O presidente da Câmara Municipal, Deucimar Silva (PP), e o seu antecessor, Lutero Ponce (PMDB), transformaram o Plenário do Legislativo cuiabano, nesta terça-feira (10), em palco de desavenças pessoais, numa atitude que pode significar a falta de decoro puro simples. Ou falta de respeito para com os cidadãos.
A sessão ordinária, que deveria ter discutido questões de interesse da coletividade, na verdade, serviu para que os dois paramentares, mais uma vez, tornassem públicas as diferenças pessoais.
Ao discursar da tribuna, Lutero provocou Deucimar, cobrando a execução do polêmico Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) dos servidores do Legislativo. O benefício foi autorizado por Lutero, no final de sua administração, em dezembro de 2008, porém Deucimar barrou a sua execução, por considerar que a medida iria onerar os combalidos cofres do poder.
O peemedebista, em requerimento, solicitou a comparação entre o antigo PCCS dos servidores e o atual, aprovado no final do ano passado. “Quero mostrar o total despreparo deste presidente como líder maior desta Casa e ordenador de despesas”, atacou Lutero. Ele também acusou Deucimar DE pressionar vereadores, em especial, os de primeiro mandato, com supostas gravações e entrevistas.
Lutero Ponce aproveitou o discurso para fazer um auto-elogio: disse que fez, nos últimos dois, uma “administração honesta” no comando da Mesa Diretora, na medida em que teria “colocado a Casa em ordem”, no que se refere, sobretudo, à questão financeira.
Em resposta, Deucimar Silva afirmou que, nos 24 meses em que presidiu a Câmara Municipal, Lutero Ponce “não pagou uma conta” e ainda teria desperdiçado dinheiro público como despesas que o Tribunal de Contas considerou “supérfluas”. Tachou o adversário de “incompetente”.
“A partir deste momento, o senhor está deletado. Só conversarei com o senhor após o resultado da auditoria”, disse Deucimar, ao se referir à investigação que mandou fazer para abrir a “caixa-preta” das casa, no que se refere às finanças públicas. Segundo ele, em 45 dias, o resultado da auditoria será divulgado.
O presidente da Câmara também acusou Lutero de buscar o conselheiro Humberto Bosaipo, do Tribunal de Contas do Estado, para tentar amedrontá-lo. Lutero Ponce fez um requerimento junto ao TCE para investigar duas pequenas obras na gestão de Deucimar, segundo o próprio presidente informou, que seria a troca de uma porta e a colocação de parte de um piso na presidência. “Não entendi qual é a dele [Lutero]. Deve ser para tentar me amedrontar”, disse.
Defesa
O vereador de primeiro mandato Everton Pop (PP) se mostrou solidário ao colega de partido, Deucimar, e, em discurso, também fez pesadas críticas à gestão de Lutero Ponce no comando do Legislativo cuiabano.
Entre as irregularidades, Pop citou gastos de produtos para rituais de candomblé, conforme MidiaNews revelou, no mês passado, numa série de entrevistas sobre as irregularidades nas contas de Lutero Ponce, apontadas pelo Tribunal de Contas.