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28.06.2019 | 15h00 Tamanho do texto A- A+

Há 6 anos expostos ao tempo, vagões do VLT se degradam; veja

Pinturas de vagões estão desgastadas pelo tempo e lodo toma conta de Centro de Manutenção

Alair Ribeiro/MidiaNews

Vagões apresentam sinais do tempo: pinturas

Vagões apresentam sinais do tempo: pinturas "descascando", vidro quebrado e ferrugem

BRUNA BARBOSA
DA REDAÇÃO

Com uma manutenção anual orçada em cerca de R$ 4 milhões por ano e parados há seis anos, os 280 vagões do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) apresentam problemas visíveis, que vão desde pintura descascada até vidro quebrado.

 

Os trens estão estacionados, desde 2012, em um espaço que deveria ser o Centro de Manutenção e Operações do modal, ao lado do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande. Para ter acesso a eles, é preciso percorrer uma estrada de chão localizada ao lado do terminal aeroportuário.

 

A reportagem do MidiaNews foi até o local nesta sexta-feira (28), durante uma vistoria feita por vereadores da Capital e de Várzea Grande à obra, e registrou que o meio de transporte apresenta problemas visíveis. 

 

Vidro trincado, pinturas com falhas causadas pelo tempo, extintor de incêndio descarregado e dezenas de ferros enferrujados fazem parte da realidade atual do VLT. Além disso, desenhos feitos com os dedos nas janelas empoeiradas dos vagões dão a entender que a segurança do local pode estar comprometida.

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

Vistoria VLT 2019

Matagal toma conta de Centro de Manutenção do VLT

O prédio, chamado pela assessoria do consórcio responsável pelo modal como "coração do VLT", também não foi concluído.

 

Apenas o "esqueleto" do prédio está de pé. De longe, as vigas de ferro que compõem a estrutura do Centro de Manutenção já foram tomada por ferrugens, algumas mais profundas que outras. Um dos espaços também está repleto de água parada. 

 

O lodo, o matagal e os restos de construção civil ocupam boa parte do "coração do VLT". Os políticos que visitavam o local, inclusive, apelidaram-no de "cemitério".

 

Custo do abandono

 

O modal, que existe em cidades da Europa e México, foi "vendido" no Estado como uma promessa de modernização do transporte público da Grande Cuiabá par a Copa do Mundo. Após consumir mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos, nunca chegou perto de ser concluído.

 

Um dos engenheiros da CAF Brasil Indústria e Comércio, multinacional que faz parte do Consórcio VLT, explicou que uma equipe realiza as manutenções nos vagões diariamente.

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

Vistoria VLT 2019 - extintor vencido

Extintor descarregado ao lado de um dos vagões do VLT, no Centro de Manutenção

De acordo com ele, o fato de os veículos estarem expostos há anos sob sol e chuva não é um problema, já que foram construídos para suportar tais impactos. 

 

Os vagões também precisam ser movimentados manualmente, já que as rodas não podem ficar totalmente paradas. Uma equipe de três profissionais participa dos trabalhos para manter os veículos "intactos", segundo ele.

 

Apesar das manutenções diárias citadas pelo engenheiro, os vagões apresentam problemas e sinais de invasão. 

 

Por dentro são espaços modernos e exalam "cheiro de coisa nova".

 

Esperançoso com a possível retomada da obra, o engenheiro explicou que, quando o VLT estiver rodando pela cidade, os passageiros ainda poderão desfrutar de músicas do ritmo new wave. "Tudo que há de mais moderno", afirmou o profissional.

 

Vídeo mostra alguns dos problemas detectados nos vagões:

 

 

Consórcio VLT

 

A assessoria do Consórcio VLT, composto pelas empresas CR Almeida, Santa Bárbara, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda. e Astep Engenharia Ltda, informou, por meio de nota, que o modal é composto de equipamentos e materiais de "altíssima qualidade e durabilidade". 

 

A equipe também afirmou que o meio de transporte é fabricado para resistir às mais adversas condições climáticas, "do mais intenso frio europeu ao mais intenso calor cuiabano". A vida útil do modal, de acordo com o consórcio, é de, pelo menos, 30 anos. 

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

Vistoria VLT 2019 - Vidro porta trincado

Porta de um dos vagões do VLT: vidro trincado

A manutenção tem sido custeada integralmente pelas empresas desde a paralisação das obras. A nota também ressalta que o ressarcimento não foi efetuado.  

