Cuiabá, Domingo, 6 de Julho de 2025
VICENTE VUOLO
02.05.2019 | 07h30 Tamanho do texto A- A+

Paralisar o VLT é crime doloso

A sociedade civil de Mato Grosso precisa se organizar e cobrar uma solução

 

Se tem uma questão que envergonha Cuiabá-Várzea Grande é o anti-cartão postal das obras paralisadas do VLT. Completam 7 anos de abandono, descaso e incompetência. Parece que não existem responsáveis pelo ocorrido.

 

Para as pessoas responsáveis por tudo isso, aqueles que superfaturaram, os que foram coniventes e não fiscalizaram e aqueles que paralisaram a obra sem um plano de contingência, esses políticos e burocratas de plantão, de visão retrógrada, desconectados com a evolução da sociedade, esse tipo de dano é comum em nossas cidades. Por isso, pouco importa os irreparáveis prejuízos sofridos pelo erário.

 

Mas esses governantes se esquecem que o descaso de uma obra como essa, independente do motivo de sua paralisação, ocasionam um grande desprestígio ao Poder Público. Afinal, o que é administrar um Estado? Adiar a resolução dos grandes problemas é característica dos fracos. É sinônimo de mediocridade. Envolve o desperdício do dinheiro público e reforça a ideia de que o interesse público não está sendo atendido.

 

Adiar a resolução dos grandes problemas é característica dos fracos. É sinônimo de mediocridade. Envolve o desperdício do dinheiro público e reforça a ideia de que o interesse público não está sendo atendido

Em outras palavras, paralisar o VLT é crime doloso. Crime contra o Estado e contra a população. E a coletividade, que somos nós cuiabanos, temos a obrigação de cobrar das autoridades constituídas. Somos nós, que realizamos esse controle por meio de manifestações como estamos fazendo agora. Uns de forma mais branda, outros de forma mais efusiva, devemos nos manifestar e pressionar as instituições a agirem e a funcionarem.

 

Pasmem! O governador de Mato Grosso chegou a mencionar nos veículos de comunicação que poderia mudar o modal de trilhos para rodas de ônibus, indo na contramão das cidades sustentáveis. Ora governador, colocar um Br-turbo é congestionar mais o trânsito (esse tipo de ónibus só pode transportar até 60 pessoas) e poluir mais o meio ambiente. A causa disso, é o stress e demora para chegar ao trabalho e na escola. O dióxido de carbono emitido por esses veículos é o ar que respiramos, que causam asma, bronquite e câncer de pulmão. É uma morte silenciosa que enche os hospitais. Por outro lado, o VLT pode puxar várias composições com até 600 passageiros (alternando o tamanho em função do fluxo) diminui a poluição sonora, é pontual (com poucas paradas o trem trafega mais facilmente), integra com outros meios de transporte, traz conforto interno e possui baixa ou nenhuma emissão de CO2 e poluentes.

 

Como seria salutar para as duas maiores cidades do Estado serem atendidas, inicialmente, por mais de 22 quilômetros de trilhos, circulando com 40 composições para abrigar milhares de passageiros, sentados, exibindo segurança, conforto, rapidez e sustentabilidade. Uma verdadeira revolução no sistema de transporte cuiabano.

 

A cidadania não acredita que as instituições existentes, como o Ministério Público, a Polícia Judiciária e os órgãos de controle, não tem capacidade técnica e operacional para investigar e punir aqueles que tenham provocado dano e desviado recursos. Não acreditamos também, que falte capacidade aos governantes para criarem as condições justas para tocar a obra e terminar o que precisa ser feito.

 

Manter a obra paralisada é sinal de incompetência e descaso. Será que nossos governantes querem isso em seu currículo?

 

A sociedade civil de Mato Grosso precisa se organizar e cobrar uma solução. Uma verdadeira solução, sem arremedos e puxadinhos. O transporte público e o direito à mobilidade são elementos fundamentais do desenvolvimento urbano. Todo mundo ganha com um transporte de qualidade.

 

VICENTE VUOLO é economista e cientista político.

 

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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COMENTÁRIOS
9 Comentário(s).

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Edson  02.05.19 17h47
Infelizmente esse VLT nunca vai circular, porque é um projeto que já nasceu morto, sem qualquer planejamento, viabilizado às pressas para favorecer uma turma que estava no poder na época. A verdade que ninguém quer ouvir é que grande parcela de culpa é da própria população, que ainda reelege grande parte dos integrantes da AL que apoiaram esse descalabro chamado de VLT, incluindo o atual prefeito de Cuiabá. Nesse caso, impera a velha premissa: cada povo tem o governo que merece!
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Dos Santos  02.05.19 14h00
Vicente Vuolo, sonhar não custa nada e não paga aluguel. O modal do VLT implantado em Cuiaba/VG seria fantástico, um verdadeiro avanço no que se refere a mobilidade urbana para realidade da baixada cuiabana. Os pontos positivos para operação do modal não faltam. Mas, se depender deste governo e dos parlamentares da assembleia, o modal do VLT nunca será implantado,não ha interesse politico nenhum. Sempre vão colocar obstáculos até onde não existem. é suposta falta de demanda, elevado custo operacional...agora, estão dizendo que até o Rio de janeiro, uma cidade com quase 7 milhões de habitantes não tem demanda para VLT. Ok, então, joguemos fora mais de 1 bilhão investido, os 40 vagões comprados, os trilhos instalados, joguemos fora. É bem Mato Grosso...E Cuiabá, talvez, quem sabe nos seus 400 OU 500 anos tenha VLT.
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wagner diamond  02.05.19 12h24
Em primeiro lugar deveria punir os responsáveis pelo fracasso da conclusão do vlt, investigar a fundo, e fazer os culpados pagarem pelo erro. Sou da área de engenharia civil e desde o momento que anunciaram eu não acreditei em ver tal obra pronta, faltou planejamento, projeto gente capacitada pra administrar e fiscalizar, colhemos o resultado hoje. O modal é moderno, dinâmico e sustentável, mas a conta é alta, um estado que tem a saúde na uti, a segurança cada dia mais complicada e educação precária, sera que este é o melhor momento pra este investimento? Quando o governador disse em mudar o modal ele já pensou no custo, que antes da implantação já somos precários nas áreas que citei imagina depois. Sou a favor de um transporte digno e de qualidade mas temos que ter os pés no chão e fazer as coisas nas horas certas.
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Anselmo   02.05.19 12h23
Trocar o modal por BRT é um crime pois vai gastar quase o mesmo valor para a implementação do VLT, e ainda não vai resolver o problema do transporte. e preferível não terminar a VLT do que gastar com BRT, e sim abrindo novas avenidas, com viadutos, fazendo interligações entre elas
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Ana  02.05.19 10h57
Quando as pessoas que vão usar o VLT com mais frequência mostram necessidade psíquico-religiosa de receber um líder que as motivem o suficiente para se voluntariar, "milagres" acontecem, mesmo quando lembramos que quem pediu pra crucificar Jesus na Páscoa foi o próprio povo que ele tentou salvar!
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