LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
A exemplo do que já foi denunciado por outros setores da Saúde Pública, os servidores do MT Laboratório também reclamam das péssimas condições de trabalho e da falta de infraestrutura do prédio onde funciona o órgão, próximo à Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha).
De acordo com a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde e do Meio Ambiente (Sisma-MT), Alzita Ormond, são vários os problemas enfrentados pelos servidores, que vão desde paredes emboloradas por infiltrações, fiação exposta e lâmpadas queimadas.
Os funcionários reclamam de falta de insumos básicos para dar continuidade aos serviços oferecidos no laboratório, como o caso do setor de recebimento de amostras, onde não há cabine de fluxo laminar, item essencial para evitar contaminações.
Além disso, a janela da sala de recepção das amostras é totalmente de vidro, não fecha e não tem grades, expondo os servidores, que trabalham até às 19h, a riscos de assaltos.
Sisma-MT
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Infraestrutura do órgão é precária, dizem servidores
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Os servidores passaram a fazer “cotas” para pagar por materiais de extrema necessidade, como uma pia com torneira na cozinha – material que já foi comprado e instalado pelos funcionários. Agora, o problema é outro: a falta de água.
“É desumano e inconcebível que uma unidade de saúde que tem um risco biológico tão grande não disponha de água para que os trabalhadores possam lavar as mãos”, reclamou uma servidora, que preferiu não ser identificada.
Obra inacabadaOs problemas no órgão teriam se agravado em setembro do ano passado, quando teve início uma reforma no banheiro masculino do MT Laboratório. A obra, que deveria ter sido concluída em dois meses, segundo o Governo do Estado, já está inacabada há quase um ano.
Com isso, outros problemas apareceram: salas com equipamentos que custam quase R$ 1 milhão começaram a ter vazamentos, provenientes do banheiro, que fica no andar de cima. Além disso, os servidores têm que conviver todos os dias com o forte cheiro de mofo, que colocam sua saúde em risco.
Desde que a reforma teve início, o banheiro feminino é usado por homens e mulheres, o que tem causado desconforto às servidoras do órgão.
Em visita do Sisma ao órgão, no início dessa semana, foi verificado que há um buraco na parede do banheiro em reforma que dá direito a um dos sanitários utilizados pelos servidores – que os servidores, muitas vezes, precisam dar descarga com o auxílio de um balde para recolher água.
Sem diálogoA presidente do Sisma reclamou de falta de diálogo com a SES, principalmente com o secretário Mauri Rodrigues de Lima.
Sisma-MT
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Sem energia, com infiltrações e janelas sem proteção, salas estão sem condições de uso
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Desde que assumiu a gestão, segundo Ormond, o gestor não aceitou se sentar com o sindicato para deliberar sobre os problemas, o que faz com que a demanda dos servidores seja apresentada apenas durante o Conselho Estadual de Saúde.
“Quando uma pessoa aceita um cargo, ela já sabe o que a espera. Como o secretário quer gerir uma secretaria sem dar a mínima aos problemas dos servidores? Aqueles que são a base da sua pasta, que trabalham diretamente com os usuários, que formam a secretaria?”, questionou Ormond.
A falta de respostas também é apontada pela diretora técnica do MT Laboratório, Tânia Maria Estrela Fernandes Caldera.
Ela afirmou que a gestão da unidade tem feito o possível e impossível para melhorar as condições locais, inclusive com o envio de vários ofícios à Secretaria de Estado de Saúde (SES) solicitando reparos.
A pasta, então, teria alegado que abriria um pregão (processo licitatório) para selecionar a empresa que poderia resolver os problemas estruturais do prédio do MT Laboratório, mas que o processo todo demoraria cerca de 30 dias.
O prazo se encerra no final de agosto e, caso nada seja feito, os servidores afirmaram que não descartam a possibilidade de paralisação. Eles também devem elaborar um documento relatando a situação do local, que será protocolado na secretaria.
Gestão inoperanteA presidente do Sisma defendeu que a falta de dinheiro para a Saúde Pública de Mato Grosso se contrapõe aos milhões gastos pelo Estado com a contratação das Organizações Sociais de Saúde (OSSs).

"Nós sabemos que a falta de recursos nas unidades de Saúde tem relação direta com o dinheiro investido nas OSSs"
“Nós sabemos que a falta de recursos nas unidades de Saúde tem relação direta com o dinheiro investido nas OSSs, que recebem até R$ 3 milhões por mês cada uma”, disse.
De acordo com Ormond, os recursos para reforma e ampliação das unidades de saúde – como é o caso do sucateamento já registrado nas sedes do MT Hemocentro e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) – são oriundos da Fonte 122, do Ministério da Saúde, “que não estão sendo utilizados por inoperância da gestão”.
Clique AQUI e confira as fotos da situação atual do MT Laboratório, registradas pelo Sisma.
Outro lado
Por meio de sua assessoria, a Secretaria de Estado de Saúde afirmou ao
MidiaNews que já está com um processo licitatório em andamento para contratação de empreiteiras para a execução de reformas de infraestrutura necessárias no MT Laboratório, MT Hemocentro do Centro Estadual de Referência de Média e Alta Complexidade (Cermac).
O processo, iniciado na semana passada, tem prazo de 30 dias para ser concluído.
Quanto à falta de insumos, pregões já estariam sendo realizados para suprir a demanda do órgão.
A pasta alegou também que não procede a reclamação de que não há diálogo aberto entre o secretário e os sindicatos e que a pasta sempre esteve aberta aos servidores.