 

Obras paradas 

 

Inicialmente orçada em R$ 1,477 bilhão, as obras do VLT estão paradas desde 2012. O rompimento do contrato entre o Consórcio VLT e o Governo do Estado foi anunciado em dezembro de 2017. Entre os motivos, a realização da Operação Descarrilho, deflagrada pela Polícia Federal, em agosto daquele ano.

 

A operação investigou fraudes em procedimentos licitatórios, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais que teriam ocorrido durante a escolha do modal do VLT e a execução da obra na capital mato-grossense.

 

O valor para a retomada das obras também foi uma das discordâncias para a retomada da obra.

 

Leia a nota na íntegra: 

 

"O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande reafirma seu pleno interesse em retomar e concluir as obras do VLT, modal de transporte público moderno, seguro, de qualidade para uso da população. Temos a convicção de que terminar o VLT é a melhor solução para Mato Grosso e para os usuários do transporte coletivo.

 

O VLT é vetor de desenvolvimento regional, para uma transformação urbana em Cuiabá e Várzea Grande.

 

Todas as cidades que têm VLT avançaram significativamente em urbanismo, aquecimento econômico e qualidade de vida.

 

Sempre estivemos à disposição do contratante, governo do Estado, e demais autoridades públicas para esclarecimentos sobre os benefícios do projeto, sobre nossa atuação e para a construção de um entendimento em prol do interesse público em colocar o VLT em operação.

 

Assim permanecemos."

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GALERIA DE FOTOS
Alair Ribeiro/MidiaNews

Vistoria VLT 2019 - descascado 3

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Vistoria VLT 2019 - descascado 2

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Vistoria VLT 2019 - Lodo seco

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019

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Vistoria VLT 2019 - descascado 1




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COMENTÁRIOS
12 Comentário(s).

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j.costa  29.06.19 10h37
Uma vergonha UM BILHÃO que poderia estar sendo usados para colocar os salários em dia dos funcionários públicos e gerando emprego para a população em geral. ISSO é demonstração que antigos gestores e políticos e alguns atuais que estão no poder nunca deram valor no dinheiro publico , vejamos a grande realidade de nosso estado de Mato Grosso, uma miséria e empresas fechadas por todo lado. Mauro Mendes estou de acordo contigo e sua equipe , planejar e logo em seguida executar ou até mesmo abortar uma obra que pode gerar mais um BILHÃO para nosso Estado(povo pagar).. BRT já - mais viável e tenho certeza mais económica para população. UMA SUGESTÃO CANCELAR ESSE MODAL TENTAR VENDER OS VAGÕES E CONSTRUIR UMA CICLOVIA DOS 22 KM E INCENTIVAR A POPULAÇÃO A USAR, COM ISSO TIRAMOS MUITOS CARROS DA RUA E TEMOS UM CORREDOR PARA MILHARES DE CICLISTA.
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Danilo   29.06.19 09h31
Já passou da hora de ser vendido estes vagões e tentar reaver oelo 1/4 do que foi gasto. Cuiabá não tem porte para suportar este tipi de modal.
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Mário Francisco da silva  29.06.19 09h04
Parabéns aos promotores do Ministério Público, Graça a vocês essa obra não foi terminada, continuem assim, paralisando as obras, em vez de esperar entregar pra depois entrar com as ações cobrando punição aos culpados e devolução dos recursos públicos que foram gastos a mais do que o necessário. As cidades de Cuiabá e Várzea Grande estão felizes por essa obra parada!
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José Bento   28.06.19 19h45
Calma! Gente. Muitos políticos ainda vão gangar eleições aproveitando do discurso de terminar essa obra. O prefeito de Cuiabá, será um desses políticos. O pior é que muita gente acreditam nesse discurso.
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aloísio  28.06.19 18h57
Mesmo diante desse quadro caótico, o pior é saber que esse mau exemplo não é garantia de que o estado e a sociedade aprenderam a respeitar o bem público. Em dimensões maiores ou menores, isso continua ocorrendo. Além de que continuamos mandando para o parlamento muitos dos cafajestes que foram responsáveis, que estiveram à frente desse elefante branco. A origem disso é a falta que a educação faz à formação cidadã/democrática, à formação ética. Agora, é de se estranhar que nas últimas semanas, o VLT tenha voltado à discussão com uma intensidade que não é normal. O que está por traz disso?
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