Dino, hoje ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou o envio da Força Nacional.
A Força Nacional é composta de policiais militares, policiais civis, bombeiros e peritos de diferentes estados. Faz parte da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), vinculada ao Ministério da Justiça.
A promessa era de troca de informações entre as polícias estadual e Federal e "asfixia" ao crime organizado.
Os agentes não atuaram dentro das favelas por não conhecerem as particularidades das comunidades cariocas. O objetivo foi patrulhar especialmente rodovias, a fim de apreender armas e drogas, em apoio à PRF (Polícia Rodoviária Federal), e também dar apoio à PF no aeroporto internacional do Rio.
Durante os 13 meses, a presença da Força Nacional no estado foi prorrogada sete vezes. A mais recente estendeu a operação até março de 2025.
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