casarão abandonado centro historico

Tentando chamar atenção para o abandono de casarões no Centro de Cuiabá, comerciantes, arquitetos, professores e historiadores se uniram para cobrar do Poder Público providências quanto à preservação da história da Capital, que completa 300 anos em abril deste ano.
Denominado Amigos do Centro Histórico, o grupo começou a ganhar mais corpo e voz após o desabamento de parte da fachada da primeira gráfica e papelaria de Cuiabá, conhecida como Gráfica Pêpe, localizada na Rua Sete de Setembro.
Como o MidiaNews noticiou, o casarão do século XIX estava abandonado e não resistiu à forte chuva do último dia 29. Inconformados com mais uma tragédia envolvendo a história da capital, o movimento espalhou faixas pelo Centro e gravou vídeos, declarando a indignação diante da tragédia.
“Estamos vendo os casarões se esvaindo. Os proprietários não entram em um consenso com o Município, com o Estado, nem com a própria família para tomar uma providência, para que nossa história não vá junto com a enxurrada”, conta Maria Cândida Silva Camargo, vice-presidente da Associação dos Lojistas do Centro Histórico.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Paredes da Casa de Bem Bem desabaram duas vezes em um ano; casarão aguarda obras de restauração desde 2016
O casarão da Gráfica Pêpe não foi o primeiro a cair por conta do abandono e das fortes chuvas. O imóvel conhecido como Casa de Bem Bem, construído em meados de 1850, desabou duas vezes no intervalo de um ano.
“Nós queremos que aconteça algo diferente desse quadro que hoje se apresenta para nós, que é o falecimento da nossa história, o desprezo com a nossa cidade. Cuiabá é uma cidade linda, com um povo bonito, que preza muito sua história, que ama suas raízes. E onde está esse amor, esse cuidado?” declara Maria Cândida.
Apesar do grupo ser relativamente pequeno, o movimento espera que as reivindicações sejam ouvidas pela Prefeitura e pelo Governo do Estado.
“A luta vale a pena. Se não servir para a gente conseguir alguma coisa, pelo menos eles vão saber que nós estamos acordados e não vamos deixar mais que um casarão daquele vire estacionamento. Vamos brigar até as últimas conseqüências”, declara Francisca Xavier, socióloga que também faz parte do Amigos do Centro Histórico.
“Não é só reclamar, também vamos efetivar trabalhos, parcerias, eventos, recitais, mas cobrando da iniciativa pública o posicionamento deles em relação ao Centro Histórico” diz Marcelo Epaminondas, arquiteto que também faz parte do grupo e que já usou as redes sociais para criticar o abandono da obra da Escadaria do Beco Alto, que estava prevista para ser entregue em fevereiro.
Marcelo foi o arquiteto responsável pela restauração da fachada da Gráfica Pêpe em 1999. Ele afirma que há outros casarões abandonados que estão em poder do Governo do Estado e que alguns arquitetos do grupo estão catalogando esses imóveis.
PAC Cidades Históricas
Cuiabá foi o único município de Mato Grosso escolhido para o Programa de Aceleração do Crescimento – Cidades Históricas, linha criada em 2013 para atender espaços históricos urbanos protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Ao todo foram escolhidas 16 ações, que somariam R$ 10,49 milhões em investimento. Segundo relatório emitido pelo Iphan, até outubro de 2018 apenas quatro obras foram concluídas.
Reprodução
Grupo espalhou faixas pelo Centro da Capital
As obras contempladas pelo PAC que foram entregues até hoje são o Casarão Barão de Melgaço, sede da Academia Mato-Grossense de Letras e do Instituto Histórico Geográfico de Mato Grosso; a Praça Senhor dos Passos, que fica na Avenida Tenente Coronel Duarte; o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (Misc); e a Praça Largo Feirinha da Mandioca.
A Casa de Bem Bem foi cedida pela família Palma em 2012 ao Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), e seria transformada no Centro Cultural Nhô Nhô de Manduca – Casa de Bem Bem.
Ela entrou na lista de obras do PAC Cidades Históricas em 2016 e obra seria feita em parceria com a Prefeitura de Cuiabá. O custo estimado era de R$ 2.150.648,25.
Já o casarão que abrigou a Gráfica Pêpe não consta na lista de ações do Iphan. Logo depois do desabamento, a Prefeitura de Cuiabá informou, por meio de nota, que já havia identificado os problemas estruturais no casarão, no entanto tomou medidas para proteger apenas o Museu de Imagem e Som de Cuiabá (Misc), que fica ao lado do imóvel.
Veja alguns vídeos gravados por membros do movimento Amigos do Centro Histórico:
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7 Comentário(s).
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LUIZ CARLOST 11.02.19 12h58 | ||||
POR MIM PODE POR TUDO NO CHÃO, GOVERNO NAO CUIDA MESMO ENTÃO COMO É SÓ TIJOLO E MADEIRA, NÃO REPRESENTA NADA EU ACHO | ||||
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João Goulart 11.02.19 11h56 | ||||
Essa é a Cuiabá dos 300 anos do Emanuel Pinheiro: dinheiro pra festa? TEM. dinheiro para conservação das raízes de Cuiabá, revitalização do centro? NÃO TEM Cada povo escolhe o que quer e infelizmente Cuiabá escolheu mal, muito mal.... | ||||
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Paulo Lima 10.02.19 19h56 | ||||
Fala sério! Termina de derrubar e façam escolas e hospitais. | ||||
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Lisandro Peixoto Filho 10.02.19 19h34 | ||||
Vejo com tristeza o centro histórico da cidade Cuiaba, prédios antigos caindo aos pedaços a cada ano. Desconheço as causas do abandono, mas vejo que algo deve ser feito com urgência a preservar a história da cidade e de seus cidadãos. Nao possui registro de nascimento cuiabano, filhos sim. Aqui resido desde 13 de Fevereiro de 1973, portanto conheço um pouco da história da cidade, que no meu coração. Ano passado após ver foto do amigo passeando com sua netinha pelo centro da cidade, veio me a seguinte ideia, que compartilhado com ele. Planejar caminhadas nos finais de semana e feriados fora do horário comercial pelo centro da cidade. Com finalidade única cultural a relembrar, assimilar, e compartilhar junto aos participantes história referentes à rua, prédios, etc. O tempo passando e a ideia também sendo levada pelo tempo! | ||||
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Fabio 10.02.19 19h06 | ||||
Tem que escolher um ou outro prédio e conservar , o restante nachom. Custa caro manter e não serve pra nada | ||||
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