Cuiabá, Domingo, 14 de Dezembro de 2025
ABANDONO
28.04.2025 | 09h35 Tamanho do texto A- A+

Parte da antiga sede do Iphan desaba durante chuva intensa

Casarão histórico localizado na Rua 7 de Setembro teria reforma iniciada nesta segunda-feira

Victor Ostetti/MidiaNews

Danos causados na Casa do Patrimônio após chuvas na capital

Danos causados na Casa do Patrimônio após chuvas na capital

ANDRELINA BRAZ
DA REDAÇÃO

A forte chuva que caiu na tarde de domingo (27) intensificou os danos na Casa do Patrimônio, na Rua Sete de Setembro, em Cuiabá, e provocou o desabamento de parte da estrutura do prédio, que abrigava a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Mato Grosso.

 

Era uma tragédia anunciada

Segundo o historiador e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, Francisco Chagas, o imóvel estava em desuso desde 2018 e já apresentava sinais avançados de deterioração, principalmente em sua parte interna.

 

“Era uma tragédia anunciada. As paredes internas já apresentavam indícios de vir ao chão”, afirmou Chagas.

 

“Inclusive, vizinhos já haviam comentado comigo que o prédio estava prestes a desabar”, acrescentou.

 

Fotos e vídeos registrados no local mostram os danos causados pela chuva no casarão histórico. 

 

Construído no final do século XIX, o imóvel é parte importante da memória cuiabana. Inicialmente, abrigou uma das primeiras delegacias da Capital, responsável pela emissão de documentos da população.

 

Na década de 1940, o local passou a ser residência do então presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Oscarino Ramos.

 

“Esse prédio antigamente foi uma delegacia de Polícia, onde os cuiabanos tiravam carteira de identidade. É um lugar que evoca muitas lembranças afetivas ao povo cuiabano. Ali também morou o Dr. Oscarino Ramos, uma figura importante na história de Cuiabá. É um prédio muito ligado à vivência do Centro Histórico da Capital”, destacou.

 

Até 2018, o imóvel abrigava a sede do Iphan em Cuiabá, órgão federal responsável pela preservação de bens tombados no país.

 

A desocupação ocorreu após o início de um processo de restauração previsto no projeto Cidades Históricas, criado em 2013 pelo Ministério do Planejamento, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

 

Contudo, a obra de restauro nunca foi concluída.

 

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Incêndio na parte interna da  Casa do Patrimônio

Incêndio na parte interna do Casarão

“As obras parcialmente realizadas foram interrompidas ainda numa etapa em que o telhamento da casa não foi feito, apenas o forro. Ainda assim, essa intervenção conseguiu proteger a casa por um tempo, mas ela já está,acho que há seis anos sem cobertura. Já colocaram lona, foram feitas outras ações paliativas”, explicou a pesquisadora associada da UFMT, Ana Vitória Frigere.

 

Além da deterioração causada pelas condições climáticas, o casarão foi atingido por um incêndio no ano passado, o que agravou os danos estruturais.

 

“Muito provavelmente não foi um fogo vindo de cima, mas não sei exatamente o que causou o incêndio. Agora, com essas chuvas, parte da fachada veio abaixo, muito provavelmente por causa de problemas na instalação da descida da água pluvial do imóvel”, explicou Frigere.

 

Projeto de restauração seria iniciado nesta semana

 

Diante do estado de abandono e da importância histórica do edifício, o projeto de extensão Canteiro Modelo de Conservação de Cuiabá, desenvolvido por alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em parceria com o Iphan-MT, previa o início das obras de recuperação do casarão justamente nesta segunda-feira (28).

 

“Estávamos nesse processo de iniciar a obra. Já fizemos todos os levantamentos. A UFMT está desenvolvendo uma forma de criar um gêmeo digital da casa para orientar as intervenções de conservação e restauro, e também facilitar futuras manutenções do imóvel”, afirmou Ana Vitória.

 

“Hoje também a Superintendência de Mato Grosso vai entrar numa sede temporária,  que o início do trabalho deles é hoje também. Porque até então eles estavam trabalhando home office sem sede”, completou. 

 

Vídeo

 

 

Leia mais 

 

Projeto da UFMT reforma casas no Centro Histórico de Cuiabá

 

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Victor Ostetti/MidiaNews

Casa do Patrimônio

Victor Ostetti/MidiaNews

Casa do Patrimônio

Victor Ostetti/MidiaNews

Incêndio na parte interna da Casa do Patrimônio

Victor Ostetti/MidiaNews

Casa do Patrimônio Cuiabá




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paula   29.04.25 09h53
Enquanto não desabar e matar alguém não vão tomar providências, ficam "endeusando velharias" esses locais necessitam de demolição pra construir algo novo, de atendimento à população, ficam essas velharias ultrapassadas atrapalhando até o trânsito de pedestres, eu mesma tenho pavor de passar perto e desabar em cima de mim, Casarões construídos com adobos de Barros credo, vão só diluindo as terras, tendendo a desabar mesmo, que era do dinossauro é essa???
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JÚLIO   29.04.25 06h36
O CENTRO DE CUIABÁ PRECISA DE IMÓVEIS NOVOS E MODERNOS NINGUÉM QUER SABER MAIS DESSES IMÓVEIS ULTRAPASSADOS O IPHAM É UM ATRASO NO PAÍS
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Arquiteto Luiz Giglio   28.04.25 12h28
Trágico e cômico ! O órgão que fiscaliza, burocratiza demais ações de melhorias na área tombada mas não executa melhorias na própria sede. Parabéns
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Derysi Cuneat  28.04.25 11h57
Infelizmente o tal "Centro Histórico" de Cuiabá não passa de um grande número de imóveis velhos que estão abandonados e desabando. Já passou da hora de de parar de romantizar esse assunto e tomar uma medida concreta, inclusive com a demolição de locais que sejam considerados perigosos.
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Valdeci   28.04.25 10h53
Tem que derrubar tudo esses trem velhos aí ,só serve para gastar dinheiro atoa
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