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OCUPAÇÃO CAIU
17.07.2016 | 10h57 Tamanho do texto A- A+

Após ilusão da Copa, hotéis de Cuiabá enfrentam crise e demitem

Dois anos depois do Mundial de futebol, setor vive um de seus piores momentos

Marcus Mesquia/MidiaNews

Em Cuiabá e Várzea Grande hoje existem 144 hotéis, o que representa 12 mil leitos

Em Cuiabá e Várzea Grande hoje existem 144 hotéis, o que representa 12 mil leitos

JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO

A frustração das expectativas no pós-Copa do Mundo, realizada há dois anos, e a crise econômica no Brasil impuseram ao setor hoteleiro da Grande Cuiabá uma das piores crises de sua história.

 

Somente neste ano, dois hotéis já foram fechados. Um deles deve se transformar em clínica médica. Acredita-se que, nos últimos meses, 20% dos funcionários tenham sido demitidos.

 

Em Cuiabá e Várzea Grande existem 144 estabelecimentos, o que representa 12 mil leitos. Segundo o presidente da Associação dos Hotéis de Mato Grosso, Bruno Delcaro, o setor tem hoje uma taxa média de ocupação de 50%. Isso quer dizer que apenas metade dos quartos tem sido utilizada.

 

“O que nos deixa mais preocupados é que os pequenos hotéis, os mais importantes da cadeia, estão sendo mais afetados. Porque quem cuida é dono e quem trabalha junto são familiares e alguns poucos funcionários. Todos são afetados”, disse.

 

O planejamento foi muito mau feito e o dinheiro mau aplicado por parte do Governo.Se esse mesmo dinheiro fosse investido em outras ações, com toda certeza teria gerado mais resultados positivos para o nosso setor

Delcaro acredita que o Governo do Estado planejou mal a Copa do Mundo em Cuiabá, também no setor de hospedagem.

 

“O planejamento foi muito mal feito e o dinheiro mal aplicado por parte do Governo. Se esse mesmo dinheiro fosse investido em outras ações, com toda certeza teria gerado mais resultados positivos para o nosso setor. Acho que a ineficiência do Governo nessa questão foi tremenda”, classificou.

 

De acordo com Delcaro, Cuiabá foi quem mais sofreu com o aumento excessivo de leitos no período da Copa. Foram criados 14 novos hotéis, ou seja, mais 3 mil leitos. Boa parte deles hoje está ociosa.

 

“Eu digo que estamos em uma crise dentro de outra crise. O pós-Copa nos trouxe um excesso de oferta e desregulou o mercado. Com a crise política, houve o aumento de custo. Então todo esse cenário é bem complicado. Nós temos hoje 12.700 leitos na Grande Cuiabá. Acredito que 9 mil leitos seria o ideal”, afirmou.

 

Demissões

 

Segundo Carlos Peldiak, gerente do Hotel Intercity, no bairro Duque de Caxias, em Cuiabá, nos últimos meses houve uma redução de 25% no movimento. E, com a falta de hospedes, quem sofre é o empregado.

 

MidiaNews

carlos peldiak

“Nós estamos num ‘mato sem cachorro’. Não temos expectativa de melhora", diz Carlos Peldiak

 

“Nós estamos num ‘mato sem cachorro’ no momento. Não temos expectativa de melhoria. A nossa parte estamos fazendo, que é ir atrás de clientes. Então, infelizmente, a gente tem que ‘cortar na carne’, que significa eliminar postos de trabalho. Se não tem cliente e não tem movimento, eu sou obrigado a cortar”, explicou Peldiak.


Com rumores de que estaria fechando as portas, o tradicional Hotel Veneza, na Avenida Fernando Corrêa, nega a informação. O gerente Enos Pereira de Andrade diz, no entanto, que a situação não é a das melhores.

 

“Eu acredito que houve uma ilusão com a Copa. Há meses em que a nossa taxa de ocupação chega a 20%. Houve também um aumento nos custos de modo geral e não podemos passar isso para o cliente. Então o que nós fizemos foi baixar o valor da diária e reduzir o número de funcionários, fazendo o máximo para não cair a qualidade no atendimento”, disse.

 

O hotel existe há mais de 30 anos e comporta 80 apartamentos e 170 leitos. Nos últimos anos a média de ocupação - que era de 70%, - caiu para 35%.

 

Enos informa que a Polícia Federal chegou a cogitar alugar o local por um ano enquanto o prédio da Superintendência passasse por reformas, mas o hotel não se interessou pela proposta.

