Quase quatro meses após o escândalo dos remédios vencidos, a Prefeitura de Cuiabá decidiu rescindir, nesta quinta-feira (12), o contrato com a empresa Norge Pharma, que administra o CDMIC (Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá).
O caso foi descoberto por vereadores de oposição em 23 de abril deste ano. A empresa - que já recebeu R$ 11 milhões da Prefeitura - é o principal alvo da CPI dos Remédios Vencidos e de uma ação do Ministério Público Estadual (MPE) por suposto direcionamento na licitação para a gestão do CDMIC.
Em nota, a Prefeitura afirmou que a rescisão ocorreu de forma “amigável” (leia a nota na íntegra abaixo).
Agora, a gestão dos medicamentos será feita por uma equipe da Secretaria de Saúde da Capital. Ainda conforme a nota, a transição da administração do CDMIC será de vinte dias. Os gestores da Pasta irão definir um novo modelo gerencial.

“O pagamento de todos os serviços contratualizados e, devidamente prestados, serão honrados”, consta em trecho de nota.
Possível direcionamento
A empresa foi contratada em janeiro de 2020 pelo valor de R$ 9,7 milhões, em um contrato com vigência de 12 meses e previsão de ser prorrogado por iguais períodos até o limite de 60 meses.
Em fevereiro deste ano, o MPE propôs uma a ação civil por improbidade administrativa contra a Norge Pharma e o ex-secretário de Saúde Luiz Antônio Possas de Carvalho. O órgão pede a devolução de R$ 9,7 milhões aos cofres públicos, correspondente ao valor do contrato.
"Restou apurado que houve o direcionamento com o intuito de favorecer a empresa requerida Norge Pharma Comércio de Medicamentos, em detrimento ao interesse público e ao erário”, disse o MPE na ação.
Entre as irregularidades detectadas, consta que o Tribunal de Contas, após analisar algumas denúncias, determinou ao então secretário a suspensão do processo licitatório e retificação de várias cláusulas do edital, que deveria ser relançado em outra oportunidade.
No entanto, diferentemente do que determinou a Corte de Contas, conforme o MPE, Luiz Antônio Possas de Carvalho revogou a licitação e lançou outro em seu lugar.
"Porém, surpreendentemente, contendo semelhantes cláusulas restritivas de competitividade de maneira a evidenciar claramente a intenção em direcionar o certame visando o favorecimento de terceiros em detrimento dos interesses e patrimônio da Administração Pública Municipal”, diz trecho da ação.
Veja nota da prefeitura de Cuiabá na íntegra:
- Pautada pelo compromisso de zelo e transparência, assinou termo de rescisão amigável com a empresa Norge Pharma, contratada para gerenciar os medicamentos e insumos no Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC);
- A rescisão foi assinada na data desta quinta-feira (12);
- Esclarece que a nova equipe gestora da Secretaria possui autonomia para proceder a revisão dos contratos em vigência, e de efetuar adequações ou redirecionar as ações e políticas públicas da área, tendo como intento fortalecer o atendimento à população, principalmente, quanto ao controle de remédios e insumos;
- Conforme acordado em termo de rescisão, o período de transição na administração do CDMIC será de vinte dias;
- O pagamento de todos os serviços contratualizados e, devidamente prestados, serão honrados;
- A competência quanto a definição de novo modelo gerencial a ser implementado será dos gestores da Pasta observando prazo célere;
- Analisa a instituição da coordenadoria de assistência farmacêutica, assim como irá adotar medidas necessárias ao aperfeiçoamento as demandas para gestão de material e logística;
- Por fim, reitera que não medirá esforços para assegurar a qualidade na prestação de serviços e lembra ainda que a gestão municipal trabalha para superar problemas crônicos que há décadas assolam a área prejudicando à população cuiabana
Outro lado
A Norge Pharma divulgou nota sobre a decisão da Prefeitura. Leia abaixo:
Com intuito de preservar a verdade dos fatos e a transparência, a Norge Pharma vem a público confirmar o distrato do contrato de administração do Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC) com a Secretaria Municipal de Saúde e prefeitura.
Vale ressaltar que desde o início da execução do contrato, a empresa trabalhou para zelar pelo bem público e evitar desperdícios ou má distribuição de medicamentos e insumos, atos comuns praticados pelas gestões anteriores e que geraram todas as denúncias investigadas pela CPI dos Medicamentos.
Por causa da má administração anterior e os graves problemas gerados por ela, a Norge Pharma, empresa com mais de 15 anos de atuação, tem sido acusada injusta e caluniosamente por atos não cometidos por ela.
Neste sentido, a empresa prefere se afastar e comprovar de forma isenta os fatos verdadeiros que vem narrando desde o início das investigações da CPI, tendo entregue, inclusive, fartos documentos comprobatórios de sua atuação desde a entrada no CDMIC – relatórios, auditoria de estoque e outros documentos – à CPI. Os documentos também serão entregues ao Tribunal de Contas e Ministério Público.
Por fim, a Norge Pharma informa que continuará à disposição e colaborando com as investigações para que a verdade dos fato se restabeleça.
NORGE PHARMA
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1 Comentário(s).
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| JULIENE SILVA SANTOS 12.08.21 16h19 | ||||
| E é uma burocracia e tanto para conseguir remedio. Lamentável! | ||||
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