Cuiabá, Domingo, 22 de Junho de 2025
"CURIOSO E INUSITADO"
04.08.2017 | 16h49 Tamanho do texto A- A+

Perri: secretário de Segurança liberou inquérito sigiloso a Paulo

Rogers Jarbas liberou documentos ao ex-chefe da Casa Civil sobre investigação dos grampos

Alair Ribeiro/MidiaNews

O secretário de Segurança, Rogers Elizandro Jarbas, que liberou documentos sigilosos a Paulo Taques

O secretário de Segurança, Rogers Elizandro Jarbas, que liberou documentos sigilosos a Paulo Taques

DOUGLAS TRIELLI
DA REDAÇÃO

O desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, afirmou que o secretário de Segurança, Rogers Elizandro Jarbas, liberou acesso a procedimentos sigilosos ao ex-secretário chefe de Casa Civil, Paulo Taques.

 

Segundo ele, o episódio demonstra a “influência indevida” exercida pelo ex-secretário no curso das investigações das interceptações telefônicas ilegais ocorridas no Estado.

 

O fato é um dos que embasaram o pedido de prisão preventiva de Paulo Taques e consta no documento assinado pelo desembargador na quinta-feira (03).

 

Procurada, a assessoria de imprensa de Jarbas informou que ele não vai se pronunciar sobre o caso.

 

Segundo Perri, o ex-secretário buscava tomar conhecimento da existência de investigação, ou não, contra ele sobre um suposto esquema de escutas nas eleições de 2016 em Lucas do Rio Verde. As informações correm em sigilo, mas Jarbas teria liberado cópia do procedimento a Taques.

 

“Ao invés de buscar acesso aos autos de inquérito policial sigiloso, como todo e qualquer cidadão comum, ou seja, por meio de petição dirigida ou ao delegado que preside o inquérito, ou ao Poder Judiciário, vem se valendo de sua influência com outras autoridades para obter benefícios indevidos”, disse.

 

Marcus Mesquita/MidiaNews

Paulo Taques 221216

O ex-secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques: “influência indevida”

“E o curioso, para não se dizer inusitado, é que o Secretário de Segurança Pública, simplesmente, ‘proferiu decisão’ no pedido feito, determinando o fornecimento de cópias, mesmo sabendo que os fatos eram sigilosos. Se isso não é influência indevida, exercida por Paulo Taques, no curso das investigações, sinceramente, não sei dizer o que é”, afirmou.

 

Recado

 

Para o desembargador, o objetivo de Paulo Taques seria mandar um “recado” ao responsável pelas investigações, à época sob o comando de Flavio Stringueta.

 

“Além disso, a intenção de Paulo Taques, a meu sentir, não era apenas obter informações a procedimentos sigilosos, mas, sobretudo, mandar recado ao delegado de polícia responsável pela investigação, de que possui acesso amplo e irrestrito ao Chefe da Instituição, isto é, ao Secretário de Segurança Pública”, disse Perri.

 

“O que não se pode admitir, repito, é que o ex-chefe da Casa Civil se valha do prestígio que ainda ostenta no intuito de prejudicar as investigações policiais, como, deliberadamente, vem fazendo, a ponto de o Governador do Estado, seu primo, vir a público para dizer que Paulo Taques apenas ‘cumpriu seu papel institucional’”, afirmou.

 

“Longa manus”

 

Ainda na decisão, Perri apontou que a influência de Paulo Taques no Governo foi o suficiente para conseguir que José Adolpho, considerado seu “braço-direito” ficasse no cargo o qual ocupava.

 

“Outra situação concreta que comprova o poder que o representado ainda possui no âmbito do Poder Executivo Estadual diz respeito ao fato de o atual secretário-chefe da Casa Civil, José Adolpho de Lima Avelino Vieira, ter sido, desde o início da gestão, o braço direito do investigado Paulo Cesar Zamar Taques, e, portanto, seu acesso ao Palácio do Governo permanece irrestrito, podendo se valer de tal influência, assim como fez no caso em questão, para cuidar de assuntos estritamente pessoais”, afirmou.

 

“O atual Secretário-Chefe da Casa Civil é irmão de Ênio Carlos de Souza Vieira Neto, ‘braço direito no escritório advocatício de Paulo Taques’ razão pela qual, se não podemos afirmar, com convicção, que José Adolpho atua como longa manus [extensão] de Paulo Taques na Casa Civil, pode-se dessumir, iniludivelmente, que Paulo Taques possui amplo e irrestrito acesso a tudo que diz respeito à Casa Civil e que a ‘saída’ do Governo pode ter sido meramente ‘formal’”.

 

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zilberbo  04.08.17 23h32
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Odete  04.08.17 21h01
Muito decepcionada com esse governo.
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Felipe  04.08.17 19h08
Felipe, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas