Cuiabá, Domingo, 6 de Julho de 2025
ROSANA LEITE
01.05.2019 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

Elogio para mulheres?

O elogio que elas querem está distante do que costumam receber

 

O assédio sexual passou a ser vislumbrado com a entrada da mulher no mercado de trabalho. A mulher sempre sofreu muita discriminação, dentro e fora de casa. A década de 60 foi marco de entrada das mulheres no ambiente escolar e contribuição para o PIB. A independência do gênero feminino não a vem poupando de dissabores, máxime de agressões.

 

As reinvindicações das mulheres modernas são a emancipação total e o respeito. O fato de a mulher se tornar independente financeiramente, muitas vezes, a faz vítima de feminicídio. Sim, uma mulher está se negando a relacionamentos tóxicos, principalmente, quando não depende economicamente do companheiro. O inconformismo com término do relacionamento tem sido a maior causa de morte de mulheres.

 

Entretanto, mesmo após anos passados de garantia de direitos, e o acontecimento de tantas conquistas importantes e especiais, as mulheres não vem sendo poupadas de dissabores de grandes montas.

 

O corpo da mulher não é objeto, muito menos público. O espaço público não é protegido para o gênero feminino

Os assédios, abusos e desrespeitos trazem traumas de todas as órbitas para as mulheres. A cantada, por exemplo, a faz objeto. É intimidador, humilhante, constrangedor e desagradável receber cantadas. Em festas, ou em qualquer local, são absurdas as perturbações que as mulheres passam. Ao invés de se divertir, elas acabam em sofrimento.

 

É constrangedor ser xingada por dizer não. Também, ser julgada pela roupa que usa. Andar a passos rápidos, e ter que trocar de calçadas para não ser insultada. A verdade é que o machismo mata, estupra, machuca fisicamente, psicologicamente e emocionalmente. O patriarcalismo é visto com naturalidade por ser entranhado na natureza humana. A misoginia faz a mulher ter medo, evitar andar sozinha à noite, ou a qualquer outra hora.

 

A mulher precisa de consideração, já que foi relegada por anos a fio. O elogio que elas querem está distante do que costumam receber. Quando um homem canta uma mulher, ele só quer mostrar superioridade sobre ela. O que se deseja é liberdade de sentimento. Cantada é assédio. Julgamento quanto à forma de se portar é desrespeito.  

 

A frase feminista é clara: “Não te conheço, então não me chame de meu bem”. Nenhuma cantada é inofensiva, pois, a maioria das mulheres não a aceita. Se uma das partes não está feliz ou se sente desconfortável, não pode ser paquera.

 

O corpo da mulher não é objeto, muito menos público. O espaço público não é protegido para o gênero feminino. Pensar que cantada é elogio é ignorar o direito de ir e vir, estar e ficar, da mulher. Não há necessidade, pela mulher, da aprovação masculina. O gênero masculino tem o dom de querer demonstrar poder sobre a mulher, sendo uma das formas a cantando e julgando.  Não é normal! Não pode haver aceitação...

 

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia



Leia mais notícias sobre Opinião:
Julho de 2025
06.07.25 05h30 » Fiscalização ambiental
06.07.25 05h30 » Pregamos para convertidos
06.07.25 05h30 » Presidencialismo de coalizão
06.07.25 05h30 » De volta ao jogo
05.07.25 05h30 » Doença crônica
05.07.25 05h30 » Síndrome metabólica
05.07.25 05h30 » Sondagem política
05.07.25 05h30 » A cor da violência
04.07.25 10h26 » Os 190 anos da ALMT