LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Denúncias de sucateamento envolvendo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) existem desde o ano passado. Mas, a morte de um rapaz, no início desta semana, pela suposta falta de estrutura do órgão – vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES) – reacendeu a discussão e fez com que o vereador por Cuiabá, Maurélio Ribeiro (PSDB), criticasse o “descaso” do Estado com a qualidade do serviço.
“No dia da morte desse rapaz, das sete ambulâncias que estariam ativas para atender a Baixada Cuiabana, cinco estavam sucateadas, uma quebrou no caminho e a outra era reserva”, afirmou o vereador, em entrevista ao
MidiaNews.

"É um descaso, um abandono e vai continuar morrendo gente"
“Essas ambulâncias que estão na ativa deveriam ser responsáveis pelo atendimento de 100 mil pessoas. Isso é o que estabelece o protocolo. Agora, naquela hora, nós tínhamos 1,1 milhão de pessoas, com apenas duas ambulâncias na ativa. Isso quer dizer que alguém está ficando doido”, disse Ribeiro.
Ele se refere ao momento da morte do motociclista Maylson Oliveira, de 21 anos, no início da noite de segunda-feira (6), três horas após bater a motocicleta que pilotava em caminhão, na entrada do bairro Tijucal.
A ambulância do Samu que foi socorrer a vítima fundiu o motor e o atendimento demorou cerca de duas horas (leia mais
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“É um descaso, um abandono e vai continuar morrendo gente. Segundo informação extraoficial, temos 18 ambulâncias no Samu. Nove estariam na ativa e nove de reserva. Mas, você tem como prova, no episódio em que morreu esse rapaz, que a ambulância reserva que chegou para socorrê-lo e que diziam ser do Samu nem tipificada era. Então, não sei se realmente existem essas ambulâncias reservas. Porque o Samu é um órgão do Governo do Estado e não poderia ter carros descaracterizados”, disse.
Ribeiro salientou que, por se tratar de um serviço essencial e em uma capital que será uma das sedes da Copa do Mundo, é necessário que o Governo do Estado faça algo imediatamente para garantir que a população não fique sem socorro.

"Como médico eu estou de cabelo em pé e como cidadão, estou apavorado. É muita negligência, muita irresponsabilidade e muita ausência"
“Como médico, eu estou de cabelo em pé e como cidadão, estou apavorado. É muita negligência, muita irresponsabilidade e muita ausência. Mas é o que a gente pode esperar quando o governador [Silval Barbosa] traz um secretário de saúde [Mauri Rodrigues de Lima] pior avaliado do Estado, campeão de dengue em Mato Grosso, para gerenciar a Saúde”, disse.
O vereador afirmou possuir vídeos e fotos que mostram o atual estado das ambulâncias do Samu em atuação na Capital.
“Estou de posse de um vídeo que mostra um carro do SAMU quebrado na Avenida do CPA e os funcionários tendo que descer para empurrar a ambulância. Tenho fotos, também, de uma ambulância do SAMU, na qual um paciente estava dentro do carro, e quando os funcionários foram abrir a porta, ela caiu”, afirmou.
O vereador ressaltou, ainda, a situação dos médicos que atendem pelo serviço, que já teriam denunciado o sucateamento do Samu e realizado paralisação exigindo por melhorias nas condições de trabalho.
“Hoje, dos 32 médicos do Samu, nenhum está regular. Todos eles estão sem contrato de trabalho, ou seja, desautorizados, perante os olhos do Conselho Regional de Medicina, de exercer a ação que eles estão fazendo. Nenhum tem contrato assinado. O secretário de Saúde acenou com a regularização e depois sumiu com o contrato. É muita irresponsabilidade”, disse.
Histórico

"Estou de posse de um vídeo que mostra um carro do Samu quebrado na Avenida do CPA e os funcionários tendo que descer para empurrar a ambulância"
No ano passado, a Secretaria de Estado de Saúde admitiu a existência de problemas na estrutura do órgão.
Na época, conforme
MidiaNews revelou, o Samu já passava por um processo de sucateamento em sua estrutura, sobretudo, em relação a falta de médicos e de ambulâncias para o atendimento de urgência (leia mais
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Em agosto do ano passado, os funcionários divulgaram, em carta aberta à população, os problemas enfrentados no órgão.
Ao todo, 32 problemas são destacados pelos funcionários, entre eles o mau condicionamento ou ausência de medicamentos necessários nas operações de resgate e a falta de manutenção dos equipamentos utilizados nos atendimentos – o que coloca em risco a saúde dos servidores e usuários (leia mais
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