Cuiabá, Terça-Feira, 1 de Julho de 2025
FRAUDES DE R$ 104 MI
20.10.2016 | 08h43 Tamanho do texto A- A+

Deputado diz que Gaeco não tem "prova concreta" contra ele

Ministério Público Estadual afirma que deputado usou parte de propina para sua campanha de 2014

Ednilson Aguiar/MidiaNews

O deputado estadual Mauro Savi (PSB), que foi denunciado na Operação Dríades

O deputado estadual Mauro Savi (PSB), que foi denunciado na Operação Dríades

AIRTON MARQUES E DOUGLAS TRIELLI
DA REDAÇÃO

O deputado estadual Mauro Savi (PSB) negou que tenha se beneficiado com algum valor do suposto esquema investigado na Operação Dríades, que teria fraudado créditos florestais na ordem de R$ 104 milhões, entre 2014 e 2015.

 

Ele foi denunciado pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e pelo Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco), na última segunda-feira (17).

 

De acordo com a denúncia, Savi e o ex-deputado José Riva lideraram suposta organização criminosa, responsável por fraudes na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), através da inserção de dados falsos no sistema Sisflora (Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais), que geravam créditos indevidos a madeireiras.

 

A denúncia diz que o objetivo dos políticos seria o de arrecadar dinheiro para a campanha eleitoral de 2014, em que Savi concorreu à reeleição e Riva ao Governo do Estado.

 

Estou sendo acusado pois uma servidora da Sema disse, em seu depoimento, que uma servidora minha disse que o dinheiro da falcatrua deles era para minha campanha

“Não tem prova concreta alguma. Nem um depósito, nem R$ 1 para minha campanha. Estou sendo acusado pois uma servidora da Sema disse, em seu depoimento, que uma servidora minha falou que o dinheiro da falcatrua deles era para minha campanha. Essa é a 'prova' que eles têm contra mim”, criticou.

 

Além disso, Savi afirmou que a vereadora de Nova Monte Verde, Eliana Klitzke Lauvers (PSD), negou que ele tenha participado de tal esquema, em seu depoimento ao Gaeco

 

Eliana é apontada pelo Gaeco como prima de Savi. Já o deputado nega qualquer parentesco.

 

Conforme a denúncia, ela e seu marido, Audrei Valério Prudência de Oliveira, teriam sido beneficiados com créditos florestais fraudados na ordem de R$ 19,46 milhões.

 

“A vereadora que ocasionou o crédito disse que nunca sentou comigo para dizer nada sobre isso”, declarou o parlamentar.

 

Além de Savi, Riva, Eliana e Audrei, também foram denunciados: Juliana Aguiar da Silva (servidora da Sema) e seu marido Wladis Borsato Kuviatz ; Fabricia Ferreira Pajanoti e Silva (assessora de Mauro Savi); Jacymar Capelasso (ex-assessora de Riva) e Paulo Miguel Renó (servidor da Sema, em Cuiabá).

 

A denúncia

 

Segundo o Gaeco, os membros do suposto esquema se dividiam em quatro “centros de competência”: núcleo de liderança, núcleo de gerência, núcleo garantidor e núcleo subalterno de execução.

 

As denúncias também são assinadas pelo Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco).

 

José Riva e Mauro Savi são apontados como líderes na hierarquia do esquema.

 

Ele seriam responsáveis por elaborar ações criminosas e dar as ordens necessárias para a execução dos crimes.

 

“O prestígio político e os poderes inerentes ao cargo que ocupavam foram cruciais para as atividades da organização criminosa, pois estas prerrogativas serviram de ferramenta e de blindagem para a execução dos crimes perpetrados pelo grupo”. 

 

Já o “núcleo de gerência” era integrado pelas assessoras de Riva e Savi na época, Jacymar Capelasso e Fabrícia Ferreria Pajanoti, respectivamente. 

 

Segundo o Gaeco, Capelasso e Pajanoti eram responsáveis por coordenar todas as atividades do grupo, desde a intermediação entre os núcleos até o repasse de propina para os líderes. 

 

“Além disso, as integrantes do núcleo exerciam atividades explícitas de articulação com outros órgãos públicos, em especial com a Sema/MT, bem como com os responsáveis pelas empresas madeireiras colhendo os pedidos destas e repassando para a responsável pela inserção dos dados falsos no sistema informatizado de controle de atividades florestais da Sema/MT e pela facilitação da fraude de duplicação de créditos florestais. 

 

Conforme a denúncia, as então assessoras também cooptavam os integrantes “necessários” para a execução dos esquemas e os colocavam nos cargos planejados. 

 

O terceiro núcleo, o garantidor, era integrado pelo servidor da Sema em Cuiabá, Paulo Renó. Este, segundo a denúncia, possuía uma “cegueira intencional”, fazendo vistas grossas – a mando de Mauro Savi - às atividades ilícitas realizadas no órgão pela sua subordinada Juliana Aguiar. 

 

“Aliás, esta omissão funcionava em uma via de mão dupla, já que também se dava em relação às interferências das integrantes do núcleo de gerentes sobre as atividades de sua subalterna”. 

 

O último núcleo era o “núcleo subalterno de execução”, composto pela servidora da Sema, Juliana Aguiar da Silva, e seu marido Wladis Borsato Kuviatz. 

 

Segundo o Gaeco, eles eram incumbidos das tarefas de inserção de dados falsos no sistema de controle de atividades florestais da Sema, da facilitação das fraudes na duplicação dos créditos florestais e também pelo recebimento de parte da propina recebida pela organização. 

 

Era na conta de Wladis, conforme a denúncia, que as propinas eram depositadas para posterior saque e repasse, até chegar nas mãos de José Riva e Mauro Savi. 

 

“Do conteúdo do inquérito policial desponta que, para auferir as vantagens de naturezas diversificadas por ela buscadas, a organização criminosa formada por, no mínimo, seis membros, executava, em especial, crimes contra a Administração Pública, tais como inserção de dados falsos em sistema de informações e corrupção passiva, cujas penas privativas de liberdades máximas cominadas são de doze anos de reclusão”, diz a denúncia assinada pelos promotores de Justiça Carlos Zarour, Marco Aurélio Castro, Marcos Bulhões, Samuel Frungilo e Antônio Cordeiro Piedade.

 

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