 

Turismo precário

 

O atual cenário do turismo em Mato Grosso é um dos fatores que mais preocupam os donos e gerentes de hotéis. Eles dizem que a reforma no aeroporto de Várzea Grande e a obra inacabada do VLT (Veículos Leves sobre Trilhos) já viraram motivo de “chacota” entre os turistas.

 

“O turismo está enfraquecido. Para aqueles turistas que vêm de ano em ano ou até de seis em seis meses, essas obras inacabadas já viraram motivo de chacota. Não tem mais o que explicar nem o que dizer para tentar justificar aquele cenário, que é a primeira coisa que um turista vê quando chega aqui. Não podemos fazer nada. Isso assusta o turista, o empresário... Porque o investidor vai atrás de uma cidade que tenha logística melhor”, afirmou Peldiak.

 

De acordo com o presidente da Associação, o foco agora é o turista estrangeiro.

 

“Precisamos criar soluções práticas para esses hotéis que estão vazios. Para isso acontecer, estamos com foco no turista estrangeiro. Pensando em como trazê-los depois de uma Copa falida, de uma Olimpíada que podemos dizer que também vai ser falida e com essas notícias terríveis de zika e insegurança”, disse Delcaro.

 

O empresário, que é dono do Delcas hotel, localizado na Fernando Corrêa, afirma que é necessário mais investimento para atrair turistas para a capital mato-grossense.

 

Marcus Mesquita/MidiaNews

Hoteis

Cerca de 20% dos funcionários que trabalhavam no setor hoteleiro foram demitidos

 

“A Arena Pantanal tem um ótimo potencial. Estamos pleiteando que aconteça um ‘Natal Luz’ porque é uma época em que a cidade esvazia e não tem nada. Esse é o momento de pegar um investimento daquele lugar e usar. Para isso é necessário que tenha uma administração naquele empreendimento para que consigamos incentivar as pessoas do interior a passar o final de semana aqui”, ponderou.

 

O empresário informa que acontecerá um evento no dia 28 de julho para fornecedores da hotelaria e hoteleiros da região discutirem a cadeia de turismo.

 

“O objetivo é que a gente consiga criar novos negócios que não existam no Estado, que é dependente do agronegócio. O turismo é uma fonte de receita que gera emprego e tem que ser trabalhado em todas as vertentes”, explicou.

 


 

 

 

 

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Orlando Osmar Vilela Neto  18.07.16 17h17
Caros amigos internautas, o turismo domestico que poderia ser explorado pelo setor hoteleiro de Mato Grosso é relegado a um segundo plano. E não é só o hotelaria que pratica preços absurdos,o setor de bares e restaurantes figura com um dos algozes, de politicas de preços altos. Tem restaurante em Chapadas dos Guimarães em que uma galinha com arros custa quase r$ 200,00, fora uma lata de refrigerante custar r$8,50. Isso inviabiliza nos moradores da região de Cuiabá e adjacências usufruir das potencialidades turística de nosso Estado.
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carlos  18.07.16 16h44
Estão dizendo que os preços dos hotéis em Cuiabá são baratos... então não conhecem o resto do Brasil. Os preços são absurdos e vão abaixar na marra, a lei da oferta e da procura é universal. Os hotéis em Cuiabá estão fora da realidade do país.
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Joaquim Golçalves  18.07.16 14h48
Também, um monte de hotel desses e nenhum fica de frente pro mar... aí é difícil...!
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alexandre  18.07.16 14h34
Turismo é extremamente caro em MT, e sem estrutura, por isso vamos para Caldas Novas, pensam que todos somos turistas estrangeiros...
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Dani  18.07.16 13h30
Acho que o amigo que comentou mais embaixo não tem feito pesquisa no preço das diárias aqui em Cuiabá. Tá tão barato que se consegue hotel 4 estrelas mais em conta que o pernoite em muito motel por aí. Um hotel de 3 estrelas, com café, por exemplo, tá saindo de 99,00 a 140 o casal, com café da manhã! Não se acha isso em outro Estado de jeito nenhum... Agora, uma coisa eu concordo, fora de Cuiabá, pousadas em Chapada e no Pantanal trem preços absurdos. Tem Pousada no Pantanal e em Chapada cobrando preço de mega resort all inclusive no nordeste... aí complica e incentiva as pessoas daqui a irem pra fora do Estado.
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